Quando as máquinas travam

Máquinas

A esta altura do segundo tempo, o ano já é dado como perdido pelos fornecedores de máquinas para transformação de plástico. A frustração vem na garupa de motivos tão martelados à exaustão por analistas e porta vozes da indústria quanto ignorados pelo governo Dilma. Abrangem desde o clima de falta de confiança do empresariado para investir até a redução da demanda em diversos setores. No plano geral, a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) verberou na mídia, ao final de setembro, a projeção de recuo da ordem de 15-20% nas vendas no período atual perante o também sofrível 2013.
Manda a praxe que, às vésperas do final do ano ou de novo mandato presidencial, personalidades da economia  emitam declarações de aposta em crescimento no exercício vindouro. Lúcifer, porém, mora nos detalhes. Esse tipo de pensamento positivo exige estímulos concretos para efetuar uma transfusão de otimismo no setor de máquinas para transformar plástico. Afinal, reina o consenso de que o Brasil não se livra do micro crescimento tão cedo e, se alguma retomada for esboçada, manda a lógica que o transformador primeiro reduza seu grau de ociosidade, resultante da atual recessão, para então depois, ao sentir firmeza no horizonte do mercado, assuntar sobre a necessidade de expandir e renovar seu parque industrial. Enquanto isso, dados do governo situam em preocupantes 17 anos a idade média dos bens de capital em geral na ativa no país, deixando implícito um hiato na competitividade por ser preenchido. Aos fornecedores de máquinas como as dirigidas à moldagem de plástico, resta torcer para o ataque ao Custo Brasil sair do palanque e, por tabela, ressuscitar logo o espírito animal nos transformadores.

INJEÇÃO
Praxe global, injetora é a máquina mais vendida no Brasil para moldar plástico, razão pela qual  suas vendas também são vistas como um sismógrafo do setor de transformação. Ativo fixo do grid de largada desse equipamento no país, a Romi sente no andar da carruagem por 2014 como feneceu a confiança da clientela. “Como em 2013 nossas vendas de injetoras e sopradoras cresceram bem, puxadas por lançamentos e condições melhores de financiamento, prevíamos em janeiro passado uma expansão moderada para o período atual”, argumenta o vice-presidente William dos Reis. Ao longo do ano, ele conta, a recessão impôs a revisão para baixo da estimativa inicial. Em meio à calmaria dos pedidos, porém, não passou desapercebido a Reis o fluxo de investimentos mensais  em injetoras e sopradoras pulsante por um núcleo de transformadores em busca de mais competitividade.
Entre os mercados com portas mais abertas às injetoras da Romi, Reis aponta este ano para os redutos automotivo, moveleiro, embalagens industriais e recipientes e tampas para o acondicionamento de alimentos.  Do lado do portfólio, emenda o dirigente, o topo das vendas em 2014 foi ocupado pela campeão dos últimos anos, as injetoras da série EN, cuja tecnologia “stop and go” explica a excelência  ressaltada por Reis na produtividade, precisão e economia energética. “Ainda este ano, incorporamos mais potência ao sistema dessas máquinas, aumentando assim o torque na plastificação e a velocidade e pressão de injeção “, expõe o vice-presidente. “Outro trunfo da linha EN é o baixo desvio padrão do peso da peça final, permitindo ao transformador aumentar a leveza do produto injetado com parâmetros mais finos de processo”.  No arremate, Reis  sustenta, com base em  aferições realizadas em clientes, que a economia energética proporcionada pelas injetoras EN supera em até 65% o mesmo indicador  em máquinas munidas de bomba de vazão variável e em até 85% no confronto com modelos de tecnologias mais antigas.
Daqui para a frente, acredita Reis, tudo tem de ser bem diferente no mercado de injetoras e sopradoras. “Como será muito fraco o crescimento da economia brasileira este ano, esperamos pequena recuperação em 2015, além de possíveis mudanças no cenário após as eleições”, pondera o dirigente. “O Brasil não pode continuar estagnado e seu empresariado sabe que é necessário reagir, à margem de medidas econômicas, pois parte fundamental do sucesso depende do esforço e atitude diante das adversidades”.
É uma linha de raciocínio endossada na concorrência por Newton Zanetti, dirigente da Pavan Zanetti. “2015 me preocupa menos que este ano, pois será um ano sem parada por eventos tipo Copa e de trabalho duro, levando-nos a focar mais o negócio em si e mesmo o governo, sem a pressão das eleições, pode gerar um clima de otimismo e reverter o pessimismo de hoje em dia”.
O reduto específico de injetoras, interpreta o dirigente, derrapou este ano não apenas devido à recessão. A leva de máquinas importadas, em especial asiáticas, vendidas nos últimos anos resultou na saturação do mercado, situação agravada pela degradação da economia. Em relação aos segmentos usuários das injetoras HXF, montadas pela Pavan Zanetti em parceria com parceiro chinês não identificado, o dirigente indica autopeças e construção civil como os mais abalroados pela crise. Do portfólio das suas injetoras,  separa Newton,  os modelos de médio porte, HXF 220 e HXF 260, têm sido os mais procurados este ano.
Apontada como líder mundial na capacidade construtiva  de injetoras, a grife chinesa Haitian sentiu as vendas no Brasil derraparem no período atual. “A expectativa original para 2014 envolvia o volume de vendas identificado com períodos em dificuldades, da ordem de 600 máquinas colocadas”, situa Roberto Melo, gerente da base comercial da Haitian no país.  A situação, porém, pretejou a ponto de, em setembro, Melo constatar queda em torno de 15% em relação à projeção de vendas inicial. Em contapartida, coloca, subiu  no mesmo percentual a quantidade de novos clientes locais, pertencentes  a segmentos entre os quais destacam-se os de utilidades cosméticas, tampas e produtos de alta precisão, comemora Melo. “Perceberam as vantagens das injetoras elétricas Venus e híbridas Zeres”, completa.
No compartimento das injetoras pesadas, o dono do pódio das vendas brasileiras da Haitian foi a série Jupter, a cargo de máquinas compactas, precisas e dotadas de fechamento hidráulico de duas placas, descreve Melo. Na raia das injetoras de força de fechamento inferior a 1.000 toneladas, o executivo  enxerga a dianteira nas vendas pulverizada entre as séries Zeres, Plutão, Maret II, Venus II e Saturno II. Melo trabalha com a perspectiva de estabilidadfe da demanda em 2015 e compras de máquinas brotando na edição de maio da Feiplastic. “Até lá, a economia entrará nos eixos”, justifica.
Com veemência ainda maior, Kai Wender, diretor do escritório de vendas no Brasil da alemã Arburg, pedra de toque mundial em injetoras, põe fé na retomada no próximo ano. “Política à parte, a indústria não pode parar de investir por muito tempo”, pondera. “A quantidade de consumidores e o valor disponível para gastos ainda estão em crescimento e a transformação precisa preparar-se para atender a demanda”.
O planejamento das vendas para este ano, abre Wender, visava reprisar o resultado de 2013, aliás o mesmo ponto de partida para o diretor balizar o desempenho do negócio em 2015. Aquela projeção inicial logo fez água, sob impacto da insegurança gerada pela política econômica, escassez de crédito e redução no consumo final. “Na situação atual, calculo fechar 2014 com vendas em torno de 20% inferiores e, entre os mercados cobertos pela Arburg, o setor automotivo sentiu bastante a retração”, assinala o porta-voz da empresa. Quanto aos campos mais estáveis para a venda de suas injetoras, Wender indica o de componentes eletroeletrônicos e embalagens de cosméticos e alimentos. No plano geral, complementa o diretor, o Oscar das suas vendas este ano vai para a série Golden Edition, à base de injetoras hidráulicas de 40 a 460 toneladas. “Os modelos incorporam agora uma tecnologia denominada ‘pacote de produtividade’, a chave para aumentar a velocidade de produção e diminuir o consumo de energia e de água de refrigeração”, encaixa Wender.
Uma nota destoante da paradeira generalizada nas vendas de máquinas é dada pela Netstal, divisão de injetoras do grupo alemão KraussMaffei. “Em setembro, constatamos o cumprimento da estimativa traçada em janeiro para este ano e decerto ultrapassaremos essa previsão até o final de dezembro”, confia Ítalo Zavaglia, gerente da divisão Nestal da operação comercial da KraussMaffei no país. “Quando o mercado desacelera, os transformadores têm mais tempo para cálculos de viabilidade de investimentos, não considerando apenas o custo inicial”, argumenta o executivo, deixando explícita a fresta por onde a Netstal penetra. Por seu turno, projetistas também ganham tempo em fases de crise para propor melhorias e justificar investimentos em planos até então arquivados por falta de estudos de viabilidade, amarra Zavaglia. No embalo, ele aposta em reação do mercado em 2015, sob impulso de mudanças capazes de instilar no empresariado a segurança necessária para puxar o gatilho dos investimentos.
Embalagens são o forte da Netstal, delimita o gerente. “Na primeira metade do ano, as vendas corresponderam o esperado no campo de tampas e, no semestre atual, tem aumentado a procura de máquinas destinadas a embalagens alimentícias de parede fina”, avalia Zavaglia. Nas duas frentes, ele atribui, o interesse pela Netstal decorre da obsessão dos transformadores por baixar o ciclo e o peso dos recipientes. Para alcançar esse objetivo, a série de máquinas híbridas EvoS tem sido a preferida deste ano dos transformadores no Brasil. Seus pontos altos, insere Zavaglia, incluem a lubrificação em circuito fechado, para evitar óleo na região do prod uto injetado; o cilindro de fechamento invertido em 180º, recurso para tornar a máquina mais compacta, e a tecnologia de injeção de duas válvulas, cognominada “twin-valve”. Segundo o gerente, em lugar de uma válvula grande, duas pequenas respondem ao comando de injeção. “Elas conferem velocidades de injeção acima de 2m/seg com mínimo tempo de resposta”, informa.
2014 fica como um ano chave para a Witmann Battenfeld, ponta de lança alemã em injetoras, robôs e periféricos. No plano mundial, aconteceu a unificação administrativa e comercial da corporação. “Tornou-se a única fornecedora no planeta de soluções completas para o segmento de injeção”, sintetiza Reinaldo Carmo Milito, diretor geral da base comercial do grupo no Brasil. Reflexo do mesmo processo, as operações locais da companhia foram centralizadas este ano em Campinas (SP), em prol dos custos e logística de atendimento, expõe o porta voz. Concluído o rearranjo, foi a vez de desenhar pacotes de injetoras e equipamentos complementares, sob medida para cada necessidade dos transformadores, e de incrementar serviços como os de pós-venda. “Esse preparo nos permite prever uma curva ascendente na evolução das vendas”, sustenta Milito. “A meta é duplicar nossa participação no mercado brasileiro em cinco anos”.
Entre as frentes de atuação no Brasil, Milito se aferra, em especial, ao setor automotivo, no qual identifica um medidor informal do pulso da economia, disponibilidade de crédito e da propensão ao consumo. Entre suas injetoras mais vendidas a esse reduto e o de peças técnicas em geral,  Milito destaca a série EcoPower, na faixa de 110 a 300 toneladas, a tiracolo de predicados como a economia energética. Para 2015, o dirigente já apertou o botão do pensamento positivo. “Passamos por certa desaceleração econômica, mas investimentos em máquinas são fundamentais para indústrias manterem competitividade e acompanhar a demanda”, ele defende.

SOPRO
Em janeiro passado, Ulisses Fonseca, diretor comercial da Multipack Plas, titular nacional em sopradoras por extrusão contínua, abraçava a projeção de vendas 30% inferiores este ano perante o balanço anterior. Em setembro refez a previsão de queda para 35%. “Aliado aos fatores da copa e eleições, influiu na estimativa a incerteza quanto às políticas do governo”, atribui. A mesma nebulosidade em torno dos rumos da economia é a justificativa de Fonseca para esperar movimento em linha ou inferior ao atual para o mercado em 2015.
O agronegócio, eterno salvador da balança comercial brasileira, funcionou feito um refúgio da tempestade no balanço de 2014 da Multipack Plas. “A produção de agroquímicos demandou bem sopradoras para bombonas de cinco,10 e 20 litros”, indica Fonseca. Daí também, ele emenda, a dianteira nas vendas este ano da empresa assumida pela máquina de uma estação AB-25L, acenada para o sopro de bombonas de até 30 litros. Ela dispõe de duas estações de pós-resfriamento, assinala o diretor. “O acabamento do gargalo é executado com perfeição e dispensa o emprego de estações de pós-resfriamento”, explica.  Por seu turno, a estação de extração de rebarbas  dessa sopradora  zera a incidência de intervenção do operador no produto acabado, completa Fonseca.
Na carteira de pedidos da Bekum do Brasil, desponta como campeão do ano a sopradora BA 25, distingue Uwe Margraf, responsável pela subsidiária da corporação berlinense. Para incrementar essa procura pela máquina, ele encaixa, foi lançado o modelo BA 25 de dupla estação. “Visa altas produções de embalagens industriais”, ele identifica.
Margraf vê o segmento de sopro afetado como um todo, em recesso nas compras de equipamentos gerado por crise de confiança generalizada no empresariado. “Em janeiro passado, o ano já se prenunciava difícil para as vendas, em especial por causa do travamento na liberação de crédito para as transações pela Finame”, ele justifica. “No momento, o quadro segue indefinido e pouco animado na maioria dos setores cobertos por nossas máquinas; por isso espero crescimento modesto da demanda em 2015, efeito do adiamento dos investimentos este ano”.
Newton Zanetti, dirigente da Pavan Zanetti, fera brasileira em sopradoras por extrusão contínua e de pré-formas, forma na corrente de que amanhã vai ser outro dia. “2015 será melhor por ser ano sem eventos e planejamos lançamentos para a montagem em maio próximo da Feiplastic”, ele confia. Na retaguarda, assinala, o crescimento aferido da Pavan Zanetti tem consolidado os investimentos em sua nova fábrica, habilitando-a para atingir um patamar maior de produção.
Na contramão de muitas vozes no setor de máquinas, Zanetti não se queixa de 2014. “O movimento de  sopradoras vai fechar estável este ano, um resultado excelente frente às nossas expectativas iniciais”. Para esse gol, ele indica, contribuiu a receptividade encontrada, na moldagem de polietileno de alta densidade (PEAD), na indústria de  produtos de limpeza e, no campo de polipropileno (PP), em galões de 20 litros para água mineral e recipientes do mesmo volume para ureia líquida. “No primeiro caso, influiu a regulamentada redução do tempo de vida do galão e, quanto à ureia, trata-se de um nicho em vias de saturação a curto prazo para sopradoras e, assim, deverá sair da nossa relação dos principais compradores de máquinas”.
Na raia do sopro de PEAD, delimita o porta voz da Pavan Zanetti, a liderança nas vendas este ano recai sobre as máquinas automáticas e de dupla estação BMT 5.6D/H e BMT 10.0DH, com respectivas capacidades  de sopro de cinco e 10 litros, recurso de rebarbação e monitoradas por CLP. “Também tem sobressaído a aceitação da sopradora BMT 14. 0DH, um modelo de longo curso de carros porta-moldes e destinado a grandes tiragens, proporcionando até oito cavidades de 1.000 ml por estação”, descreve Newton. Do lado das suas sopradoras de pré-formas, centradas na cobertura dos segmentos de água, sucos e limpeza doméstica, a campeã de pedidos no período atual é a máquina Petmatic 5000, elege o dirigente. “Dá conta de frascos no volume máximo de dois litros, com capacidade para fornecer, em trabalho com quatro cavidades, até 5.000 embalagens de 16 g para envase de 500ml”.
No balcão da Romi, nº1 em máquinas para plásticos do Brasil, o vice-presidente William dos Reis reconhece um movimento aceitável este ano para suas sopradoras de PET e os modelos de extrusão por acumulação, com destaque para os segmentos de componentes automotivos, bombonas industriais e recipientes para água, cosméticos e fármacos. “Mas a procura maior contempla os equipamentos por extrusão contínua da série C, em especial a sopradora C5TS, destinadas a recipientes de até cinco litros”, ele estabelece. Entre os chamarizes do modelo, Reis brande o controle proporcional em todos os movimentos hidráulicos, aguçando a precisão e repetitibilidade do processo, e o motor com inversor de frequência acoplado à extrusora, ponto a favor da economia energética. “ O comando CM10 dessa sopradora, munida também de controle de até 21 zonas de aquecimento do cabeçote, permite a programação de até 512 pontos no perfil do parison, uma garantia de excelência na distribuição de material”.

EXTRUSÃO DE FILMES E CHAPAS
Referência nacional em monoextrusoras tubulares (blown), a Minematsu abriu 2014 animada com o calor da demanda, sentido no surto de orçamentos de máquinas solicitados por transformadores. “Desde então, o  mercado alternou-se entre períodos de fechamento de negócios e fases de baixa procura de extrusoras”, avalia o dirigente Ricardo Minematsu. A sorte de 2015, ele julga, será lançada pelo governo. “Esperamos uma política melhor para a indústria em geral, pois este ano marcou por muita dificuldade na liberação de financiamento das vendas pelo BNDES e pela demora para receber o pagamento após o processo de entrega do equipamento”.
Entre os mercados cobertos por suas máquinas, Ricardo nota que a maior procura veio do segmento de filmes de resina reciclada, destinados a sacolas, sacos de lixo e multiuso. “O movimento foi puxado pela extrusora MG 60, mérito do seu custo/benefício”, atribui o fabricante, frisando também a saída de suas extrusoras para plástico bolha.

EXTRUSÃO DE TUBOS
“O resultado das eleições terá impacto direto no mercado de máquinas para tubos”, considera Bruno Sommer, gerente da divisão de extrusão do grupo alemã KraussMaffei para a América Latina. “Não só por ele estar ligado à construção civil e infraestrutura , mas pelo ânimo para investir dos empresários depender da confiança no próximo governo”. No mais, ele acredita, seja quem for o presidente, são esperadas correções no rumo da economia. “Por isso, esperamos um balanço de 2015 igual ou pior que o do período atual e a expectativa imediata é de fecharmos dezembro com vendas em linha com o  planejamento traçado ao final de 2013”.
As extrusoras KraussMaffei Berstorff, aponta Sommer, transitam pelos segmentos predial e de infraestrutura, provendo tubos de PVC e poliolefinas, inclusos corrugados. “Com o acirramento da competição nesse campo da transformação, as margens estão em queda e, em decorrência, aumentam as dificuldades de reinvestimento em extrusoras de ponta”, coloca. “Em contrapartida, ganha importância trabalhar nesse cenário com equipamentos de precisão e rendimento elevados, ainda mais considerando-se que a variação da espessura na produção de tubos implica prejuízo devido ao maior consumo de matéria-prima”. É esta confiabilidade  no processo, ele arremata,  o argumento de venda das linhas KraussMaffei Berstorff, ao lado de ímãs como a excelência no torque, economia energética, homogeneização da massa e vida útil dos conjuntos de plastificação.
Com base no histórico das vendas para a América Latina, Sommer enquadra como seu carro-chefe este ano dois modelos de extrusoras de dupla rosca contrarotante para tubos de vinil: as linhas KMD 75-36 e KMD 90-36, ambas turbinadas pelo redesenho do conjunto de plastificação.
Com cadeira cativa na produção de filmes e chapas, a Rulli Standard, pedra angular em extrusoras, também sentiu o baque na carteira este ano. “Tanto no segmento de flexíveis como no de rígidos, o comportamento das vendas não poderia ter sido pior”, vaticina Paulo Leal, engenheiro integrante da área comercial. “A instabilidade econômica que nos assombra, regada por medidas paliativas do governo e perturbada pela incógnita em torno do vencedor das eleições, não tem convencido os empresários a ponto de investirem na compra de  equipamentos”.
Quando uma frente fria paira sobre o mercado, ele raciocina, os transformadores restringem gastos ao extremamente necessário. “Nesse quadro, máquinas sofisticadas vão para segundo plano e cedem espaço a extrusoras mais básicas, capazes de preencher de imediato uma lacuna na produção e atraentes pelo financiamento mais em conta e fácil de se conseguir”, expõe Leal. A Rulli Standard comparece nesse cenário, ele assinala, com máquinas blown para filmes técnicos e linhas para chapas dirigidas a termoformados como descartáveis, exemplifica o engenheiro. Entre as melhorias de adoção recente no seu portfólio de extrusoras, Leal destaca roscas com perfil diferenciado, receitas em tela para gravar temperaturas e velocidades e soluções para poupar energia e para viabilizar a extrusão exclusivamente com matéria-prima reciclada.
Apesar dos pesares do momento, Leal não atira a toalha. “Encaramos 2015 com otimismo, pois o consumo de filmes e de descartáveis impressos vem subindo na contramão da crise”, sustenta.
O mesmo voto de confiança transparece do astral de Carlos Dainese Maia, sócio executivo da Converprint Soluções em Máquinas e diretor comercial no Brasil da Luigi Bandera, monumento da Itália em extrusoras craques em filmes e chapas. “Ainda não é claro o cenário para 2015, mas depois que chegarem ao mercado os produtos fornecidos pelas extrusoras que vendemos, seu grau de qualidade e as vantagens em custos gerarão muita preocupação entre os transformadores concorrentes”, aposta o representante.
Ao longo deste ano, constata Maia, empresas famintas por inovações têm se empenhado em abrir a porta de mais mercados e uma chave mestra tem sido a extrusora Bandera mais vendida no planeta: o modelo de dupla rosca High Duty Line para chapas. “Desprovido de cristalizador e desumidificador, o equipamento dispensa o tratamento prévio dos flakes e marca pela excelência na operação com polipropileno (PP), poliestireno (PS), ácido polilático (PLA), além de PET e variantes como o poliéster cristalino (CPET), o tipo mais duro e altamente cristalino (PETG), a versão estrutural expandida (XPET) e o tipo expandido do material cristalino (XCPET)”, ele enfileira.
Hoje em dia, as máquinas Bandera dotadas de plena automação despertam mais interesse entre os transformadores do Brasil, percebe Maia. Como referências, ele cita a máquina de dupla rosca para chapas de XPET e, para flexíveis dois tipos de coextrusoras blown: o modelo com cabeçote automático para películas de três e cinco camadas destinadas a  geomembranas e silos tipo bolsa e a linha para filmes de alta barreira, de sete a 12 camadas, acenada para embalagens de alimentos. Todos os equipamentos Bandera estão ajustados  aos preceitos da norma de segurança NR 12 e, entre seus avanços significativos, Maia destaca os recursos de identificação de problemas e para autolimpeza das extrusoras.

TERMOFORMAGEM
“Até dezembro, o reduto de copos descartáveis, potes e tampas deve receber cerca de 40 termoformadoras, das quais 80% nacionais e 20% importadas”, reparte Luiz Fernando do Valle Sverzut, diretor da Hece Máquinas, pedra de toque do Brasil no segmento. “Nossas previsões de vendas em 2014 furaram e é muito grande a preocupação  com o novo governo para os próximos quatro anos”.
Szverzut considera potes e tampas o porto seguro para a Hece refugiar-se da calmaria nas vendas este ano. “Tratam-se de embalagens para vendas em supermercados, caso de potes e tampas para a indústria de doces, e uso doméstico”, ele explica. No primeiro caso, ele assinala, são requeridas termoformadoras e moldes de alta precisão, “pois os potes gerados seguem para o envase automatizado”. Na mesma trilha, Sverzut elege suas termoformadoras HF-550 RSJ e HF-550 TPJ, respectivamente dirigidas a potes e tampas, como o carro-chefe do portfólio da Hece no exercício atual. “Foram procuradas, em especial, por empresas estreantes em embalagens ou em fase de expansão de sua capacidade de termoformagem”.
Em paralelo, o diretor empunha dois lançamentos talhados para duelar com a concorrência importada: a máquina HF-750 Tilt, para copos de fast food e potes industriais, e o modelo HVF-750 II, focado em tampas e bandejas. Szverzut adianta o plano de expor as novidades na próxima montagem da Feiplastic e põe fé numa retomada. “Investimos com recursos próprios nesses desenvolvimentos, demonstrando uma visão otimista do mercado brasileiro e latino-americano”.
No front dos importadores, Patrick Claassens, diretor da Kiefel do Brasil, enxerga o setor de linha branca como destino da maioria do últimos projetos envolvendo suas terrmoformadoras alemãs. “Temos alguns negócios a serem concretizados no âmbito de embalagens para campos como agricultura e avicultura, mas a incerteza em relação ao resultado das eleições tem levado os clientes a segurarem os investimentos”, percebe o representante. Essa cautela está generalizada no mercado brasileiro de termoformadoras Kiefel e Claasses confia em melhora do clima após a abertura das urnas. “Como nossas máquinas atuam nos setores automotivo, de embalagens, linha branca e área médica, a demanda deve se estabilizar em 2015”, ele confia.
Ao esquadrinhar seu balanço deste ano, Claassens  fisga a termoformadora KIV/KID como sua máquina mais vendida para a indústria de linha branca. “É um equipamento de alta pressão, capaz de produzir 300 unidades/h de painel de porta de geladeira”, descreve.  “Ele inova no gênero por executar termoformagem e corte na mesma estação e possibilita a moldagem sob temperaturas menores”. Esses predicados do modelo KIV/KID resultam numa produtividade 65% acima do nível proporcionado pela concorrência  e no fornecimento de peças mais rígidas, em função de melhorias na morfologia do material, permitindo redução de até 20% na espessura da chapa, afiança o especialista.
No compartimento das embalagens, a máquina KMD 78 puxa as vendas brasileiras das termoformadoras Kiefel. A propósito, deixa claro Claassens, sua marcação desse setor está sendo fortalecida pelos préstimos de uma nova máquina. “O modelo KMD90 sobressai pela área de 865 mm x 915 mm para termoformagem, troca de moldes facilitada e capacidade para operar a 40 ciclos/min”, assegura o dirigente.

ROTOMOLDAGEM
O freio puxado nas vendas não pegou a Rotoline, avatar  das linhas de rotomoldagem, no contrapé. “Prevíamos retração no movimento por tratar-se de um ano tornado atípico devido à Copa, eleições e desaceleração da economia”, justifica a gerente comercial Kadidia Umar. “Assim, fecharemos 2014 com números inferiores aos dois balanços anteriores, quando as estimativas originais de vendas foram superadas”.
Em meio à prostação generalizada nos campos da rotomoldagem, Kadidia pinça a construção civil como exceção. “Ela se mantém ativa e com compras crescentes de máquinas para caixas d’água, tanques e cisternas”, ela indica, atribuindo o movimento à estiagem e falta de rede de abastecimento de água  em diversas regiões. “Também em decorrência disso, nunca vendemos para os transformadores desse segmento tantos moinhos micronizadores de polietileno como este ano”.
Kadidia elege como carro chefe da Rotoline a máquina shuffle, dotada de dois braços e dois carros. “Mas o modelo de maior saída este ano foi o carrossel, com três braços, três carros e sistemas automáticos de pesagem, alimentação de matéria-prima e abertura e fechamento dos moldes”, ela distingue. Quanto aos aprimoramentos recentes nos equipamentos montados na sede em Chapecó (SC), Kadidia exemplifica com controladores de temperatura dos moldes, medidores de vazão de gás e cercas protetoras da máquina equipadas com sistema de intertravamento via o software do equipamento.
O nevoeiro da incerteza tampou a tal ponto o horizonte que Kadidia se esquiva de palpitar sobre o comportamento da demanda em 2015. “É quase como navegar às cegas; não há como traçar previsões sobre o movimento nos próximos anos”, pondera. “Mas, pelas informações do mercado interno, 2015 será um ano tão ou mais difícil que 2014”. Uma válvula de escape para a Rotoline, emenda a gerente, é o seu grau de internacionalização, presente inclusive na presença da norte-americana Reduction Engineering em sua composição societária. Além das exportações para o restante da América Latina, a empresa saboreia o reerguimento da transformação nos EUA através da fábrica em operação desde 2013 em Ohio.  •

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