Sem contraindicações

Por que a Unither comprou a Mariol sem ligar para a crise
Flaconetes e stick packs da Unither: sem similares no mercado monodose brasileiro.

A casa cai na economia e a política é uma baixaria só. Mas como esnobar aquele mercado, ainda mais quando o câmbio deixa suas empresas a preço de banana para quem pensa e age em moeda forte? Diante dos pesos na balança, a francesa Unither Pharmaceuticals bateu o martelo em janeiro na compra, por montante não declarado, da brasileira Mariol Industrial, ás na produção de medicamentos e suas embalagens na sede em Barretos, interior paulista. “Ao longo de 2016 investiremos mais de R$10 milhões na planta, sendo 80% em máquinas”, anuncia Fréderic Larre, diretor executivo e responsável pelo desenvolvimento de novos negócios da Unither na América do Sul.O aporte em equipamentos é o lastro para a introdução de uma tecnologia assegurada como inédita no país de recipientes monodose. “A partir de 2017, entram em operação as linhas para flaconetes (frascos blow/fill/seal – BFS) e sachês laminados do tipo stick pack”, adianta o dirigente.

“Ao chegar aqui em 2011, minha missão era abrir escritório comercial, apresentar os produtos aos laboratórios e fechar contratos de suprimento pela fabricação na França”, conta Larre. Mas ele não tardou a mudar de ideia para desfrutar melhor o potencial local. “As alternativas passaram a ser firmar joint venture com parceiro local, montar fábrica da estaca zero ou adquirir uma empresa”. Nos últimos anos, nota, a economia brasileira e os preços de seus ativos recuaram. “Em 2015, a desvalorização de 48% do real frente ao dólar foi decisiva para o investimento, baixando os preços das empresas e, após avaliarmos opções, compramos da RioQuímica a Mariol, herdando sua carteira de 16 clientes no segmento de terceirização”.

Com 15 anos de ativa, a Mariol é praticante de uma frente de negócio pouco explorada em seu setor no Brasil: a produção sob encomenda (terceirizada) de soluções e embalagens para indústrias farmacêuticas, modalidade onde a Unither está em casa na Europa. “Com a expansão dessa atividade, queremos crescer de 15% a 20% no Brasil este ano”, delimita Larre. “Além do mais, devido ao escasso fôlego financeiro e encarecimento do crédito, muitos laboratórios encaram dificuldades para ampliar a produção, abrindo a nós uma janela de oportunidades”. De imediato, ele assinala, permanece a razão social Mariol Industrial. Em Barretos, hoje há cinco linhas de líquidos e seis de fármacos sólidos. De 2017 em diante, esperamos vender 30 milhões de sachês monodose ao ano, servidos por uma capacidade anual da ordem de 100 milhões de unidades”, estima Larre. “Por ora, não temos previsão para o movimento de flaconetes, pois não há similares locais e estamos em fase de prospecção”.

Com formato retangular, os stick packs resultam da selagem em três pontos de laminado à base de alumínio na camada interna e polietileno nas duas externas. “A composição provê o mesmo grau de barreira das embalagens de vidro, adequando os sachês monodose ao envase de líquidos para ingestão oral, como xaropes, antiácidos e analgésicos”, ilustra Larre. “As doses podem substituir até comprimidos, simplificando sua administração por crianças e idosos”. O diretor revela disposição de tecer parcerias com convertedores cumpridores das exigências quanto à selagem do laminado e à exatidão na medida do sachê.

Produzidos em PE grau farmacêutico soprado por extrusão contínua em máquina da suíça Rommelag, os flaconetes da Unither são envasados por filtração esterilizante e acenados para produtos como colírios e soluções nasais. “A produção desses frascos em Barretos caberá a máquinas trazidas da Alemanha”, completa sucinto Larre. •

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