O Brasil é um caso à parte no agronegócio e não apenas devido às suas vantagens naturais. Não se sabe de outro lugar no planeta onde o setor está na fachada de dois ministérios – da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário – de políticas conflitantes, ainda por cima. O país é formador de preços em uma série de commodities, de soja, café e milho a carne, açúcar e laranja. Já o governo, embora de um lado garanta crédito rural subsidiado, do outro fecha os olhos quando propriedades e laboratórios responsáveis pelo nosso status de agrotitã são depredados na ilegalidade pelo MST. Apesar desses paradoxos e da miséria da infraestrutura para estocagem e transporte, o agronegócio permanece uma pilastra chave do PIB e do comércio exterior e referência nacional em gestão, pesquisa e produtividade. Para essa linha de passe convergem a biotecnologia, nanotecnologia, TI, automação e, na boleia, a ciência dos plásticos. Não é o caso de se calcular essa contribuição do material por volumes de consumo. Na esfera de PVC, por exemplo, a Braskem, produtora nº 1 do vinil e a Associação Brasileira dos Fabricantes de Materiais para Saneamento (Asfamas) admitem não ter ideia do mercado de tubos de irrigação. A régua para medir a contribuição do plástico ao agronegócio é o andar da fila de desenvolvimentos na área e, aos olhos verdes do campo, a cadeira cativa conquistada pelo material entre as tecnologias para se tirar máximo proveito do cio da terra.
“A crise não vai fazer com que o agricultor retroceda e abandone as tecnologias que lhe são tão favoráveis”, enfatiza Edilio Sganzerla, diretor da Poliagro, especialista na produção de agrofilmes, lonas e mantas. Na agricultura intensiva, pondera, a produção de segmentos tipo flores e hortaliças pode até cair sob queda do poder aquisitivo, mas o produtor não deixará de utilizar o plástico. O uso de silo-bolsa, distingue Sganzerla, permanecerá em crescimento, pois é a forma mais econômica de estocagem de emergência, além de solução de extrema importância para a soja. Esse produto, ele calcula, dobra seu consumo nacional a cada ano e tende a continuar nessa toada por muito tempo, “devido às peculiaridades do escoamento das safras” . No plano geral, orça o dirigente, a expansão dos agroplásticos no último quinquênio foi de 10% a 12% ao ano, em média.
Na última década, aponta o transformador, a considerável diminuição da camada de ozônio na atmosfera elevou a incidência de radiação UV, abreviando a vida útil dos filmes nas estufas. “Para evitar a degradação precoce, buscamos no mercado aditivos neutralizadores da ação desses raios”, encaixa Sganzerla. Outro fator determinante da duração dos agroplásticos são a quantidade e variedade de defensivos agrícolas aplicados. “Em especial os sulforosos, eles degradam o material”, ele alerta. Em muitos países, prossegue o transformador, a aditivação é feita de acordo com a quantidade de agroquímicos à base de enxofre aplicada na cultura, prática ainda inexistente no Brasil. “A maioria dos agricultores daqui não sabe avaliar a quantidade de resíduos de enxofre que entra em contato com os filmes”, ele sustenta.
Os filmes da Poliagro destinam-se, basicamente, a garantir qualidade e produtividade a flores e hortaliças. Para Sganzerla, está para nascer a crise capaz de provocar recuo no emprego dessa tecnologia no campo. Além de o consumidor final estar mais exigente, ele contrapõe, o abandono dos filmes resultaria em custos adicionais no lombo do agricultor. “Produtos cultivados a céu aberto, como no passado, podem sair muito mais caro ao considerarmos os riscos de perdas devido a agentes climáticos” esclarece.
Agrofilmes se tornaram ativo fixo no cultivo em ambientes protegidos, de melões e tomates a berinjelas e folhosas em geral, abrange Sganzerla. Entre outras frentes para o material se aprofundar, o transformador descortina espaços na agricultura extensiva. Além do silo bolsa, ele destaca o avanço da irrigação por gotejamento, em especial nas culturas de cana-de-açúcar, café e algodão. “O Brasil tem a maior fonte de água potável do planeta, mas esse recurso é mal distribuído. A utilização da água para a produção agrícola terá de ser mais bem pensada”. No embalo dessa perspectiva, ele complementa, entra a necessidade da manta para impermeabilização de reservatórios. “Em regra, o agricultor brasileiro ainda não aprendeu a manter uma reserva de água para períodos de escassez”, constata o porta-voz da Poliagro.
Para a Nortene, há boas oportunidades mesmo em um momento de desaceleração econômica. “Enquanto há retração para grandes culturas, vemos aumento de produção de hortaliças em cultivo protegido pelos sistemas convencional e hidropônico”, constata o engenheiro agrônomo Matheus Nitta. Essa tendência, ele encaixa, eleva a demanda por filmes de cobertura do tipo difusor. No modelo Tricapa da Nortene, os raios de sol sofrem um redirecionamento e são espalhados para todas as direções. “Não importa assim a posição do sol; luz e calor serão mais bem distribuídos dentro da estufa”, ele ilustra. Como resultado, coloca, há diminuição de stress na cultura, melhora da fotossíntese e no vigor das plantas, menor queima dos frutos e uniformidade no desenvolvimento. Enquanto isso, a crise hídrica, apesar de seus efeitos negativos sobre a lavoura, tem levado produtores adeptos do cultivo protegido a coletarem chuva e armazená-la em reservatórios com geomembranas, outro item forte do mostruário da transformadora. Para Nitta, o momento é, da mesma forma, oportuno para lançamentos. “Em curto prazo, iremos introduzir um filme com aditivos talhados para trabalho em clima tropical, melhorando a qualidade da luz e a uniformidade da produção, além de diminuir a propagação de doenças e stress nas plantas”, ele adianta.
Pelo acompanhamento do expert da Nortene, avanços e melhorias nos filmes agrícolas estão umbilicalmente ligados à evolução de aditivos que garantam durabilidade e resistência às intempéries. As telas Sombrax, ele exemplica, foram desenvolvidas em malhas com fios de alta resistência e confeccionadas por monofilamento no sistema “raschel”, impedindo que desfiem. “A principal função da tela tecida é reduzir a intensidade solar e a temperatura, sem prejudicar transmissão da radiação necessária à fotossíntese”, sumariza Nitta. Por seu turno, ele emenda, a lona Dupla Silo, produzida com resina virgem e pigmentos pretos e brancos, é indicada para armazenagem de longa duração. “O lado preto conserva o conteúdo, enquanto o branco reflete o calor e mantém a qualidade do produto estocado”, ele acrescenta. Outro destaque do portfólio: reservatórios de geomembrana de alta vida útil e garantia de estanqueidade, mérito da solda por termofusão. Os tanques podem ser pré-fabricados, insere Nitta, e montados pelo cliente ou instaladores da Nortene. No plano geral, julga o engenheiro agrônomo, as vendas da empresa têm crescido no agronegócio e as expectativas são róseas. “A seca deve persistir nos próximos anos e nossos produtos convergem para o bom uso da água, contribuindo para a produtividade das culturas”.
No Brasil, a busca por alimentação saudável, combinada às pressões por menos uso de agroquímicos, impulsiona a produção de hortaliças e, na rabeira, de telas da Roma. “Evitam o uso excessivo de inseticidas e fungicidas, pois impedem a passagem de pragas e regulam o microclima do cultivo. Esse fator desfavorece o desenvolvimento de doenças nas lavouras”, ilustram o diretor Marcelo D’Amaro e o representante Cícero Leite, ambos da área comercial. O consumo de telas, eles constatam, manda bem em especial na cultura de folhosas, como alface e rúcula,e de frutos, como tomate e pimentão.
Outros itens do mostruário também avançam de forma satisfatória. As lonas para silagem, eles exemplificam, devido à praticidade e eficiência, têm conquistado produtores brasileiros de grãos nos últimos dois anos. Por sua vez, as geomembranas se firmaram no campo, julgam Leite e D’Amaro, como solução para impermeabilizar reservatórios, lagos e canais de distribuição de líquidos. “São fáceis de usar e de instalar e duram muitos anos”, sublinha a dupla. No arremate, eles comenta, que o custo-benefício dos geossintéticos está catapultando sua aplicação em estradas rurais, nos pontos de quebra de caminhões. “Evitam a erosão e assoreamento”, justificam.
As vendas na ascendente contagiam o plantio de inovações na Roma. “Estamos lançando uma tela que modifica o espectro da radiação solar, otimizando a passagem de luz para a fotossíntese enquanto diminui a temperatura”, os porta-vozes garantem. Segundo eles, o produto é, pelo menos, três vezes mais resistente mecanicamente que similares disponíveis no mercado, permitindo tanto o uso externo, como em telhados, bem como interno, para sombreamento móvel. Nos últimos anos, notam os executivos, a expansão da demanda do agronegócio por produtos da Roma acompanhou os patamares de inflação. “Devido à crise não projetamos crescimento no exercício atual”, argumentam.
Na Solpack, as vendas de sacos raschel e telas agrícolas sobem de forma consistente a cada ano, afirma a gerente geral Alda Maria Car. “O agricultor necessita proteger a cultura desde o plantio ao ponto de comercialização”, pontua. Da mesma forma, o movimento de soluções de sombreamento da empresa crescem com linearidade. “As telas termorrefletoras garantem temperatura ideal para as plantas”, ela comenta.
Já as embalagens especialmente desenvolvidas para o agronegócio previnem a contaminação e facilitam o transporte, aponta a gerente. “Os sacos raschel reduzem bastante os danos em produtos neles acondicionados. Essas embalagens, fornecidas em cores a cargo de pigmentos atóxicos, permitem ainda a visualização e diferenciação de seu conteúdo, Alda enfatiza. Os sacos são utilizados, principalmente, por produtores de laranja, mas também garantiram espaço entre outras culturas de cunho mais sazonal,como vagem, pinhão, amendoim, inhame, batata, cebola, alho, repolho, milho e abóbora, ela ilustra.
Enquanto isso, afirma, a comercialização de telas agrícolas progride à margem da economia no estaleiro. Utilizadas para sombreamento, são aplicadas em galinheiros e na cultura de folhosas e legumes, por exemplo. “No Sul e Sudeste, elas ainda protegem contra geadas e picos de temperatura”, Alda afirma. Além do mais, quando instaladas corretamente, as telas se adaptam aos mais diversos projetos. O tipo preto possui excelente custo-benefício e durabilidade, ela assegura, além de abrigar as plantas e impedir ataque de insetos e aves.
Referência na produção de silo-bolsa, a Pacifil desde 2011 tem visto sua comercialização crescer aqui e no exterior, comemora o diretor Alvaro Tashiro. “Contamos com duas máquinas de grande porte que nos posicionam entre os maiores fabricantes de silo-bolsas no país”, ele assinala, acrescentando que expansões no parque estão a caminho. O diretor ressalta que todos os tipos de cultura podem ser armazenados nesse tipo de embalagem e os agricultores já possuem conhecimento avançado sobre o sistema. “Não há receio entre eles, independentemente do grão acondicionado”, percebe. No Brasil, produtores de milho foram os primeiros a adotar o silo-bolsa, seguidos pelos de soja e arroz.
Para Tashiro, silo-bolsas complementam os sistemas tradicionais de armazenamento estrutural e tornam-se pulmões quando há excesso de produção. “Eles podem ser esvaziados para manutenção, sem que o produtor precise vender os grãos a preços baixos e contempla o produtor com inigualável ganho logístico de baixo custo, proporcionando vantagens como classificação de grãos e estocagem no próprio local do cultivo e mais independência para decidir as condições do frete ”, ele pondera. Desde seu nascimento, a Pacifil foca 100% em silo-bolsas e não cogita incluir no portfólio outros artigos. No plano mais recente, a transformadora passou a utilizar o PE verde da Braskem em suas linhas.
Na Topack do Brasil, referência na fabricação de big bags, a bola da vez é o chamado SiloFlex. Trata-se de um silo flexível e desmontável de polipropileno (PP). Essa solução possibilita estocagem de diferentes produtos apenas com a troca da bolsa. “Acreditamos no mercado de sementes de soja, que ficam estocadas por vários meses para processo de tratamento”, confia o diretor André Reiszfeld. Atualmente, explica, essa agrocommodity é acondicionada em sacarias e big bags, acarretando baixo aproveitamento de espaço no armazém e requerendo muita mão de obra para movimentação. “Outros segmentos interessantes são os de farinha e pequenos produtores de rações”, assinala o executivo. “Nosso grande desafio é quebrar a cultura do uso do silo de aço”.
A Topack firmou parceria este ano com uma empresa não divulgada para fabricação da estrutura do silo e periféricos para sua utilização. “Foi um importante passo tanto para redução de custos quanto para aprimoramento do sistema de silagem nos clientes”, o diretor finaliza.
A cavaleiro dos custos e aumento de produtividade no campo, os tubos para irrigação tornam-se indispensáveis em todas as culturas, considera Leandro Lance, gerente de desenvolvimento de mercado e inovação da NaanDanJain. Com isso, as vendas de tubos gotejadores da empresa apresentaram crescimento acelerado nos últimos anos. “Produtores estão fazendo as contas e adotando a irrigação ou substituindo projetos antigos por outros mais eficientes”, ele nota.
No ano passado, a NaanDanJain Brasil investiu cerca de R$ 20 milhões em máquinas, infraestrutura e automação em sua unidade fabril em Leme (SP), elevando a planta a uma posição de referência mundial em tecnologia de produção de tubogotejadores e tubos de PE, sustenta Lance. “Esse investimento deixa claro que, à margem do aumento dos mercados consumidores, a empresa está apta a atender os clientes”, ele sustenta. Novidades do portfólio, além da linha da aspersores SD e do aspersor Magic, incluem tubos de polietileno de média densidade (PEMD). “Essa tubulação pode ser enterrada ou ficar sobre o solo exposta ao sol e ainda assim ter seu desempenho garantido”, certifica o gerente, acrescentando que o produto tem a possibilidade de vazamento reduzida, colabora para diminuição de custos com mão de obra e sua montagem é bastante simplificada.
Outros avanços no mostruário englobam os tubogotejadores antissifão, agora produzidos no Brasil. São artefatos que não permitem a entrada de terra quanto enterrados, sendo ideais para cana-de-açúcar e grãos. A válvula de final de linha, que limpa automaticamente os tubogotejadores, também constitui sacada recente da transformadora. Fora gotejamento e aspersão, retoma o fio Lance, os principais sistemas de irrigação são os pivês e o método por inundação. “No estágio atual do agronegócio no país, aspersão, gotejamento, microaspersão e pivôs são vistos como as alternativas mais eficazes e não competem entre si, pois são complementares”, pondera o gerente. “Nesse contexto, aspersão e gotejamento sobressaem pela automação da tecnologia e eficiência no uso de água e energia”.
Pêndulo do consumo de PVC , a Mexichem, dona da marca Amanco, considera produzir no país 80% de tudo necessário para a instalação de um sistema de irrigação. O mostruário incorpora tubos e conexões de PVC e PE, aspersores e microaspersores, além de gotejadores, enumera o gerente de vendas Alexsandro Castro Souza. “Todos os tubos da Amanco são fabricados em conformidade com os padrões da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)”, ele sublinha. A família de produtos vinílicos inclui as linha soldável, de engate rápido ERR, DeFofo (até 500 mm de diâmetro) e a linha estufa. Já em PE, o mix acolhe microaspersores, gotejadores e aspersores.
Uma inovação com ibope em alta no campo: a linha de tubulações de vinil biorientado PVC-O, para pressões elevadas. “O Irrigafort suporta pressões até 180 kgf/cm², ou 44% a mais do que um tubo de PVC convencional, e ainda aumenta em 16% a passagem de água em um mesmo diâmetro”, Souza constata. Outra novidade do portfólio é a fita gotejadora, com produção nacional dos tubos e emissores (gotejadores na fixa de 1,6 l/h) e paredes finas, de apenas 0,15 mm. “O produto repõe água e adubos na medida certa em um processo conhecido como fertirrigação, que evita desperdícios”, ilustra o gerente da Mexichem. Engatilhado para o semestre em curso está o lançamento de um tubo de 1.200 mm para substituição de manilhas de cimento, alternativa utilizada por produtores rurais em passagens de córregos, drenagem de áreas inundadas e estradas. “A Amanco será a única empresa no Brasil a produzir um tubo corrugado de PVC com essa bitola, trazendo praticidade, menor custo e otimização no tempo de instalação”.
Souza integra a câmara setorial de irrigação da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Do seu observatório, ele situa em R$ 450 milhões o mercado de tubos de PVC para irrigação em 2014. Este ano, as vendas de pivôs, que cresceram muito nos últimos três exercícios, devem recuar, assim como as de carretéis, dependentes da cultura de cana-de-açúcar, reduto em dificuldades. “Já a irrigação localizada, com microaspersão e gotejamento, deve terminar o ano com desempenho positivo”, antevê o especialista. Além do mais, completa, o flagelo da estiagem no Nordeste e Sudeste deve causar enxaquecas no campo. “Mesmo com o plano de financiamento da safra 2015/2016 contando com recursos 20% superiores aos de 2014/2015, as liberações de outorga podem ser um entrave para novos projetos de irrigação, prejudicando alguns setores do agronegócio”, ele antevê.
Sementes da inovação
Resinas e aditivos fertilizam desenvolvimentos para o campo
O agronegócio brasileiro é campo fértil para desenvolvimentos em poliolefinas. A Braskem, única fornecedora local de PE e PP, nada de braçada nessas inovações. Polietileno de média densidade linear (PEMDL) se consolidou na rotomoldagem de tanques de combustível para máquinas agrícolas, bem como de caixas de sementes para plantadeiras, pulverizadores, caixas térmicas, plataformas de milho, reservatórios e cisternas. Essas aplicações, assevera o gerente de engenharia de aplicação Marcelo Neves, apresentam leveza e facilidade de instalação em comparação a materiais concorrentes. Em breve, ele avisa, PEMDL deve debutar em extratores primários e secundários para colhedora de cana-de-açúcar.
Para rotomoldagem de peças técnicas agrícolas, a Braskem recomenda a resina ML3602U base hexeno, que oferece maior resistência ao surgimento de trincas e rachaduras em relação a grades base buteno e hexeno concorrentes. “O produto ainda assegura melhor acabamento e ótima formação de ângulos complexos, com nível de aditivação UV adequado a cada aplicação”, encaixa o gerente.
No flanco de polietileno de alta densidade (PEAD) para injeção, os grades IA59 e IE59U3 apresentam excelente resistência ao impacto e elevada rigidez, resultando em peças mais leves, o porta-voz atesta. No segmento de caixaria para hortifruti, a Braskem e seus clientes conduzem estudos para aplicação de resina pós-consumo, tendência forte no reduto.
Já para sopro de embalagens de agroquímicos, os grades da Braskem são adequados para frascos de desde 1l até 1000l, assevera Neves. “Nos últimos anos, a busca pela redução de custos levou fabricantes de embalagens a diminuir peso, alterar design e aumentar a produtividade à luz da rígida legislação que norteia o setor”, ele ressalta. Novidade do portfólio para essa clientela é HD9601C para recipientes de 20l, grade marcante pela excelência no balanço entre empilhamento e integridade em caso de queda.
Enquanto a aplicação de PE verde na rotomoldagem ainda é um brilho nos olhos do segmento, a resina renovável já se consolidou na injeção e sopro de artefatos utilizados no agronegócio, a exemplo dos frascos de defensivos agrícolas. “O segmento de agroquímicos representa entre 8% e 12% do mercado de PEAD soprado”, situa o especialista da Braskem.
Para filmes agrícolas, a petroquímica oferece o polietileno de baixa densidade (PEBD) TX7001. É recomendado por possuir melhor estabilidade de processo, aliando qualidade e produtividade, bem como grades de polietileno de baixa densidade linear (PEBDL) base metaloceno, das famílias Flexus e Proxess, que agregam propriedades mecânicas diferenciadas.
Na trincheira de PP, o agronegócio não brota sem sacaria e big bags de ráfia para acondicionamento de farinha de trigo, farelo, rações, fertilizantes, grãos, sementes, açúcar e sal, enumera Marco Antônio Boix do Nascimento, líder do segmento de ráfia da Braskem. Sem abrir detalhes, o porta-voz afirma que a empresa conduz pesquisas para lançar um grade para big bag de fertilizantes ainda neste semestre. Pelas estimativas de Nascimento, insumos e produtos agrícolas correspondem de 70% a 75% do consumo nacional de ráfia, cuja produção nacional em 2014 cresceu 2,1% sobre o exercício anterior e bateu 154.000 toneladas.
A miríade de frentes para o plástico no campo escancara um mar de oportunidades para masterbatches e aditivos. Roberto Castilho, gerente comercial da subsidiária da norte-americana A. Schulman, percebe que produtores de coberturas de estufas e silo-bolsas exigem cada vez mais masters brancos com dióxido de titânio resistente a intempéries, bem como concentrados que incorporam proteção anti-UV, auxiliares de fluxo e antioxidantes têm lugar cativo em telas e mulching, ele nota.
Para o agronegócio, a companhia oferece um portfólio bem amarrado. Lançamentos incluem Polybatch AF3, que proporciona efeito antifogging por no mínimo 18 meses e mantém sua funcionalidade durante o tempo de vida da estrutura da estufa, bem como Polybatch Abact Pnova AZ PE, um antimicrobiano fungicida a algicida, que evita a proliferação de fungos e algas em filmes de cobertura e previne a diminuição da incidência de luz.
Blindagem contra UV
Negros de fumo são ativo fixo da plasticultura. Para o setor, a Aditya Birla recomenda os produtos Raven P5P e R900P, em pó, e Copeblack 690 e 540, granulados. “Eles possuem boa absorção UV, aumentando a vida útil dos plásticos expostos a intempéries”, sublinha Douglas Silva Araujo, coordenador de vendas da divisão Specialty Blacks Business. Recente inovação da companhia é o Raven P7 Ultra, que recebeu aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para tubos de PEAD destinados ao transporte de água potável. “Acreditamos que essa aplicação possui grande potencial, considerando as necessidades das grandes cidades para substituição da malha hídrica, hoje obsoleta e com incontáveis vazamentos”, considera o porta-voz. No Brasil, a empresa produz a linha Copeblack em Cubatão (SP) e Camaçari (BA), enquanto a série Raven Black é importada. A rival Cabot não deu entrevista.
Na unidade em Sumaré (SP), a A.Schulman produz masterbatches anti-UV, auxiliares de fluxo e antioxidantes combinados ou em separado. “Já para brancos puros e brancos combinados com anti-UV, a produção mexicana apresenta mais sinergias”, ressalva Castilho. “No entanto, planejamos nacionalizar mais produtos com o objetivo de crescer organicamente no Brasil”.
Antenada no agronegócio, a catarinense Cristal Master destaca seus aditivos anti-UV desenhados para cumprir o tempo necessário de proteção no cultivo e resistir a agentes químicos, bem como seus compostos naturais para fabricação de ráfia, com atrativos como diminuição do desgaste das extrusoras e periféricos do processo. Outros titãs do mix incluem colorantes pretos especiais para geomembranas e tubos de irrigação. “Para agrofilmes, oferecemos nosso mostruário consolidado com agentes antibloqueio, auxiliares de fluxo e antiestáticos”, ilustra Ana Luiza Dal Comuni, coordenadora de vendas da componedora.
O pulo do gato da Cristal Master, ela evidencia, é a receptividade a formular auxiliares sob medida para cada aplicação, respeitando as exigências dos processos. No plano mais recente, assinala Ana Luiza, a empresa introduziu um aditivo antimicrobiano à base de zinco, aprovado para embalagens para a agroindústria, e o agente interfacial. “Promove melhor interação entre diferentes grades ou polímeros, aumentando a resistência mecânica do artefato”, explica a expert.
Pelo crivo de Gustavo Javier Passarelli, gerente de negócios estratégicos para filmes na América do Sul da componedora norte-americana Ampacet, aplicações como tubos de irrigação, mantas, mulching e silos de PE são terra fértil para seus masters pretos, mérito da sua excelente opacidade e resistência à radiação solar. “No caso específico de geomembranas, devemos incorporar aos concentrados propriedades que evitem a oxidação”, ele emenda.
Nos últimos meses, lembra o porta-voz, a empresa nacionalizou a produção de todas as formulações brancas e pretas para silo-bolsas, mantas e lonas. No âmbito dos aditivos, a Ampacet trafega em estágio final no desenvolvimento da linha para produtos finais dependentes de baixa concentração de princípio ativo. Essa tecnologia, explica Passarelli, visa obter desempenho superior na proteção UV para estufas, mulching, mantas e lonas, além de efeito antigotejamento em estufas.
Enraizada no trono nacional dos masters, a Cromex também bate o ponto no agronegócio com concentrados de cor de alto desempenho e resistência a intempéries, incluindo do tipo branco, prata e preto para lonas de silagem, túneis, estufas, mulching e tubos de irrigação. “Oferecemos ainda aditivos anti-UV, para zerar o risco de fotodegradação e fotoenvelhecimento do plantio, bem como antioxidantes, para proteger o filme da degradação térmica e evitar o acúmulo de calor em estufas e silagem”, exemplifica Flávia Pontes, analista de assistência técnica. Outro destaque no mostruário é o aditivo antifog, utilizado para a umidade não se propagar em filmes e gerar perda de luminosidade e calor no interior das estufas, acrescenta a especialista.
A oferta de soluções da Cromex para o campo estende-se ao auxiliar antivírus. Segundo Flávia, sua vocação é bloquear a radiação UV e diminuir a proliferação de insetos, pelo aditivo infravermelho, para diminuir a perda de calor durante a noite e manter a produtividade dos vegetais, além dos difusores de luz, que evitam a formação de sombras na estufa e promovem a fotossíntese. Na selfie atual do mix, a Cromex concebe aditivos anti-UV e antioxidantes de maior durabilidade. “Também está em gestação um master para mulching de maior poder reflexivo em relação a similares existentes na praça”, Flávia conclui. Ainda na seara dos auxiliares, Engeflex, Karina e Braschemical não deram entrevista. •
Esse agrofilme não queima
Fabricantes de maquinário para plástico também pegam carona na agricultura brasileira. Para extrusão de filmes utilizados na produção de sacarias, mulching e geomembranas, por exemplo, os modelos EF-2.½”, EF70 e EF100, bem como a máquina coex de três camadas, são a referência da Rulli Standard em alta produtividade e qualidade para esse mercado. “Tratam-se de equipamentos compactos, de fácil montagem e manuseio, que agregam componentes atualizados e de acordo com a NR 12 nos cabeçotes,canhão e rosca bimetálicos ”, ressalta o diretor comercial Luis Carlos Rulli. A parte elétrica, ele encaixa, conta com motor desenhado para baixo consumo energético, além de possuir sistema PLC com controle preciso de temperatura. Por tabela, encaixa o dirigente, as películas geradas apresentam espessura uniforme e elevada resistência mecânica. A marca ainda incorporou em suas extrusoras um cabeçote de perfil diferenciado e novo anel de ar, atributos que turbinam a qualidade final do agrofilme, enfatiza o diretor.