Tal como jogador em fase tão boa que faz gol até sem querer, o setor de equipamentos auxiliares para transformação de plástico vibra num momento em que tudo conspira a seu favor. Pétalas e bons fluidos sobre eles são despejados por variáveis em cena desde início dos aprontos do corona, como a produção incandescente de embalagens para bens essenciais de consumo, ou então, na linha dos males que vêm para bem, pelo encarecimento da conta de luz, levando transformadores à caça de economia energética, ou até mesmo pela carência de determinadas resinas, intensificando o aproveitamento de aparas na moldagem de produtos acabados. Por essas e outras, equivale a achar agulha em palheiro encontrar em periféricos quem não preveja fechar 2021 exultante com crescimento de dois dígitos no balanço.
“Nossa meta para este ano era crescer 20% sobre 2020 e em agosto ela já estava superada”, comemora Marcelo Zimmaro, diretor comercial da Mecalor, nº1 em chillers no Brasil. No embalo, ele adianta que, para manter esse torque no motor na próxima década, a Mecalor vai triplicar sua capacidade fabril até dezembro.
No plano geral, ele esclarece, a transformação de plásticos recorre a chillers de pequena (3.000 a 100.000 kcal/há) e média (130.000 a 800.00 kcal/h) capacidades frigoríficas. “A maior demanda recai sobre o nosso carro-chefe, a linha de chillers munidos de compressores herméticos scroll, com condensação de ar, e que dispensa a necessidade de torres de resfriamento”.
A Agência Internacional de Energia listou a tarifa brasileira como a segunda mais cara do planeta em 2020 e, pelo andar da carruagem da pior seca no país em 91 anos, o Instituto Ilumina aposta que a liderança está no papo até o final de dezembro. Zimmaro retoma o fio atestando ser muito significativo o peso da refrigeração nos custos de energia da produção de transformados. Ele toma como referência uma injetora hidráulica de 130 toneladas e potência instalada de 25 kW, sem contar câmaras quentes eventualmente incorporadas ao molde. “Um chiller para esta aplicação teria capacidade frigorífica da ordem de 5.000 kcal/h e potência instalada de 3,8 kW, representando 15% da potência elétrica da injetora. Desse modo, caso se consiga baixar em 15-20% o consumo do chiller, a economia energética no processo será expressiva”. A Mecalor corresponde a essa expectativa com chillers Turbocor munidos de compressores centrífugos de mancal magnético e livres de óleo, coloca o diretor. “Sua redução no gasto de eletricidade pode chega a 50% perante chillers convencionais.”
A série Turbocor resulta de aliança tecnológica com a Smardt, fabricante canadense de chillers antes montados no Brasil pela Transcalor, empresa comprada pela Mecalor. “Também assinamos este ano com a fabricante suíça de termorreguladores HB-Therm um acordo para vendermos e prestar suporte técnico no mercado latino-americano para esses equipamentos que controlam a temperatura de água até 200ºC para moldes de injeção”, completa Zimmaro.
Nada a reclamar
As oportunidades vislumbradas na conta de luz cada vez mais salgada também não passam em branco para Alexandre Brasolin Nalini, diretor de vendas da filial no país da Moretto, pedra de toque italiana em periféricos. “Em operação com os silos OTX, nossos desumificadores XD de geração de ar seco proporcionam economia energética de até 45% diante de equipamentos similares convencionais”, ele acena.
Na garupa do vento a favor para periféricos, Nalini afirma que este ano vem sendo marcado por só dar motivos para festejar, sem reveses no balanço de suas vendas. Entre seus equipamentos mais procurados no primeiro semestre, o diretor aponta os desumidificadores, “para tratamento térmico de resinas, cujas características técnicas estão cada vez mais exigentes”, e dosadores gravimétricos, “pois contribuem para economizar a aplicação de masters e sobressaem no fornecimento digitalizado de dados para o processo”, ele justifica.
De volta a 2013
Na varanda da brasileira Plast-Equip, a demanda em flor este ano é sentida em todos os flancos da vitrine de alimentadores, desumificadores e dosadores, abrange o dirigente Daniel Ebel. “O primeiro motivo é a vantagem dada pelo dólar na alturas em relação à nossa concorrência importada e a outra razão é a saída do consumo da repressão imposta pelas restrições sanitárias e a expansão desfrutada por clientes transformadores de embalagens e de itens para o setor fármaco”.
Ebel não acusa empurrão da energia mais cara na procura por seus periféricos, embora saliente que a economia desse insumo seja efeito lógico da automação das etapas de transporte e dosagem de materiais e da modernização da tecnologia de desumidificação. Mesmo assim, 2021 está no lucro para a Plast-Equip. “As vendas devem crescer 50% sobre 2020, retornando ao patamar de 2013, nosso melhor ano do passado recente”.
Revalorização da apara
Ronaldo Cerri, presidente da Rone, ponta de lança do Brasil em moinhos, também está nas nuvens. “A carteira de pedidos acumulados de janeiro a agosto é bem maior que a do mesmo período em 2020, prenunciando para este ano volume de vendas e faturamento cerca de 15% acima do balanço anterior”. O fator-chave para este saldo, ele atribui, é a insuficiência de resinas no mercado, caso de poliolefinas e PVC, e seu consequente encarecimento. “Muitos transformadores deixaram de vender barato suas aparas ao perceberem que o reúso interno delas é ultra lucrativo, a ponto de, na maioria dos casos, o moinho necessário para este reaproveitamento se pagar ao redor de seis meses, se confrontarmos o preço de compra da resina virgem com o da venda da sucata gerada em linha”.
Cruzados esses dados, Cerri assinala que seus modelos de moinho hoje mais procurados são os dirigidos a trabalhos automatizados. “Contam com sistemas de alimentação e descarta integrados”, ele detalha. “Quanto mais nobre é o termoplástico utilizado pelo transformador, maior é a necessidade de um moinho para recuperar os rejeitos da produção e facilitar e apressar a troca de cores ou resina sem risco de contaminação”. No tocante ao ponto de venda da eficiência energética dos moinhos, quesito posto em evidência pelo risco de racionamento já sinalizado para 2022, o dirigente percebe que a demanda se reparte entre modelos pequenos e grandes. “Os tipos de pequeno porte e com motores de potência e consumo de eletricidade baixos se prestam a automatizar a moagem trabalhando junto a injetoras e sopradoras”, expõe o fabricante. “Por seu turno, apenas um moinho de alta produção substitui três ou quatro menores gerando o mesmo volume de material com queda de até 50% no gasto de eletricidade.”
Rainha da sucata
Disponibilidade restrita de resina virgem e reciclagem posta na berlinda pela economia circular colocam fermento no bolo das vendas da Wortex, titular nacional em sistemas fechados de recuperação de sucata plástica. “Projetamos crescimento em torno de 30% nas vendas deste ano “, dimensiona o presidente Paolo De Filippis.
O retrospecto do primeiro semestre leva o dirigente a reservar a liderança nas vendas para a versátil linha Challenger Recycler Geração II, talhada para bombar no processamento de resíduos flexíveis e rígidos lisos ou impressos, gerando compostos de diferentes polímeros. “A máquina dispensa qualquer ajuste ou mudança para processar refugos como os de poliestireno rígido ou expandido, ráfia, plásticos de engenharia, laminados em geral e filmes a exemplo de stretch, polipropileno biorientado ou semi-aglutinados”, ele indica. •