Já virou clichê no noticiário agro: todo ano, à época da colheita nacional de grãos, pipocam matérias que contrastam os números recordes das safras com a insuficiência na logística de estocagem. Em outubro, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)projetou para safra do ciclo 2023-2024 produção de 317,15 milhões de toneladas, volume 1,5% abaixo do saldo anterior, mas ainda assim respeitável. Desta vez, porém, ele tromba de frente com uma temporada de baixa nas agrocommodities e, para esperar por dias melhores, a saída para o agricultor é a armazenagem cronicamente deficitária. A consultoria Cogo Inteligênci em Agronegócio situa em preocupantes R$30, 5 bilhões as perdas anuais do país com carência de silos de todo tipo. Este ano o déficit significa desperdício da ordem de 115 milhões, segundo cálculos especializados.Sob a premissa de que trata-se de um problema estrutural de longo prazo, os silos bolsas de PE, de montagem menos demorada e mais acessíveis que o galpão metálico, desfrutam procura em brasa para armazenar os grãos por ora subvalorizados. A conjuntura e os predicados do silos bolsas são a tônica desta entrevista de Isaias de Paula, gerente da transformadora Agroplas, braço da indústria Electroplastic em silos bolsas cujo controle foi adquirido pelo grupo gaúcho Vaccaro.
Quais as causas do aquecimento atípico da demanda por silos bolsas no Brasil este ano?
Tivemos em 2023 um superaquecimento na demanda por silo bolsa, devido à queda significativa dos preços da soja e do milho. Por este motivo os produtores optaram por guardar a maior parte da safra, à espera de reajustes. À margem dessa postura do agricultor, o fato é que temos no Brasil baixa capacidade de armazenagem, o que fez do silo bolsa a grande solução, pois possibilita ao produtor explorar sua rapidez de montagem e custo-benefício.
Pela sua estimativa, qual a capacidade instalada no Brasil para silo bolsa este ano e qual a produção antevista para o exercício de 2023 versus 2022?
A capacidade instalada silo bolsa no país superou em 2023 a marca de 150.000 unidades/a. Não tenho dados para calcular quanto a produção subiu, este ano, mas foi um aumento muito expressivo frente a 2022, sendo que aproximadamente 50 % dos produtos foi importado da Argentina.
Há muitos anos estudos atestam que, apesar das super safras, os investimentos na estocagem em silos metálicos persistem muito aquém da necessidade, mesmo com a alta insuficiência de espaços fechados no Brasil para armazenar grãos. Quais as razões desse descompasso e quais as consequências de deixar a colheita estocada ao ar livre para a rentabilidade obtida em sua comercialização?
Sobre as razões do descompasso acho que que, segundo pesquisas setoriais, as principais dificuldades com a gestão da armazenagem própria são: produtores argumentam a falta de profissionais qualificados (24,8%), perdas físicas e de qualidade do grão (16,5%), gestão da umidade (7,8%). Na falta de armazenagem suficiente, temos as consequências da estocagem inadequada de grãos. Isso resulta, de acordo com levantamentos, em cerca de 15% de perdas. As principais causas são Insetos-praga, fungos e micro-toxinas somados a ataques de roedores.
Como avalia o crescimento das vendas de silos bolsas como alternativa mais barata de estocagem que os galpões metálicos?
O crescimento do silo bolsa tem sido contínuo. Afinal, além da sua praticidade e baixo custo, ele é produzido com matérias-primas de alta qualidade, proporcionando assim uma segurança ao produtor na armazenagem e mantendo a safra com qualidade. Hoje em dia, o estado brasileiro com maior potencial de mercado para silo bolsa é Mato Grosso, onde se concentra o maior déficit de armazenagem de grãos.
Quando as cotações de grãos commodities, hoje ensilados por causa dos preços baixos, deverão reagir a ponto de motivar o agricultor a vender sua colheita?
Segundo as informações de mercados, os preços devem se manter lineares e sem uma previsão de alta significativa.
A imagem do silo bolsa é a de uma solução paliativa, mais barata e de pior desempenho e custo/benefício que o galpão metálico. Quais as justificativas para essa reputação e o que os fabricantes de silo bolsa estão fazendo ou deveriam fazer de concreto para melhorar essa reputação do silo bolsa?
Falando no cenário em que estamos vivendo, hoje o silo bolsa é uma ferramenta essencial para os produtos de grãos no Brasil. Se depender de um investimento multimilionário é possível para os agricultores armazenar no silo bolsa os produtos colhidos em suas propriedades, mantendo suas características de qualidade e tendo a opção de escolher o melhor momento para comercializar o grão estocado.
Os fabricantes do silo bolsa, por sua vez, estão levando ao campo informações através de treinamentos e palestras sobre a forma correta de utilização desse sistema de estocagem. Antes disso, predominava a desinformação sobre sua utilização.
A empresa Extraplast prepara a partida da primeira planta de silo bolsa da Zona Franca, à sombra dos incentivos fiscais e das isenções tarifárias para importar PE pelo porto livre de Manaus. Como avalia a competitividade desse futuro concorrente na disputa pelos mercados do Norte/Norte e Centro Oeste?
A produção na Zona Franca vai dar competitividade comercial à empresa para atuar nos estados mais próximos. No entanto silo bolsa é um produto que exige muita qualidade e esse fator pode limitar a expansão de alguns fabricantes, pois os clientes finais têm a opção de marcas com tradição de alto padrão no mercado.
Como os filmes para silo bag da Agroplast se distinguem da concorrência em termos de vida útil, produtividade na estocagem, vedação e barreira contra insetos, pássaros e roedores?
Nossa marca Supersilo se destaca por identificar o primeiro silo bolsa fabricado no país e manteve a mesma qualidade por todos esses anos. Com uma estrutura diferenciada, ele proporciona resistência e proteção contra intempéries e degradação superiores às da concorrência.