A combinação peçonhenta do câmbio, estagflação mundial, petróleo no pico, resinas na lua e desmantelamento da cadeia global de manufatura e suprimentos flagela os fornecedores de equipamentos para plástico importados pelo Brasil. No plano geral, o inferno arde nos preços voláteis e inflacionados em moeda forte, encarecendo a tecnologia para quem vive sob carestia em reais, e o bicho também pega na falta de componentes para montar as máquinas encomendadas e na micro disponibilidade de navios e contêineres para embarque pontual delas. No entanto, como tudo nessa vida, alguns mercados são mais iguais que os outros. Para Luiz Henrique Hartmann, diretor da representação Comeplax, por exemplo, a situação é punk, mas não irrespirável em linhas para reciclagem top, como os trituradores e sistemas de lavagem da austríaca Lindner que ele comercializa.
“É inegável o impacto da guerra na Europa e novas ondas do corona, como na China, mas o bom momento mundial da economia circular, refletido também no excelente crescimento da reciclagem no Brasil nos garante um fluxo de negócios em linha com o planejamento”, ele pondera. Como prova, ao estilo da visão e do copo pela metade como cheio, ele cita que, devido à procura acesa, os prazos de entrega das máquinas Lindner hoje variam de 30 a 32 semanas contra a média de 14 a 16 dois anos atrás. “Hoje em dia, nossos preços internacionais não são o problema para quem analisa a viabilidade do custo/benefício desses equipamentos sem similar nacional”.
Em oito anos de atuação no Brasil, conta Hartmann, a Lindner colocou 30 trituradores e dois sistemas de lavagem de plásticos pós-consumo. Entre os diferenciais dos trituradores, seu periférico mais procurado, o distribuidor distingue o sistema de segurança que desarma a máquina ao detectar partes metálicas capazes de entrar na câmara de corte. No embalo, Hartmann acena com operação silenciosa, de baixa rotação (150 rpm, por exemplo) por minuto, alto torque e um sistema de facas do rotor que utiliza as quatro pontas. “Seu histórico registra ser capaz de rodar por até 2.500 horas sem troca do jogo de facas”, enfatiza o agente, grifando ainda a possibilidade de manutenção remota pela matriz da Lindner.
Os periféricos de tritura formam em duas séries. Os modelos Antares e Micromat contam, respectivamente, com rotores de larguras de até 1.300 e até 2.500 mm. “Conforme o modelo, a capacidade produtiva se estende de 600 a 2.500 kg/h”, completa Hartmann. O portfólio da empresa aloja ainda trituradores Komet de resíduos multimaterial, inclusa sucata plástica. “Um modelo foi adquirido para produzir 10 t/h de moídos de PET”, ilustra Hartmann.
Os ases na manga dos sistemas de lavagem Washtec da Lindner, enaltece Hartmann, começam pelo triturador primário que opera a seco com torque, rotação e nível de ruído reduzidos. “A lavagem não é mais efetuada no moinho de facas”, ele nota, “ mas em duas etapas por sistemas de lavadoras de alta pressão e fricção”. Por sua vez, a fase de secagem transcorre em operação silenciosa e com eficiência assegurada pelas paredes octogonais nesta etapa do processo. “O material vai rolando e, ao bater nas paredes, se abre mais do que o faria numa estrutura redonda, apurando assim a sua secagem”, fecha Hartmann. •