Atônita sob a crise tida como sem precedentes, com preços tensionados dos petroquímicos básicos e polímeros (quadro extensivo à Europa), a França vislumbra uma performance raquítica para sua indústria química: com muitas companhias imersas em cortes de custos e planos de expansão, a produção de químicos da segunda economia da zona do euro deve saltitar 1% em 2024, atesta em comunicado liberado em 9 de abril a organização empresarial France Chimie.
O setor químico francês tomou uma bola nas costas em 11 de abril, quando vazou para a imprensa a decisão da Exxon Chemical France de fechar seu complexo petroquímico (cracker e plantas de resinas) de Gravenchon, em Port Jerome-sur Seine, na Normandia. Sua saída de cena foi fundamentada em perdas acumuladas da ordem de US$ 500 milhões desde 2018. Pela lupa da France Chimie, a contração do segmento de polímeros no país transita no mesmo percentual notado na União Europeia, decorrência da competitividade perdida diante da concorrência internacional (asiática, em particular) nem sempre adepta das mesmas condutas regulatórias. Por essas e outras, aliás, o grupo Cefic calcula que as importações europeias de produtos químicos chineses culminaram em chocantes US$ 57 trilhões no ano passado, relata o relatório mensal de Paul Hodges, CEO da consultoria New Normal. Na mesma trilha, a entidade France Chimie prevê, para o período corrente, queda da ordem de 40% nos investimentos do setor químico francês em ampliações de sua capacidade. Para Hodges, de duas uma: ou a indústria europeia desce as portas ou se reestrutura sob respaldo de uma política industrial verde para proteger os empregos e reerguer sua soberania na manufatura. Não há saída à francesa.