Deus ou o diabo, a depender de quem diz, mora nos detalhes. Antes da pandemia, uma abusiva valorização do dólar e euro e uma economia destrambelhada bastavam para esfriar interessados no Brasil em máquinas para plástico da elite mundial. O corona quebrou as pernas dessa lógica. Isolamento social e auxílio emergencial hoje fazem crepitar o consumo de duas picanhas para os plásticos, os produtos essenciais e bens duráveis de uso doméstico. Essa demanda borbulha tanto que um time de transformadores mais capitalizados e sem maiores problemas de suprimento de resina não se intimida com o câmbio e a incerteza quanto ao mercado em 2021 e vem importando máquinas para aproveitar ao máximo o frenesi do momento.
“Desde julho sentimos a retomada da demanda, intensificada em agosto e setembro”, confirma Alfredo Schnabel Fuentes, diretor geral da base comercial no Brasil da Arburg, dínamo alemão em injetoras. “Em geral, o transformador está confiante na recuperação do mercado, mas adia ao máximo o investimento no novo equipamento e, quando afinal se decide, ele anseia por um prazo de entrega quase imediato”. Entre as linhas Arburg mais procuradas sob o atual arranque do consumo na praça, Fuentes distingue as injetoras hidráulicas de 150 e 300 toneladas da série Golden Edition, armadas de diferenciais como o sistema de economia energética AES; a interface de comunicação OPC-UA e pacotes para digitalização de serviços como manutenção remota.
A derrubada do real diante de moedas fortes é amaciada pela Arburg com uma alta flexibilidade para encontrar a melhor forma de financiamento, seja na negociação direta com a matriz em Lossburg, com a filial por aqui ou com instituição monetária parceira, acena Fuentes. “Neste momento de alta do euro e caixa apertado entre clientes, conseguimos viabilizar muitas vendas em que as condições de crédito foram tão determinantes quanto a disponibilidade do equipamento para pronta entrega”. A propósito, a insuficiência de transporte internacional não sobressalta a operação da Arburg no Brasil. “O maior impacto não foi no frete marítimo, mas no aéreo, modal que utilizamos para o suprimento de peças de reposição”, percebe o diretor geral. “Os valores dispararam com a redução no número de voos de passageiros, limitando a oferta de espaço para cargas, um ônus que absorvemos para não prejudicar o atendimento aos transformadores”. Quanto ao transporte marítimo, empregado para a remessa das injetoras, Fuentes afirma vir convivendo com atraso médio de duas semanas, “um entrave administrado com transparência e comunicação constante com o cliente”, ele completa.
Na garupa do coronavoucher
“Na média, os fretes andam escassos e bem caros, mas quando a demanda por importações está alta o cliente acaba absorvendo esse custo indesejável”, atesta Michel Carreiro, gerente de vendas no Brasil da nipo-alemã Sumitomo Demag, fera em injetoras premium. Mas ponto mais crítico que o preço do frete, ele assinala, é a prioridade dada pelos transformadores quanto ao tempo de entrega. “Não temos por ora uma política de estoque de máquinas para pronta entrega no Brasil, pois nossas linhas são muito customizadas por cliente e segmento de atuação”, esclarece Carreiro.
Os pedidos que aterrisam na filial brasileira da Sumitomo-Demag, presidida por Christoph Rierke, captam os bons fluidos emanados pelo auxílio emergencial na economia. “Parte desses recursos tem sido convertida em compras para o dia a dia, envolvendo alimentos, bebidas, artigos de higiene e limpeza e até utilidades domésticas, ou seja, setores dependentes de artefatos injetados, como tampas e embalagens, que são a especialidade das nossas máquinas”, amarra as pontas o gerente de vendas. Entre elas, Carreiro destaca a procura pelas linhas elétricas da Sumitomo-Demag, vocacionadas para peças de parede fina injetadas em ciclo rápido e cuja economia energética é inalcançável por equipamentos hidráulicos ou híbridos. “Os modelos mais negociados este ano são os de 180 a 350 toneladas das séries IntElect e SE-EV-A, montados respectivamente na Alemanha e Japão”.
A desvalorização gritante do real não é vista como empecilho às vendas. “Variação cambial sempre foi um fator desafiador para máquinas importadas no Brasil”, pondera Carreiro. “Entretanto, clientes atrás de equipamentos de maior tecnologia se comparam a transformadores do mesmo nível e sujeitos à mesma condição cambial”. Em determinados casos, acrescenta o executivo, os preços negociados para suas máquinas equiparam-se aos praticados em moeda forte dois ou três anos atrás. “O valor em reais é que muda ao sabor do comportamento das divisas estrangeiras”. Nos últimos meses, a condição de pagamento/financiamento é o fator com mais alterações constatado por Carreiro nas vendas brasileiras da Sumitomo-Demag. “Os clientes procuram amenizar a alta do dólar e euro com alternativas de crédito de médio/longo prazo”, ele esclarece. “O objetivo é diluir o valor do investimento durante os próximos anos, apostando inclusive numa valorização do real, o que equalizaria na média o aporte de recursos realizado”.
Flexível mas nem tanto
“Mesmo com a variação cambial em alta, está havendo uma procura pelos nossos equipamentos, situação que tanto pode ser pontual como entrar pelos próximos meses; não há como prever”, pondera Cássio Luis Saltori, diretor geral da base de vendas no país da austríaca Wittmann Battenfeld, quinta-essência em injetoras e periféricos. O impacto do câmbio na venda de suas máquinas é difícil de ser amortecido, ele comenta. “Não vejo muitas alternativas paras contornar o encarecimento das linhas importadas. Tempos difíceis requerem uma conduta mais flexível nas negociações e em alguns casos, fizemos acordos para não prejudicar ambas as partes. Mas diante da flutuação cambial não há muito a ser feito”.
Outro estorvo causado pela pandemia, a insuficiente disponibilidade de frete para a remessa de máquinas, atividade que também encareceu, não intranquiliza Saltori. “Apesar de mundial, esse problema não influi no descumprimento dos prazos de entrega das nossas máquinas. Se houver atrasos em meio a essa fase de recuperação da economia mundial, uma causa mais forte seria a falta de insumos na cadeia fabril, após meses de produção em queda em todos setores. No entanto, a matriz da Wittmann Battenfeld hoje opera com força total e os prazos de entrega dos equipamentos ainda respeitam as datas prescritas”.
Saltori distingue os materiais de construção entre os setores que hoje mais estimulam as vendas de suas injetoras no país. “Com o imobilismo social, a renda destinada a gastos fora do lar, como vestuário, foi redirecionada para melhorias no conforto doméstico”, ele interpreta. Daí a procura avivada por suas injetoras inteligentes MacroPower e SmartPower, ele destaca. “Elas portam sistemas de controle autônomos sob o conceito 4.0 e operam em célula integrada com robô e periféricos como desumidificador e termorregulador, uma operação monitorada pelo comando B8”. No mesmo diapasão, ele acena com a possibilidade de suas injetoras incorporarem o sistema para gerenciar indicadores da produção TEMI –“pode ser integrado ao comando da máquina, numa única plataforma de dados”- e a ferramenta CMS. “Administra todas as partes da máquina para manutenção preditiva”.
Linhas de crédito
Bola de ouro em injetoras de pré-formas e tampas, a canadense Husky sente no pulso das vendas brasileiras os efeitos da pandemia por inflamar a demanda por produtos essenciais e ao mudar o perfil de consumo deles. “O movimento de refrigerantes, por exemplo, foi afetado de início pela quarentena”, nota Paulo Carmo, gerente da unidade de negócio de embalagens no Brasil. “Depois aconteceu um realinhamento sob o distanciamento social entre o consumo de garrafas menores versus volumes maiores de garrafas tamanho família”, ele expõe, encaixando que PET também tem sido bafejado pela procura aumentada de itens como água mineral, sucos, lácteos e produtos de limpeza, categoria na qual o corona içou o álcool gel para a cesta de consumo. Na esteira desse cenário, completa o executivo, a Husky viu tomar corpo a demanda por seus sistemas HyPET para pré-formas e HyCap para tampas. “Ambos reduzem o custo operacional ao proporcionar ganhos de produtividade, economia energética e garantia de qualidade na produção”, alinha Carmo.
Ponto-chave das negociações, o ziguezague do câmbio foi suavizado pela Husky a quatro mãos com a clientela. “Muitos projetos tiveram o cronograma ajustado para sincronização de pagamentos e recebimentos”, conta Carmo. “Outra medida-chave foi a adoção de linhas de crédito para alongar os prazos de vencimento, de modo a escapar do momento de volatilidade. Mas os prazos de pagamento de alguns investimentos para baixar custos operacionais foram encurtados”.
O encarecimento e escassez internacional de frete para embarcar máquinas não pegou a Husky no contrapé. “A empresa empreendeu amplo projeto para minimizar riscos e impactos em sua cadeia logística mundial, com ações como antecipação de compras, revisões constantes da programação de produção e, quando preciso, o uso do modal aéreo”.
BOPP insuficiente
Patrick Claassens, diretor do escritório de vendas no Brasil de dois pilares alemães, as termoformadoras Kiefel e extrusoras Brückner, não registra anormalidades no transporte de suas linhas. “Trouxemos várias máquinas este ano sem dificuldades relacionadas ao frete”. Quanto à depreciação recorde do real, ele acha muito difícil atenuar seu impacto no preço de suas máquinas. “Mas ajudamos os clientes na medida do possível, com condições comerciais especiais e financiamentos atraentes analisados caso a caso”.
Plantado pelo auxílio emergencial dado a mais de 60 milhões de pessoas, o furor no consumo de alimentos tem superado a oferta interna de filmes biorientados de polipropileno (BOPP), razão do crescente interesse captado por Claassens pela venerada tecnologia da Brückner para essa película. Ainda em embalagens flexíveis, ele percebe receptividade às linhas de sua representada para filmes biorientados de polietileno. São vistos como um caminho para simplificar a reciclagem mecânica de laminados tornando-os monomaterial por substituírem em sua composição materiais como filmes biorientados de poliéster (BOPET).
As termoformadoras Kiefel também atraem possíveis pretendentes por aqui, deixa claro o executivo, antenados na procura em brasa por descartáveis, como potes e copos, bafejados pelo movimento de entrega de comida pronta turbinado pelo corona. Entre os digitalizados modelos da grife alemã, Claassens sente chão firme no mercado para as linhas KMD78.2speed (mesa plana de 780mmX 600mm) e KTR52.speed (mesa basculante plana de 775mmX 380mm). “Ambas se destacam pela eficiência no aquecimento e superam a geração anterior de termoformadoras da Kiefel em quesitos como área de formagem, velocidade do ar de conformação, força de fechamento de mesas e na rapidez da troca de ferramentas”.
Para quem conhece e pode
Agente no Brasil da alemã Reifenhäuser, sinônimo de extrusão blown e cast, Márcio Luiz Viviani percebe seu mercado aquecido desde março, quando o vírus parou o país. “Fechamos nestes meses a venda de mais equipamentos e registramos mais consultas que nos mesmos períodos em anos anteriores”, comemora. Entre as tecnologias mais cobiçadas, ele distingue os equipamentos para filmes poliolefínicos com estiramento em linha (MDO), tornados assim capazes de substituir BOPET em laminados, dotando-os de estrutura monomaterial e bem mais fácil de reciclar.
Dólar e euro nas nuvens, concorda Viviani, não contribuem para a importação e equipamentos. “Mas diversas transformadoras no Brasil reconhecem a diferença da tecnologia importada em relação à nacional e atesto isso como alguém que trabalhou por 10 anos nas duas frentes”, ele salienta. “Desse modo, quem pode optar e já trabalhou com equipamentos importados segue nesta direção”. Em complemento, Viviani encaixa que a Reifenhäuser sempre ofertou linhas de crédito atraentes. “Apesar da exposição cambial, os prazos de financiamento das nossas extrusoras são de cinco anos, o que suaviza o transtorno das frequentes idas e voltas da economia”.
À sombra dos descartáveis
Câmbio instável não é novidade para a alemã Kreyenborg, ás em periféricos, após mais de 60 anos de estrada no comércio exterior. “Procuramos apoiar clientes com condições comerciais atraentes em regiões onde a moeda local desvalorizou diante do dólar e euro”, assinala o diretor geral Jan Hendrik Ostgathe. “No caso do Brasil, notamos que as altas taxas de importação e a burocracia envolvida na internação de bens contemplados com tarifas reduzidas dificultam a compra de tecnologias inovadoras, prejudicando a competitividade mundial do país”. Na sequência, o dirigente engrossa o coro dos fabricantes internacionais de maquinário não abalados pelo problema da disponibilidade de frete. “Montamos um plano de ação no início da crise sanitária, incluindo a análise frequente da cadeia de suprimentos, razão pela qual temos cumprido os prazos de entrega”.
Ostgathe confirma que, no Brasil, o interesse por seus equipamentos tem ganho vigor a partir da disseminação dos hábitos, semeados pelo distanciamento social, de cozinhar em casa e comprar comida pronta. “Em decorrência, a produção de embalagens (termoformadas) aumentou, favorecendo inclusive a reciclagem de PET grau alimentício, processo do qual participamos com o sistema IR-Clean® de secagem e cristalização de flakes pós-consumo, tecnologia em linha com a regulamentação da agência norte-americana FDA e mais barata que a compra de uma extrusora para reciclagem avalizada pela mesma entidade”.
Banho de luz
Se há uma questão imune à pandemia no setor plástico mundial, é o entrosamento do material com a economia circular. O Brasil não foge à regra, como demonstra o poder de atração exercido e recicladores pelos sensores ópticos da norueguesa Tomra, tendo à frente o modelo Autosort. “Identifica por tipo de material e cores os plásticos, caixas de bebidas, papel no fluxo de resíduos para triagem, contribuindo para sua reciclagem e valorização”, sumariza Carina Arita, gerente comercial do escritório da empresa no país. A propósito, ela salienta, a nova geração dos sensores Autosort, lançada em junho, apresenta renovado design da tecnologia de iluminação Flying Beam. “Proporciona o dobro da intensidade de luz gerada pela série Autosort anterior, aprimorando assim a relação detecção versus ruído de sinal sem aumentar o gasto de energia”. No mesmo diapasão, Carina distingue a incorporação como elemento standard aos sensores Autosort do recurso Sharp Eye, que aprimora a leitura do espectrpograma dos materiais, e do sensor a laser com inteligência artificial Deep Laiser. Como pano de fundo para Autosort, Carina enaltece Tomra Insight, plataforma inteligente de gestão dos sistemas de identificação. “Gerencia em tempo real e com privacidade os sistemas conectados com dados a exemplo de análises de desempenho e relatórios de serviços técnicos”.
Carina adere ao consenso entre importadores de que a carência atual de frete para mandar máquinas ao Brasil não dá enxaqueca. “Nossa logística para entrega é programada com muita antecedência, garantindo o respeito aos prazos negociados”. Já a influência da hiper depreciação do real nos negócios é avaliada caso a caso. “Trazemos para o cliente opções como melhores condições comerciais, maior número de parcelas e parcerias com bancos para modalidades de financiamento facilitado”, ilustra a gerente.
Frete mais caro
Frederico Hartmann, diretor comercial para a América Latina da austríaca Lindner, viga mestra em trituradores e linhas completas para reciclar poliolefinas, convive com o câmbio mutante no Brasil desde 2012, quando começou a desbravar o mercado. “Até hoje, nunca surfamos numa onda prolongada de estabilidade da cotação do real, já nos acostumamos com isso”. Na conjuntura nublada pela pandemia e câmbio tenso, ele pondera, a clientela tende a adiar investimentos em bens de capital. Hartmann procura dissipar essa relutância acenando com opções de crédito e as preferidas por recicladores são linhas como a de financiamento à importação (Finimp), disponíveis com juros atraentes no grosso da rede bancária e ofertando também a alternativa de hedge cambial. “Outra via é o financiamento da compra direto pela Lindner, com respaldo de um seguro de crédito que nos é oferecido pelo banco austríaco ÖKB”.
Na largada do corona, em março e abril, Hartmann deparou com casos pontuais de atrasos, entre sete a 10 dias, nos embarques de seus periféricos, efeito atribuído à escassez de containers nos portos europeus. “Mas isso não afetou os prazos finais de entrega aos clientes no Brasil”, ressalta. O bicho pegou, porém, no âmbito financeiro. “Os valores de muitos fretes foram negociados pré-pandemia e quando os contratamos estavam mais caros, em razão daquela oferta reduzida de containers. Mesmo assim, honramos todos os pedidos sem repassar esse ônus aos clientes”.
Do outro lado do balcão, Hartmann percebe a sustentabilidade fumegando sobre o aumento da procura por seus trituradores, seja na modernização de plantas de reciclagem como em novas fábricas. Entre as estrelas do portfólio da Lindner, o diretor destaca a preferência na praça pelo triturador Micromat 1500, munido de interface homem/máquina simplificada e do novo rotor e sistema de corte Multiplex. “O arranjo tridimensional das facas do rotor possibilita a trituração de qualquer termoplástico com uma produção cerca de 40% acima das gerações anteriores desse equipamento”.
Força total
Auxílio emergencial e a dinheirama despejada pelo governo na saúde pública têm repercutido na carteira de pedidos da Intermarketing Brasil, agente de máquinas para plástico da nata global. “A demanda por proteína animal, embutidos e atomatados tem feito a capacidade nacional de coextrusão blow de sete e nove camadas rodar em plena carga”, atesta Oliver Venezia, diretor da representação. “Daí os dois pedidos que recebemos de linhas coex da Macro Engineering, também procurada para fornecer extrusoras cast para filmes cling de PVC, utilizados como envoltórios que evitam a contaminação pelo vírus”. No embalo, Venezia encaixa já ter vendido este ano mais de oito linhas de corte e solda da alemã Lemo, destinadas à produção de filmes shrink com barreira para acondicionar queijos e carne fresca. Na seara médico-hospitalar, o diretor atenta para a demanda excitada por extrusoras de tubos vinílicos flexíveis da representada American Kuehne. Por fim, Venezia ilustra o arranque da economia circular por aqui com a penetração dos sistemas de reciclagem de poliolefinas e PET grau alimentício da Erema, efeito da maior quantidade de plástico pós-consumo recuperado nas embalagens exigida por brand owners múltis como Coca-Cola, Danone, Nestlé e Unilever.
Para amortecer a paulada do real enfraquecido na sua mesa de negociações, Venezia conta vir recorrendo a soluções como o financiamento em reais com o câmbio travado na hora do embarque ou a locação dos seus equipamentos importados em reais ou em moeda forte. “Essa alternativa proporciona benefícios contábeis e fiscais, pois o ativo só entra no balanço do cliente ao final do contrato do aluguel, quando decide se devolve ou fica com a máquina”, explica o dirigente da Intermarketing. “Se ficar, o equipamento entra no balanço já depreciado e com redução proporcional dos impostos e os bancos topam esse tipo de operação com maquinário de alta liquidez, o que facilita sua devolução ao fim do contrato ou em caso de insolvência do devedor”.
Retorno da performance
A valorização do dólar e euro e a montanha russa do câmbio complica a compra de equipamentos para plástico importados e o planejamento de médio e longo prazo para o pagamento, reconhece Bruno Sommer, presidente da representação Techfine. “O lead time de máquinas desse tipo gira em torno de seis a oito meses até chegar à fábrica do transformador e, muitas vezes, envolve financiamentos de até cinco anos”. Para amortecer o choque cambial, ele informa vir tentando flexibilizar as formas de pagamento pelos clientes, de modo a melhorar seu fluxo de caixa para desembolsos. “Também procuramos viabilizar a venda de máquinas cuja alta performance venha a compensar a médio prazo o valor negociado”.
O mostruário atual de representadas pela Techfine enfileira os secadores, cristalizadores e descontaminadores por infravermelho da Kreyenborg; linhas modulares de lavagem de poliolefinas e PET da alemã HydroDyn; moldes para conexões da austríaca IFW e termoformadoras da suíça WM Thermoforming, acenadas para bandejas, embalagens, potes e copos. Recém-chegadas ao portfólio são as extrusoras mono e dupla rosca para tubos de PVC e poliolefinas e perfis vinílicos da também austríaca battenfeld-cincinnati. “Uma amostra de avanço tecnológico é a série de extrusoras twinEX com dupla rosca contrarrotante e saída quádrupla para tubos de pequenos diâmetros em PVC, para condução de água e esgoto predial”, aponta Sommer. As margens em geral baixas da produção de tubos são vistas por ele como um argumento de venda das linhas battenfeld-cincinnati, em particular na atual conjuntura aquecida na construção civil e com o vento a favor para investimentos no saneamento básico determinado pelo novo marco legal. “A rentabilidade do transformador depende então de extrusoras de alto rendimento, confiabilidade e estabilidade no processo”, sustenta Sommer. •