Pureza 2.0

Sik embarca em PET reciclado para potes de alimentos
Grunewald e Schunck: aval da FDA é diferencial para o mercado de termoformados.

Após uma provação de dois meses para o desembaraço na alfândega, a Sik Plastic colocou para rodar em sua planta em Santo Amaro, zona sul paulistana, uma extrusora alemã de chapas de PET com 100% de conteúdo reciclado pós-consumo. O equipamento MRS 110 da alamã Gneuss demorou exatamente um ano para partir desde que o pedido foi colocado, em julho de 2014. Mas a espera valeu a pena. A lâmina plástica resultante do processo, indicada para termoformagem de bandejas e embalagens para alimentos, tem autorização da agência regulatória norte-americana Food and Drug Administration (FDA), para esse tipo de aplicação, dispensando a necessidade de camada externa de polímero virgem, expõe Andrés Grunewald, diretor responsável pelas vendas da Gneuss na América do Sul. Além de a chapa possuir qualidade superior nos quesitos transparência e resistência mecânica, a operação é mais competitiva do ponto de vista do bolso. Ela dispensa a onerosa, demorada e eletrointensiva fase de desumidificação de flakes e, claro, utiliza resina recuperada. A diferença no preço com relação à matéria-prima de primeiro uso chega a superar 50%, calcula Bruno Schunck, diretor da Sik.
A empresa planeja entrar com pedido de certificação da nova chapa de PET na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), processo sem data para ser concluído, Schunck lamenta. Enquanto esse aval não chega, a Sik vai em busca do atestado de atoxicidade conferido pelo laboratório Falcão Bauer, diferencial que atende a algumas exigências de clientes, encaixa Moacir Silva, representante comercial da transformadora. Pelo seu acompanhamento, o mercado de embalagens termoformadas para alimentos com conteúdo reciclado é bastante informal e carece de fiscalização. “A autorização da FDA já nos coloca em patamar bem superior ao de concorrentes”, Silva confia.
PET absorve muita umidade, razão pela qual necessita de secagem apurada antes de entrar em linhas convencionais. “Por seu turno, a tecnologia MRS, que significa sistema multirrotacional, consegue sozinha eliminar essa etapa”, explica Grunewald. Trata-se de uma extrusora convencional monorrosca que, em sua seção MRS, possui oito roscas independentes que extraem a umidade e todos os contaminantes voláteis da resina. O processo ainda remove resíduos de materiais sólidos, como areia e metais. “Com isso, geramos uma massa pura, pronta para contato com alimentos”, assevera o porta-voz da Gneuss.
De acordo com ele, os flakes de PET utilizados nem precisariam de certificação de origem, pois o sistema MRS garante a descontaminação completa. No entanto, apesar de a chapa resultante estar totalmente adequada para produção de embalagens alimentícias, a máquina não é capaz de remover resquícios de outros polímeros eventualmente misturados ao poliéster. “Esse fator pode comprometer a termoformagem e qualidade do produto final. Por isso trabalhamos com seis fornecedores homologados”, lembra Schunck. A empresa, aliás, aumentou sua base de suprimento de flakes para alimentar a nova máquina da Gneuss. A Sik já coextrusava um tipo de chapa de PET com conteúdo recuperado na camada intermediária, produto também apropriado para contato com alimentos por ter resina virgem nas camadas externas. Contudo, esse processo é mais caro, pois exige duas extrusoras operando em paralelo, além de requerer mais pessoas trabalhando na linha. Isso sem contar que a lâmina leva boa quantidade de PET virgem, insumo de preço mais elevado.
A nova extrusora da Sik é o quarto modelo Gneuss MRS instalado no Brasil, mas é o primeiro destinado à produção de chapas de PET de conteúdo 100% reciclado para termoformagem, assegura Grunewald. Por se tratar de patente global, ele insere, não há similar em local algum e, por isso, o equipamento consegue entrar no Brasil com as bênçãos do regime de Ex-Tarifário. A Gneuss também oferece financiamento próprio, crucial em um momento de juros na ionosferas e escassez na oferta de crédito.
A meta da Sik é que a extrusora MRS 110 rode em breve em sua capacidade total de 350 t/mês. Os primeiros lotes produzidos transitavam em testes em clientes até o fechamento desta edição. Schunck espera o retorno do investimento em 18 meses. ∞

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