PVC: previsão de piora no excedente mundial

Os reflexos da combinação na China de PIB fraco com autonomia de sobra na produção do vinil
PVC da China: guinada no mercado mundial com o país passando de importador a exportador regular do vinil.
PVC da China: guinada no mercado mundial com o país passando de importador a exportador regular do vinil.

Em 1992, quando o Palmeiras foi (mais uma vez) eliminado do mundial interclubes, começava o chamado superciclo de investimentos da petroquímica global e cuja duração até 2023 mudou em 180º a conjuntura para PVC. O excedente aferido naquele período entre capacidade e demanda do vinil no planeta foi estimado em 8 milhões de t/a pela consultoria Icis, que agora não faz por menos: o mesmo gap deve pular para 15 milhões de t/a entre 2024 e 2030, informa John Richardson em artigo no site da empresa. Nessa pegada, ele detalha, a taxa de ocupação da capacidade global do polímero deve passar da média anual de 80% entre 1992 e 2023 para 75% deste exercício a 2030.

A intromissão da China nessa reviravolta não pode ser subestimada. No período 1992-2023, ela acolheu 24% das importações mundiais de PVC, um índice que cai agora a zero, de forma abrupta, pois nesse ínterim o país atingiu plena autonomia produtiva no polímero, saindo da condição de importador para a de robusto exportador regular daqui para frente. Síntese do sufoco: o campo internacional para importações de PVC encolhe 24% num momento de agravamento da superoferta da resina sob um cenário de globalização declinante, ponto contra exportações da China, cuja  economia interna  hoje fraqueja.

A propósito, revela o banco de dados da Icis, a América Latina respondeu por 13% das importações mundiais de PVC entre 1992 e 2023. No Brasil, os desembarques do vinil deslancham desde 2018, a partir da convulsão geológica em Maceió que fraturou e até hoje não restabeleceu a capacidade operacional do maior produtor da resina no país, a Braskem. A título de referência, o Brasil importou 425.981 toneladas do vinil no ano passado, internações lideradas pela Colômbia com 192.876 toneladas, pelos radares oficiais.

Retomando o fio da conjuntura internacional, entre 1992 e 2023, delimita o rastreio da Icis, os EUA, empoleirados no etano extraído do gás mais barato do planeta, assinaram 85% das exportações mundiais de PVC. Uma dianteira a caminho de transfiguração com a arrancada da China como exportadora daqui por diante. A consultoria também  prevê que, entre 2024 e 2030, a participação anual da China na capacidade global de PVC suba para 78% ao ano entre 2024 e 2030 versus 21% entre 1992 e 2020.

Também para o período 2024-2030, a Icis pressente que a fatia da China na demanda mundial de PVC atinja 40%, mesmo considerando o peso de entraves como a zilhardária crise imobiliária, dívida pública superior a 250% do PIB e uma população que cresce com principal base no contingente de idosos, um choque demográfico. Por essas e outras, a Icis antevê que a demanda doméstica de PVC na China não ultrapasse 3% ao ano até 2030 contra a média anual de 10% aferida entre 1992 e 2023.

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