Em quatro dias de poder, Blairo Maggi, ministro da Agricultura também conhecido como o rei da soja, tacou o dedo no xis da questão pelo megafone da imprensa. Por trás dos bons resultados em 2015, apontou, o setor que carrega a balança comercial do país padece com duas pragas: aumento no volume de custeio e recuo nos investimentos. Recessão e queda na produção na safra passada, sumarizou Maggi, fizeram o serviço desestimulando o produtor de aportar recursos no campo e levando-o a buscar rentabilidade no custeio.
Essa ducha de água fria nas entrelinhas do habitual oba oba com os números do agronegócio é sentida no ato pela cadeia do plástico. O segmento da rotomoldagem, por exemplo, fonte de peças para agroveículos, ilustra o quanto dói a conjuntura. No primeiro trimestre, revelam os radares automotivos, as montadoras de máquinas agrícolas operaram com 73% de ociosidade e produziram 7.349 unidades de tratores, cultivadoras e colheitadeiras, quantidade 52,5% abaixo da registrada no mesmo período de 2015. Por seu turno, o sopro de polietileno de alta densidade (PEAD) levou na orelha o tapa da queda de 23% nas vendas de agroquímicos em 2015, da ordem de US$ 9,5 bi, versus 2014, comparou o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg). As causas do declínio, lista a entidade, abrem com o fato de o grosso dos agrotóxicos ser importado e o dólar alto reprime compras de produtos do exterior. Não bastasse essa trava, a recessão piorou à enésima potência o acesso do produtor rural ao crédito. Por fim e por tabela, a indústria de agroquímicos, formada por cerca de 50 fabricantes, é atazanada pelo comércio clandestino, cuja participação neste mercado há quem estime em 20%. De 2000 a 2015, órgãos como a Polícia Federal apreenderam 549,4 toneladas de defensivos ilegais, volume suficiente para tratar 5.873.185 hectares.
Mas o plástico nunca perdeu por esperar com o agronegócio, cuja majestade segue intacta, malgrado a perda de alguns anéis na safra passada. A partir de janeiro próximo, início do ano safra, o governo comparece com anunciados R$202,88 bi para custeio e investimentos da agropecuária. A cifra é o trem bala do Plano Safra, enfeitado ainda por juros de 8,75% a 12,75% ao ano. Esta escora financeira, câmbio favorável a exportações, ganhos de produtividade e uma florada de incentivos oficiais, a exemplo da recente isenção de PIS Cofins para importar milho, esquentam previsões de crescimento entre 1,6% e 2% para o PIB agro deste ano. Clima bom para o plantio das soluções do plástico, atestam as matérias a seguir.
Afipol
Maior fronteira de polipropileno (PP) no agronegócio, o setor de ráfia tem sentido em suas vendas o peso da crise e a relutância do produtor rural em investir numa conjuntura instável, apesar da solidez da economia rural. Mas os solavancos pontuais não desanimam os produtores de sacos e big bas em sua obsessão por competitividade, demonstra na entrevista abaixo Eli Kattan, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Fibras Poliolefínicas (Afipol) e dirigente da Zaraplast, bólido nacional em sacaria de ráfia.
PR – Em 2015, o agronegócio foi o único segmento da economia a crescer (1,8%) no PIB. Foi colhida safra de 209,5 milhões de toneladas de grãos. Apesar da queda no preço das commodities, o dólar do custeio esteve inferior ao dólar no momento da venda. Como esse cenário se refletiu na produção e venda interna de sacaria de ráfia em 2015?
Kattan – O agronegócio teve, realmente, um pequeno crescimento em 2015. Mas nem todos os seus produtos utilizam embalagens; muitos deles são comercializados a granel. O segmento de açúcar, por exemplo, é usuário de grande volume de embalagens, principalmente para exportação. Pois ele teve uma pequena queda no ano passado, em função dos preços do açúcar que, aliás, estão em recuperação no exercício atual. Outra referência em ráfia: o segmento de fertilizantes está sofrendo uma mudança, migrando dos tradicionais sacos de 50 quilos para os big bags. De volta aos mercados que tropeçaram no ano passado destaco ainda a queda em torno de 20% sofrida em farinha, rações e sal. No plano geral, o volume de sacaria caiu 5,7% em 2017, enquanto o de big bags teve aumento de 17,2%.
PR – Como o cenário acima impactou na produção e venda interna de big bags em 2015?
Kattan – O volume de fertilizantes em 2015 foi 7,6% menor que em 2014: 30.000 toneladas contra 32.500. Mesmo assim, o volume de big bags para fertilizantes saltou 17,1% neste período. Este aumento deve-se à migração para eles das quantidades antes mobilizadas pelos sacos de 50 quilos. É o mesmo e principal motivo que resultou num crescimento de 102% no volume de big bags entre 2009 e 2014.
PR – Qual o efeito concreto do câmbio inibidor para importações e estimulante para exportações sobre as vendas externas do setor de ráfia em 2015?
Kattan – Como em todo mercado, o aumento do dólar faz com que as importações diminuam e se estimulem as exportações, levando as indústrias nacionais a investir em produtividade. Em 2014, em função do dólar baixo, observamos a entrada de grandes volumes de tecidos importados para big bag, algo que não ocorreu em 2015.
PR – No plano geral, qual a estimativa da capacidade instalada da indústria brasileira de ráfia?
Kattan – A capacidade nominal anda em torno de 180.00O t/a, sendo que os tecidos gerados servem tanto para sacos como para big bags. A propósito, a produção de big bags transcorre num processo muito pouco automatizado e, portanto, bastante dependente de mão de obra, resultando assim numa atividade de grande facilidade de expansão e retração de capacidade.
PR – No site da Afipol, são destacados as marcas europeias de máquinas Starlinger e Windmoeller. Como avalia a disposição do setor de ráfia em continuar a investir em equipamentos importados com dólar alto, restrição de crédito e juros recordes?
Kattan – Embalagens de ráfia são uma commodity de preços de venda bastante apertados em relação aos custo e à complexidade da produção. Consequentemente os produtores são obrigados a modernizar os equipamentos constantemente, na busca de redução de custos. As grandes fábricas possuem hoje as melhores e mais modernas máquinas fabricadas no mundo e se equiparam a qualquer outro fabricante mundial, ou seja, é um parque fabril relativamente novo e bastante atualizado.
PR – No reduto dos grãos, como divide, no plano geral, as atuais participações de mercado do saco de papel kraft, juta e da ráfia?
Kattan – No plano geral, a ráfia lidera com folga os mercados de embalagens para fertilizantes, açúcar, farinha e farelo. A juta predomina em café e o papel na construção civil, principalmente no cimento. O papel vem tentando penetrar em café. O Bureau de Inteligência do Café, sediado na Universidade Federal de Lavras (MG) é um centro de informações setoriais. Ele apresentou em janeiro passado o seu Relatório de Tendência. O documento destacou na mídia a gradativa substituição da sacaria de juta, com capacidade de 60 quilos por big bags de ráfia, com capacidade de uma tonelada.
PR – O papel fez recente ofensiva sobre o ensaque de farinha, combinando a oferta de máquinas com a da embalagem. Qual o efeito desse ataque sobre ráfia?
Kattan – Essa ofensiva do papel não tem tido grande impacto na participação da ráfia na farinha, pois esbarra na rejeição do consumidor final, a padaria. Ela prefere a embalagem de ráfia, devido às suas vantagens. Mesmo os moinhos que haviam migrado para o papel agora fazem o caminho de volta.
PR – Quais as ações concretas com que planeja marcar sua gestão da Afipol até 2017?
Kattan – Os principais planos são: manter a defesa contra produtos importados, através de qualidade e preços competitivos; aumentar o volume de exportação, com a ajuda da Braskem (fonte de polipropileno), através do Pic Plastic e outros programas de incentivos às vendas externas e, por fim, mostrar ao mercado as vantagens da ráfia sobre embalagens concorrentes como papel, juta, algodão, etc.
PR – No site da Agrishow 2016, a maior feira do agronegócio, são praticamente inexistentes as menções à ráfia . Por quais motivos o setor desfruta tão pouco as oportunidades de comunicação e marketing?
Kattan – A Afipol tem concentrado recursos em eventos de penetração e impacto direto nos mercados nos quais atua com mais força e naqueles em que vislumbra oportunidades de desenvolvimento. Daí nosso apoio a eventos como o Congresso Internacional do Trigo, realizado anualmente pela Associação Brasileira da Indústria do Trigo, e o Ciclo de Reuniões Conjuntas realizado pela Comissão de Sementes e Mudas do Paraná.
Amanco
Arisco a abrir números, Maurício Harger, presidente da Mexichem Brasil, dimensiona a importância do agronegócio para o seu balanço de uma forma elíptica. “Devido ao cenário político e econômico atual, o desempenho da área de produtos Amanco para irrigação sobressai perante a predial e a de infraestrutura”.
O foco da área de irrigação, delimita Harger, é o produtor de frutas e hortaliças. Para estreitar o assédio a ele exercido pelos seus tubos e conexões de PVC, a marca Amanco estampa a nova linha de microaspersor MF2, acena Fabiana Castro, gerente de produtos e inovação. Montado com componentes injetados de plásticos de engenharia não revelados, o lançamento opera com pressão a partir de 1,2 kgf/cm² até 3,0 kgf/cm² e efetua a aspersão com excelência nas curvas de distribuição de água. Por irrigar com precisão a raiz da planta, o modelo MF 2 poupa água e fertilizante, além de influir na economia de energia elétrica do sistema de bombeamento.
Fabiana reforça as novidades no portfólio com um produto por ora importado dos EUA, mas com nacionalização já confirmada. Trata-se da solda ultra resistente Amanco. Fornecida em lata e com dois anos de validade, explica a executiva, ela destina-se a tubulações vinílicas, com diâmetros de 25 a 150 mm. “Numa época de recessão, o uso de um produto mais durável e adequado a todos os diâmetros de tubos de irrigação soldáveis reverte direto em menos custo de manutenção para o agricultor”, ela reitera.
JR Agroplásticos
Plástico duela ao sol, desde os tempos dos afonsinhos, com tábuas de madeira pelo reino das caixas para hortifrútis, em regra transportadas das culturas para entrepostos e feiras livres. Do lado dos transformadores, a JR Agroplásticos desponta nessa briga de foice com caixas de polietileno produzidas em sintonia com os mais recentes aprimoramentos incorporados ao conceito desse recipiente introduzido há 17 anos pela Empresa Brasileira de Agropecuária (Embrapa). “O mercado ainda resiste muito aos avanços nas caixas que desenvolvemos junto com a Embrapa e introduzimos em 2015”, avalia João Carlos Rego, presidente da JR. “Para este ano as expectativas não são favoráveis, pois em momento de crise não há quem se disponha a investir, em especial em novas embalagens”.
Mas a balança pende tanto a favor da caixaria de plástico que a JR não recolhe as fichas de sua aposta. “O grande atrativo que oferecemos é a possibilidade de se colocar os quatro modelos de caixas no mesmo palete”, acena o fabricante. Protegidas das intempéries por aditivos anti UV, ele reitera, suas novas caixas tomaram forma através de software Mold Flow e programas de análise estrutural cumprindo, com mínimo peso e máxima proteção ergonômica, as determinações da norma técnica NBR 15008. “A redução no tamanho facilita o manuseio delas”, completa Rego. “A angulação adotada para as aletas e os raios maiores nos cantos facilitam a limpeza e, se o cliente pedir, podemos incorporar agente antimicrobial à resina injetada”.
Varredura da Embrapa em hortifrútis aferiu que danos mecânicos encabeçam as causas das perdas pós-colheita e na comercialização. O conceito de caixa plástica paletizável lançado pela autarquia em 1999 já combatia esse problema com ênfase na resistência mecânica e segurança conferida no alojamento, transporte e manuseio dos produtos. Além de higienizável, sustentam os pesquisadores da Embrapa, a caixa injetada bate a madeira em termos de vida útil, com prazo médio de cinco anos, e suporta na faixa de 260 viagens contra cinco da opção mais rudimentar e menos asseada das tábuas pregadas. “As caixas de madeira continuam a ser usadas devido ao custo”, pondera Rego. “Aparentam ser mais baratas, mas ao longo do processo constata-se sua inferioridade em relação à caixa plástica, caso de sua durabilidade e alto índice de desperdício dos produtos no transbordo e transporte”. Em suma, o barato sai caro.
NaanDanJain
“Apesar do cenário econômico, fechamos 2015 com faturamento em reais estável frente a 2014, mas o resultado em dólares acusou a forte desvalorização da moeda nacional”, expõe Helena Hildebrand Pulz, coordenadora de marketing da subsidiária brasileira da NaanDanJain, jade indiano em irrigação por gotejamento. “Para este ano, esperamos alguma melhora na receita, em especial devido à sinalização positiva no encaminhamento da crise política, resultando no aumento da confiança entre os agentes econômicos”.
O breque pontual nos investimentos no campo não atou as mãos da NaanDanJain Brasil. Entre os lançamentos em cena, Helena destaca a série de difusores multifuncionais Smart Jet; a linha de sistemas de automação Gavish, à base de controladores e mescladores de fertilizantes com software integrado e o kit de irrigação localizada em pastagem. “Foi concebido para operar em três hectares, com montagem rápida e simplificada”, esclarece a executiva, frisando ainda o recente aumento em seu catálogo de alterantivas de vazões, diâmetros e espessuras dos tubos gotejadores. Helena não descarta a possibilidade de sua empresa ampliar a gama de produtos fabricados no Brasil, a exemplo de microaspersores, na categoria dos emissores, e de novos tipos de tubos para gotejamento. “Essa nacionalização depende de estudos de viabilidade econômica para garantir redução nos preços finais ao produtor rural”, ela considera. “A aceleração desse processo depende muito da superação das atuais incertezas no Brasil”.
Netafim
Embora se imponha na tecnologia de irrigação localizada para cultivos de todos os tamanhos, é o pequeno agricultor quem mais sente os avanços introduzidos no Brasil pela subsidiária da israelense Netafim. Aliás, este foco transpareceu das novas soluções no balcão do estande da empresa na edição deste ano da Agrishow, feira nº1 do setor rural e realizada em abril em Ribeirão Preto, no oeste paulista. Fernando Castro, diretor de marketing para o Mercosul, sintetiza a vocação da Netafim na caça à produtividade, e economia de água e outros implementos agrícolas. “Daí o direcionamento de P&D para produtos de baixa vazão, capazes de aumentar a eficiência da irrigação e baixar o consumo de água”, coloca o executivo. “Em paralelo, seguem os desenvolvimentos no âmbito do controle digital das culturas, a exemplo da possibilidade de ligar e desligar o sistema de irrigação pelo celular e receber os dados da lavoura em tempo real”.
Esse halo de futurismo pairou sobre diversos avanços descerrados pela Netafim na Agrishow. Entre eles, toma a frente um sistema automatizado de irrigação por gotejamento com monitoramento em tempo real. O cultivo menor é o alvo preferencial de um conjunto, também automatizado, para aplicação de fertilizantes. É formado por dois produtos a postos na feira: Mini Ag, controlador multifuncional de irrigação (monitora a quantidade de fertilizante aplicado com a água) em pequenas culturas e Fertione, um sistema modular para aplicação de fertilizantes em campo aberto, via tanque munido de sistema de gotejamento. A Netafim ainda aproveitou o ibope na Agrishow para divulgar Flex Net, tubo de água para instalação superficial que suporta máquinas passando por cima dele, o durável resistente (em especial, à tensão) tubo gotejador Streamline Plus e o aspersor de impacto D-Net, cujo pulo do gato é a maior uniformidade proporcionada à aplicação de água em hortaliças, pomares e pastagens, por exemplo.
No embalo e arisco a pormenores, Castro confirma a chegada à praça, ainda este ano, de 13 novas soluções para o campo patenteadas no exterior pela Netafim. “Estamos centrando a administração em Ribeirão Preto e investindo em posicionamento estratégico e no programa de capacitação para a equipe de campo, cujo expansão está em curso”. O esforço vale a pena, indica o andar da carruagem no terreno pedregoso do último balanço. “No ano passado, muitos produtores e agroindústrias protelaram investimentos e reduziram o nível de tecnologia empregado”, reconhece Castro. “Mas mesmo com base neste cenário e na queda aproximada de 15% do mercado de irrigação, crescemos no último período, em vendas regulares e projetos para culturas como soja,milho e pastagem”. Apesar dessas razões para otimismo, Castro acha que o exercício atual deve ser ainda mais duro para o agronegócio, efeito da restrição de crédito e falta de confiança no campo para investir. “Apenas a maior proximidade dos clientes tornará 2016 melhor para nós que 2015”.
Nortène
Formadora de opinião em filmes, telas e silos para o campo, a Nortène teve no agronegócio a sua divisão menos afetada pela recessão em 2015. “O impacto nas divisões de geossintéticos e construção civil foi maior”, reconhece o engenheiro agrônomo Matheus Niita, responsável pelo marketing da transformadora. “O impacto foi atenuado devido ao nosso grande mix de produtos para atender todas as cadeias do setor rural, entre elas a fruticultura, cereais, horticultura, floricultura e pecuária”.
Na raia de flexíveis da Nortène, o hit da temporada é Termo Film. “Consta de uma cobertura de estufa que reduz a temperatura interna”, sintetiza Niita. “O filme é aditivado com agentes que bloqueiam e refletem as ondas de raio infravermelho, responsáveis pelo aquecimento do ambiente do cultivo protegido”. A película apresenta índice de 83% de transmissão de luz e taxa de difusão de 72%. “Permite assim a passagem das principais ondas fotossintéticas, aprimorando a qualidade de luz oferecida”, completa o executivo. Na esfera dos silos de polietileno, Niita ressalta os predicados do modelo de duas camadas de lonas – uma preta para conservar o conteúdo e outra branca, para refletir o calor e manter a qualidade da estocagem de produtos como grãos, plantas forrageiras e algodão. “Sua principal vantagem é a resistência superior à tração”, distingue o técnico. O mostruário de soluções para o agronegócio fecha com as linhas de telas. “Elas recebem aditivação anti UV para respaldar nosso prazo de garantia de cinco anos, embora possam esticar na durabilidade a mais de 20 anos para as telas da série Sombrax”. Conforme acrescenta, as telas são produzidas com monofilamento e tramas de raschel, materiais que impedem o desfiamento da malha, ele assevera.
Pacifil
“2015 foi um bom ano, mas poderia ter sido melhor”, julga Gustavo Bazzano, diretor comercial da gaúcha Pacifil, única transformadora do país focada na produção de silo bolsa. “Não conseguimos identificar o verdadeiro impacto da crise sobre nossas vendas no ano passado porque o volume de grãos superou o da safra anterior, mas percebemos aumento significativo na inadimplência dos agricultores, quadro e, circunstância normal no segmento, algumas quebras de produção”.
O cenário ambivalente não esmoreceu o desbravamento de um nicho. “Trabalhamos forte na consolidação de um silo bolsa capaz de baixar a temperatura interna do grão, minimizando o efeito da radiação solar e preservando a excelência do volume estocado, de modo a assegurar ao cliente mais rentabilidade na comercialização”, conta Bazzano. Outro gol de (em todos os sentidos) cobertura da Pacifil foi marcado em abril na feira nº1 do agronegócio, a Agrishow. “Lançamos ali o silo bolsa de polietileno verde, derivado de eteno proveniente de etanol extraído da cana de açúcar”, relata o diretor. A justificativa para esse embarque na resina da Braskem, deixa claro Bazzano, é o esforço da Pacifil para distinguir sua qualidade da concorrência, aditivando-a com a contribuição ambiental.
Propex do Brasil
O agronegócio é, de longe, o maior mercado para a indústria brasileira de ráfia. Apesar dessa importância, apenas um expositor do setor bateu ponto na Agrishow 2016, a feira nº1 do agronegócio realizada em abril último em Ribeirão Preto, interior paulista. “Não tinha mais ninguém de ráfia além da Propex”, sustenta o diretor geral Milton Truite.
No berço esplêndido desse isolamento na principal vitrine do agronegócio, a Propex não vacilou. “Do nosso carro-chefe para o meio rural, as cortinas avícolas, expusemos o modelo laminado com dupla face, preto e prata, concebido para dark house (sistema com controle de luz)”, distingue Truite. Outro avanço iluminado na Agrishow, ele prossegue, foi o tecido para cobertura de culturas. A exibição fechou com o lançamento da ráfia de solo (ground cover) com propriedades reflexivas. “Além de inibir o crescimento de ervas daninhas e manter a umidade do solo, esse tecido de ráfia permite que raios solares sejam em parte refletidos para os frutos na área inferior da planta, proporcionando-lhes uniformidade na coloração”, explica Truite.
Para a Propex acertar seu tom com o diapasão do campo, o dirigente salienta ações como o aprimoramento do pacote de aditivos para suas coberturas e telas de ráfia. Além dos infalíveis agentes anti UV para elevar a vida útil de produtos expostos às intempéries, Truite destaca a busca de auxiliares que tornem a ráfia mais resistente ao contato com fungicidas, bactericidas e, em especial no caso de cortinas avícolas, a produtos químicos para higienização.
A diversidade de mercados é um dos anticorpos da Propex para resistir à crise, deixa claro Truite. Além do mostruário para o agronegócio, assinala, a produção inclui tecidos para big bags (o carro-chefe do balanço) e a manufatura de big bags, geotêxteis e bases primária e secundária para tapetes e carpetes. Na linha agro, cortinas avícolas formam entre os principais alvos de uma laminadora adquirida há pouco. “Possibilita a produção de tecido de ráfia plastificado sem emenda e com largura de 3,20 m”, detalha Truite.
Entre todos os setores do mix da Propex o agronegócio marcou em 2015 pela estabilidade nos volumes de venda versus 2014, nota o diretor geral. Mas esse desempenho não contrabalança a queda na demanda por outros redutos atendidos pela empresa, ele assinala. “Com a desvalorização do real ampliamos o foco no mercado externo e ele tem se mostrado muito interessante para tecidos destinados às cortinas para avicultura, recobrimento do cultivo e para ráfia de solo”.
Tigre
Nº1 indestronável no Brasil em tubos plásticos, a Tigre traça seus passos com base em projeções que extrapolam o momento, embora não tenha do que se queixar do front da irrigação. Sem abrir números, o gerente de produto Rene Kuhne afirma que esse reduto tem apresentado resultados positivos e, no plano do consumo nacional total de tubos de PVC para irrigação, deve crescer de 10% a 15% este ano. Por essas e outras, aliás, o executivo sublinha a condição do setor entre as apostas do grupo catarinense para os próximos anos. “O negócio de irrigação está contemplado no pacote global de investimentos do grupo, projetado em R$ 600 milhões até 2020”, ele adianta.
A Tigre também responde à solidez do agronegócio com fornadas de lançamentos. Kuhne ilustra a fervura em P&D com a entrada em cena do compacto registro esfera VS Irriga, munido de juntas soldáveis, acionamento leve, volante removível que assegura maior durabilidade e leitura facilitada da indicação de abertura e fechamento. “O registro se ajusta a sistemas móvel e fixo de irrigação”, acrescenta Kuhne. O corpo do registro é injetado com PVC e as vedações são de borracha nitrílica e politetrafluoetileno. O VS Irriga foi um dos ímãs de vistantes para o estande da Tigre na Agrishow 2016, maior mostra nacional do setor e montada em abril em Ribeirão Preto, interior paulista. Também chamaram a atenção na feira os tubos e conexões EP E ES (respectivamente, engate plástico e engate sela), destinados a conduzir água à temperatura ambiente nos sistemas móveis de irrigação, mas também se preta à irrigação localizada. “Podem ser usados em sistema portátil de irrigação ou semifixo por aspersão convencional ou canhão”, insere o executivo. Na esteira, a Tigre expôs ainda os tubos de água Irriga LF Defofo, “Destinam-se a adutoras de sistemas de irrigação e fertirrigação à temperatura ambiente”, sumariza Kuhne. A vitrine da Tigre foi completada pela exposição dos tubos e conexões de vinil Irriga LF, dotados de juntas soldável ou elástica e acenados para linhas fixas (principais e ramificadas) enterradas de todo ou em parte para atuarem em sistemas de irrigação localizada ou do tipo semifixo que opera por aspersão convencional.
Unipac
Em contraste com a derrapada no consumo nacional de agroquímicos em 2015, a Unipac, regente das embalagens sopradas para o produto no país, investiu para valer nos últimos três anos. “Ampliamos e modernizamos a capacidade na sede em Pompéia (SP) e adquirimos uma planta de bombonas e frascos em Limeira (SP)”, expõe sem abrir cifras Gabriel Pires Gonçalves, presidente dessa transformadora controlada pelo Grupo Jacto. Concluído o aporte de recursos, ele nota, a Unipac volta-se agora para ampliar a eficiência operacional, a ênfase em inovação e a consolidção de sua envergadura ampliada no mercado.
Gonçalves tem uma visão animadora da conjuntura. “Entidades de classe projetam queda aproximada de 22% no faturamento em dólar do setor agroquímico brasileiro em 2015 versus 2014, efeito em aporte da variação cambial”, ele atribui. “Já para o setor agropecuário estima-se expansão algo acima de 1,5% no ano passado”. Estribado nesses indicadores, Gonçalves crava na coluna de viés de crescimento este ano para os dois setores.” Não está no nosso cenário uma nova retração para estes negócios”.
À parte os frascos, galões e bombonas de agroquímicos, o portfólio de soluções agropecuárias da Unipac prioriza os redutos de leite e laticínios. Gonçalves interpreta esse posicionamento com um retrospecto. “Há 40 anos fomos pioneiros em desenvolvimentos para a cadeia leiteira, com recipientes plásticos para substituir os metálicos, e daí vieram outros produtos para esse campo”. O presidente da Unipac vota a favor da diversidade de suas frentes no agronegócio. “O desafio para expandir com mais vigor o portfólio de soluções tem sido a ausência de projeções de volumes de vendas condizentes com os investimentos em novas aplicações”. A Unipac, repisa Gonçalves, segue empenhada em alcançar um equilíbrio mais palatável entre as previsões de demanda e os gastos para tirar dos rascunhos projetos para o agronegócio gestados na usina de criação em Pompéia. “Estamos enfronhados na concepção de soluções de armazenagem e logística para a agropecuária”, deixa no ar o presidente.
Embalagens de agroquímicos: calmaria nas sopradoras
Em máquinas para transformação de plástico, a prova dos nove da propensão do produtor rural de cavar resultados no custeio, dada sua falta de confiança para investir, é dada pelo reduto de sopradoras de embalagens de agroquímicos, pomar do polietileno de alta densidade. “No nosso balanço do ano passado, os setores menos afetados pela crise foram água mineral e higiene e limpeza”, delimita Newton Zanetti, diretor comercial da Pavan Zanetti, marca nº1 em sopradoras nacionais. “Em agroquímicos, o parque de sopradoras de frascos, galões e bombonas tem atendido ao mercado e isso indica que a demanda não aumentou, até caiu em determinados momentos, inclusive devido à aplicação sazonal do produto”.
A parada, no entanto,não esmorece o assédio da Pavan ao agronegócio, a cargo de máquinas com ciclo automático, rebarbação e testes de estanqueidade e peso em linha.”Agroquímicos são campo de dois modelos de sopradoras Bimatic: BMT20S/H, de uma estação e BMT 20 D, de duas”, indica o dirigente. “Ambos têm opções para três camadas da mesma resina, admitindo o emprego de resina virgem na capa interna, reciclada e aparas do processo na central e material virgem pigmentado na externa”. Para sopro de duas camadas, ele detalha, uma alternativa é uma de resina virgem e outra de recuperada. “O transformador também pode pigmentar apenas a camada externa, para poupar masterbatch”, acrescenta Zanetti.
Atuante no nicho das bombonas de cinco até 50 litros, a Multipack Plas reconhece, no plano geral uma retração no mercado do agronegócio. Apesar disso, o diretor comercial Fernando Moraes sustenta vir conseguindo manter um carteira interessante de pedidos. “Trata-se da procura por sopradoras de extrusão contínua capazes de substituir com mais eficiência os modelos por acumulação”, julga Moraes. A Multipack Plas acontece em bombonas de agroquímicos com máquinas Autoblow e Ecoblow (elétricas) equipadas com cabeçotes monocamada ou, para trabalho com até seis camadas, modelos coex desenvolvidos junto com a alemã W.Muller.
O fertilizante do otimismo
O voto de confiança das resinas na agricultura
Mudanças climáticas, crise hídrica e novas aplicações fazem ferver o caldeirão de tendências para o plástico no campo, percebe Ana Paiva, executiva para o desenvolvido de mercado no agronegócio da Braskem, única produtora de polipropileno (PP) e polietileno (PE) do Brasil. “Há dois movimentos claros”, ela aponta. “A pecuária tende a perder área de pastagem para a agricultura e o pecuarista, por sua vez, está atrás de novas tecnologias capazes de recuperar a competitividade de sua atividade, a exemplo de soluções para garantir alimentação de qualidade para o rebanho o ano inteiro”. É a deixa para o plástico pisar no palco. “Tecnologias como wrap e stretch para silagem preenchem essas expectativas e caminham para a ganhar muito espaço”, antevê Ana.
Na esfera da agricultura, a executiva distingue o potencial da irrigação localizada e seu ingresso em culturas como a da cana de açúcar. “A água é liberada de forma localizada no solo, maximizando seu aproveitamento pela raiz da planta”, assinala. “Assim, o sistema por gotejo evita perdas e utiliza até metade da água em regra empregada em outros métodos de irrigação”. Este ano, ela põe fé, marcará, em particular, pelo crescimento da demanda por wrap e irrigação por gotejo.
Wrap forma na fileira dos agrofilmes, redutos caros a polietilenos de baixa densidade (PEBD) e linear (PEBDL). Eduardo Damaso, líder do segmento de geossintéticos e filmes agríciloas da Braskem esquiva-se de abrir os volumes de consumo das resinas, alegando sentir o pulso do campo mediante indicadores da produtividade da safra de grãos e do PIB rural. Como Ana Paiva, suas projeções para este ano são azuis e ele chama atenção para o avanço de aplicações como silo bolsa, filmes para estufa e mulching. Para se banhar na chuva nessa horta, o executivo dintingue do portfólio da Braskem o grade de PEBD TX 7001 e as resinas de PEBDL base metaloceno das famílias Proxess e Flexus.
No agronegócio, o epicentro do sopro de recipientes é dominado por polietileno de alta densidade (PEAD). Em contraste com a exuberância generalizada nos balanços da cadeia rural, o envase de agroquímicos já conheceu dias melhores. “No ano passado, caiu o volume de embalagens sopradas para agroquímicos”, repassa Paulo Pupo, líder do segmento de químicos e higiene e limpeza da Braskem. “A demanda por agroquímicos também frustrou em 2014 e praticamente todos os seus produtores entraram em 2015 com estoques muito elevados e que, depois de vendidos, não foram repostos”. Para este ano, Pupo espera que a procura por recipientes soprados retorne aos patamares de dois anos atrás. Na trincheira das formulações, Julio Lottermann, gerente de engenharia de aplicação para rígidos, aponta o esforço da Braskem em busca da excelência no balanço de alta resistência química e rigidez, garantindo melhor top load (resistência lateral) para as embalagens. “Em 12 meses teremos boas novidades para bombonas de 20 litros e frascos de 1 e 5 litros para agroquímicos”, ele assegura.
Os indicadores de crista baixa no consumo de agroquímicos também deram as caras pelos lados dos rotomoldados para o campo, quintal de polietileno de média densidade linear. Ao longo de 2015, os transformadores desse reduto penaram com a dificuldade de acesso ao crédito, observa Fabiano Zanatta, líder do segmento de rotomoldagem da Braskem. Para piorar a encalacrada, a produção de agroveículos, mercado nobre para rotomoldados , caiu feio: de 76.737 unidades em 2014 para 50.813 em 2015. “Nesse cenário”, retoma o fio Zanatta sem abrir volumes, “diminuiu no agronegócio em 2015 a demanda de resinas para rotomoldagem versus 2014. Há uma perspectiva positiva para o próximo semestre, com melhora no ambiente de negócios com maior confiança para se investir e, em decorrência, ativando uma evolução gradual na procura por rotomoldados para o agronegócio”.
Ráfia é a trincheira de polipropileno (PP) no agronegócio e a visão da Braskem, única produtora do polímero no país, é rósea apesar do freio hoje puxado no caixa rural. “Nos últimos dois anos, o segmento de ráfia cresceu com constância e para o exercício atual o desempenho deve seguir assim com apoio em projetos específicos para o acondicionamento de sementes tratadas, o fluxo de exportações de grãos, ocupação do terreno deixado pela concorrência importada e, por fim, a procura na América do Sul por tecidos para cobertura de solo”, argumenta Marco Antônio Boix do Nascimento, líder do segmento de ráfia do grupo petroquímico. A propósito, a menção às soluções de ráfia para sementes tratadas embute mudança na regulamentação conseguida, à custa de tratamentos nas sementes e modelos desenvolvidos de sacaria, pela cadeia do tecido de PP aliada à base no Paraná da Empresa Brasileira de Agropecuária. “Pela regra anterior, o armazenamento de sementes tratadas estava restrito a sacos de papel (multifoliados) e a norma substituta admite o uso de outros tipos de embalagens, desde que sejam novas em folha, sem risco à saúde humana e animal e de comprovada durabilidade, resistência e eficiência”. Entre as estrelas do seu portfólio de PP para desfrutar toda essa chuva criadeira prevista na horta de ráfia, Boix destaca o homopolímero H 614 para manufatura de big bags com aditivação anti UV destinados a fertilizantes.
A Braskem também é a maior produtora de PVC do país. Procurada por Plásticos em Revista para avaliar o cenário para produtos como tubos de irrigação, principal vitrine do vinil no agronegócio, a petroquímica declarou não dispor de dados do mercado e de desenvolvimentos a respeito. •
ExxonMobil semeia produtividade no agronegócio
Agrofilmes para aplicações como mulching e silagem formam entre as motivações para a norte-americana ExxonMobil lançar a série Exceed XP de grades de polietileno de baixa densidade linear base metaloceno (PEBDLm). “São resinas indicadas à soluções de performance extraordinária, em particular quanto à resistência à flexão, à punctura e ao rasgo”, esclarece David Dunaway, gerente de mercado para polietilenos na América Latina. “Além dessas vantagens, Exceed acena ao transformador com possibilidades de reduzir os índices de aparas geradas em linha, eliminando custos desnecessários à cadeia de valor”.