Na reta final das tratativas em junho sobre uma taxação de embalagens plásticas, com o objetivo de forçar empresas a cumprir metas de reciclagem e reduzir em 30% os resíduos pós-consumo, os legisladores do estado americano de Nova York enveredaram por uma revisão conceitual. Consenso entre eles: processos de recuperação como a via molecular (enzimática) ou a da metanólise não significam métodos de reciclagem avançada de resinas, conforme matéria postada em 1 de julho pelo diário Wall Street Journal (WSJ).
“Temos sérias dúvidas sobre a pseudo solução empurrada ao público pela indústria plástica denominada reciclagem química”, declarou ao jornal Judith Enck, integrante da agência ambiental americana (PA) e fundadora do grupo Beyond Plastics (Além do Plástico, em tradução livre), apoiador do encaminhado projeto de tributação de embalagens plásticas para homologação em lei pelo governo de Nova York. Por sinal, em relatório do Beyond Plastics divulgado em outubro passado, encaixa a matéria do WSJ, dúvidas são levantadas sobre o rendimento produtivo, emissões, materiais gerados e gasto energético das plantas de reciclagem plástica ditas avançadas. Segundo o grupo ambientalista, essa terminologia embute tática de marketing da indústria plástica para desviar a atenção de tomadores de decisão, como legisladores, da eficácia comprovada de métodos para diminuir a incidência de lixo plástico, caso da redução do uso dessas embalagens.
Outro pomo da discórdia na mesa: o termo “reciclagem avançada” é intencionalmente abrangente, admite para o WSJ Ross Eisenberg, presidente da entidade America’s Plastics Makers. “Reciclagem avançada é uma expressão referente a todos os tipos de reciclagem não mecânica”.
A precisão do conceito também esbarra no saldo do processo, assinala a reportagem, pois a quantidade de material obtido para segundo uso varia conforme a tecnologia, sendo por vezes zero. Um exemplo: fábricas recicladoras enquadradas na rota “do lixo à geração de energia”, rompem a estrutura molecular polimérica do resíduo para prover material utilizado como combustível, não resultando em matéria-prima plástica. Pelo crivo da America’s Plastics Makers, este processo não configura uma reciclagem. Nessa pegada, acrescenta o artigo, estudo da ONG de pesquisas gerais ProPublica, o processo de pirólise (método mundialmente dominante na ala da denominada reciclagem química) proporciona 15-20% em média de material plástico e o naco restante cabe a óleo combustível e outros insumos químicos. Já a reciclagem mecânica gera na faixa de 55%a 85% de plástico pós-consumo recuperado. •
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