Em apenas oito anos de ativa, a musculatura da Nova Trigo no comércio de plásticos nobres bombou a ponto de transfigurar sua fisionomia. Afinal, ela acaba de trocar o perfil de uma revendedora pelo de uma corporação. “Estamos constituindo o Grupo Nova Trigo e essa nova formação deve, numa estimativa conservadora, proporcionar crescimento de 30-40% no volume de vendas e faturamento já no primeiro ano de operação regular, com apoio numa carteira total com mais de 800 clientes cadastrados”, sustenta o presidente Sandro Trigo.
A cereja foi posta no bolo em 24 de julho último, quando Trigo oficializou a compra do controle total de uma importadora de resinas, a catarinense Plastimagem. No início do ano, ele adquirira a participação societária de 55% nessa empresa fundada há 15 anos. “A intenção era constituir presença na região sul e eliminar gastos com traders na compra de materiais do exterior, além de otimizar a logística para entregas ”, expõe Trigo. “Mas esses planos não deslancharam a contento devido à gestão da Plastimagem, até então compartilhada com o acionista minoritário”. Por essas e outras, o dirigente resolveu assumir, por montante não revelado, o pleno comando da importadora sediada em Indaial, munida de galpão da ordem de 5.000 m² e giro na média de 1.500-2.000 t/mês de resinas, entre elas poliolefinas, policarbonato (PC), acrílicos e copolímero de acrilonitrila butadieno estireno (ABS). “Decidimos entrar no Sul por crer nas suas perspectivas de consumo para materiais de engenharia, um mercado ainda atendido de forma insatisfatória na região”, sublinha Trigo. No embalo, ele põe na mesa uma cartada logística. “Com a Plastimagem, pouparemos tempo e custos para servir a clientela do Sul, suprindo-a a partir de uma base na própria região, em vez de despachar a mercadoria da nossa sede em São Bernardo do Campo (SP)”. Não é à toa que o presidente põe fé numa ascensão fulminante do Sul em seu balanço. “Hoje, ele representa 7% das vendas da Nova Trigo e passará em um ano a deter 30-40% do movimento do grupo”, projeta.
O Grupo NovaTrigo está assentado num tripé cuja ligante, define o diretor comercial Carlos Benedetti, é formado pela rapidez na tomada de decisões e a obsessão por não perder negócio. Na foto atual, o trio de empresas abre com a Nova Trigo Plásticos de Engenharia. “Atua voltada para o beneficiamento de resinas e comercialização de compostos com nossa marca e de materiais virgens e aditivados que distribuímos”. Como referência, Benedetti repassa o reconhecimento da Nova Trigo feito pela Samsung, como potência na revenda de ABS no país. Além de distribuidor de ABS e PC dessa corporação sul-coreana, a Nova Trigo faz o mesmo com ABS da japonesa Toray. Na esfera de poliamidas, a Nova Trigo, enquanto namora para casar com um produtor europeu, tem atuado leve e livre como revenda autônoma. “No momento, comercializamos quatro marcas de PA, entre elas as resinas produzidas aqui pela Basf”, solta conciso Benedetti. Esse poderio da Nova Trigo como representante de petroquímicas globais aumenta com o repasse das bandeiras em mãos da Plastimagem, caso de ABS das sul-coreanas Samsung e Kuhmo, exemplifica o executivo.
A Plastimagem, é óbvio, compõe outro pilar da nova corporação. “Vai operar nas áreas de representação e importação, também na condição de trading, trazendo produtos, inclusive materiais plásticos, para entrega direta à indústria que encomendá-los”, descreve Trigo. A propósito, ele não descarta a possibilidade de, como trading, a Plastimagem internar artefatos transformados como bobinas de polipropileno biorientado (BOPP), um dos filmes mais importados pelo país. “Nosso negócio é fazer negócio”, endossa Benedetti.
A componedora Qualycor completa a configuração do Grupo Nova Trigo. “Seu forte é a formulação de masterbatches e serviços de pigmentação e aditivação de resinas”, assinala o presidente. Comandada por dois diretores, Jairo Rocha e Valdomiro Távora dos Santos, a Qualycor deve duplicar, até novembro próximo, a sua capacidade para a faixa de 800 t/mês. A chegada das novas máquinas, aliás, é uma das razões para a recente expansão da área ocupada alugada pela Nova Trigo e a vizinha Qualycor em São Bernardo. “Pulou de 2.500 para 6.500 m²”, comemora Trigo.
O surgimento do grupo implicou mexidas na infra operacional, com base inclusive numa rede nacional de 32 representantes exclusivos. Assim, o avanço sobre o Sul causou mexidas no organograma. Ele foi encorpado com uma gerência comercial e outra administrativa, ambas específicas para a região e preenchidas, respectivamente, por Celso Eduardo Graeser e Fábio Fajardo.
Quanto ao portfólio,Trigo e Benedetti reiteram que a vocação do grupo segue em materiais de cunho especial, noção extensiva aos grades importados de polipropileno e polietileno. “Em regra, tratam-se de tipos sem produção ou disponibilidade suficiente na oferta doméstica”, frisa Benedetti. Mais para a frente, Sandro Trigo descarta a hipótese de, em razão da envergadura crescente do grupo, buscar respaldo na junção de forças com parceiro internacional. “Já fomos sondados a respeito mas, além da alergia a sócios, o forte do Grupo Nova Trigo é a agilidade e autonomia de ações, duas condições que acabam engessadas quando se reparte o controle do negócio”, conclui o dirigente. •
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