Em seu terceiro ano seguido de crise, agravado pelo dólar caro e alta do petróleo e resinas, e sob a incerteza dos rumos do próximo governo, a transformação de plástico mantém, no plano geral, suas intenções de investimentos em hibernação. Mas a tecnologia não para e não há mal que nunca se acabe, de modo que o tempo é sempre bom para semear tendências incontornáveis. Adepta dessa corrente, a Pavan Zanetti enxerga nessa conjuntura de baixa uma pista para voar alto mais à frente estreando na construção de sopradoras 100% elétricas, um segmento em que, mais hora menos hora, a transformação brasileira terá de embarcar para não ficar para trás, deixa claro nesta entrevista Newton Zanetti, diretor dessa indústria nº1 nacional em sopradoras.
1 Tempos atrás, você julgava que, embora meritória, a tecnologia de sopro 100% elétrico resultava em preço da máquina elevado em demasia para a realidade do Brasil. Qual a motivação para este lançamento numa conjuntura de retração econômica e alta ociosidade na transformação em geral ?
Sim, ainda mantenho minha opinião, baseada em custos apurados e nos valores de sopradoras desse tipo já entregues no país. Mas é movimento mundial a migração de transformadores para máquinas híbridas e full electric. Além do mais, de outro ângulo, há sempre a tendência do barateamento dos equipamentos conforme a demanda aumente. No momento, o custo dessas linhas ainda é alto. Seguindo a lógica de mercado, obviamente teríamos que, cedo ou tarde, entrar nesse segmento. Em alguns redutos do sopro, o apelo das maquinas elétricas já se verifica com mais intensidade, com consultas de preços e tipo de tecnologia utilizada. A possibilidade de economizar energia é outro chamariz, dado o alto custo brasileiro de eletricidade, hoje e nos próximos anos. Por isso tudo, investimos na hibridização de nossa série Bimatic e no lançamento da sopradora full electric.
2 Quais as vantagens e diferenciais da sua sopradora elétrica?
O equipamento incorpora tecnologia utilizada pela extinta Automa italiana, marca Synthesi, bem testada no mercado mundial e direcionada ao sopro em grande escala, devido à velocidade, produtividade e redução de consumo energético. Vale aqui uma comparação com as nossas sopradoras híbridas. Constituem uma modernização de nossa linha atual, de pouco custo acima das hidráulicas convencionais mas com um ponto a favor: a melhoria na redução de uso da hidráulica em algumas funções de máquina. Pode ser uma redução maior ou menor dos sistemas convencionais hidráulicos. Não existe a possibilidade de as híbridas progredirem para máquinas full electric, que são projetos totalmente criados para esse fim. Sua vantagem sobre as híbridas são uma tecnologia de notoriedade mundial e a diminuição real em torno de 30 a 35% da energia utilizada, devido ao menor consumo e ao sistema de recuperação de eletricidade. Ele aproveita a energia perdida nas frenagens para empregá-la no ciclo da máquina. 3 No plano geral do mercado e tecnologia, as sopradoras elétricas tendem ou não a canibalizar as sopradoras híbridas e linhas hidráulicas?
A curto prazo não acredito, pelas condições notadas na média dos transformadores nacionais. Não falo do ângulo financeiro, mas da condição de valer a pena o investimento, Na grande maioria dos casos, a máquina elétrica tarda muito a se pagar, o que desestimula grande parte dos potenciais clientes a investir nela. Porém, certos setores que dependem de salas limpas de produção ou alguns players mundiais já colocam como prioritário o investimento em máquinas elétricas. Voltando a primeira questão colocada, tal quadro também serve como argumento para a Pavan Zanetti ter entrado nesse segmento. As linhas hidráulicas terão tempo de vida menor e prevejo sua substituição, de início pelas sopradoras hibridas, devido ao preço muito parecido. Mas não creio que desaparecerão a curto prazo.•