Bastaram três anos para uma reviravolta. A indústria plástica mexicana fechou o pandêmico 2020 com encolhimento de 20%. Os indicadores de 2023, embora ainda indisponíveis, traduzem um estado de ressurgência fabril em êxtase. Conforme analisam representações do setor para o jornal Plastics News, forças motrizes como as indústrias automotiva, eletroeletrônica e de embalagens, entrelaçadas à tendência denominada nearshoring (realocação de cadeias produtivas para perto de grandes mercados consumidores), hoje colocam o México como páreo para a Índia em poder de sedução de indústrias agora esquivas a fincar estacas na China em mutação política e econômica. Nesse contexto, o México desponta como maior mercado para exportações norte-americanas de plásticos. O potencial comprador dos EUA, com respaldo do bloco comercial Nafta e mão de obra acessível, motiva empresas de produtos finais a anunciarem plantas no México, a despeito de sua escassez de energia, terrenos caros, insegurança pública e volatilidade política.
O reduto internacional de injetoras de peças técnicas é, entre os bens de capital para moldagem de plástico, um dos mais em substituir importações pela montagem local de linhas. A propósito, fontes do ramo estimam que, hoje em dia, linhas elétricas respondem por 80% das vendas de injetoras de até 500 toneladas no México.
Ancorada no lastro de vendas superiores a 1.000 máquinas no mercado local, a sul-coreana LS Mtron assegurou ao portal Plastics News a abertura de planta na região central de Querétarol. Por sua vez, a chinesa Haitian, após vender desde 2022 cerca de 400 injetoras de até 530 toneladas construídas no país, trombeteia agora investimento de US$ 50 milhões para ajustar a fábrica no estado de Jalisco à manufatura de linhas de até 1.200 toneladas. Por fim, a austríaca Engel acaba de comunicar plano de partir em 2025, na região central do México, uma fábrica focada no fornecimento de injetoras sem colunas de até 3.000 toneladas. As motivações citadas para o aporte de recursos por uma empresa possuidora de duas plantas filiais na China e uma na Coreia do Sul, envolvem a presença no México da cliente múlti alemã Robert Bosch e o anúncio da implantação local de duas fábricas de montadoras,Tesla e Tata Motors.
Há muito tempo Engel e Haitian operam no Brasil escritórios para importações de seus equipamentos. Ambas as empresas conhecem a fundo as peculiaridades do mercado, cultura e economia brasileiras, aliás similares às do México em vários pontos. No consenso extraoficial do compartimento de injetoras no Brasil, a Haitian é considerada há anos seguidos a nº1 em vendas e a Engel tem imagem ligada em linha reta à indústria automobilística. Mesmo assim, nunca divulgaram cogitar a implantação de plantas por aqui.