Produtos de limpeza perseguem a volta por cima em 2023

Recuo na produção em 2022 desmontou patamar recorde desfrutado por 3 anos
Produtos de limpeza
Lavagem de roupa: segmento de saneantes de maior crescimento em 2022.

Sem ter ainda em mãos os dados em volumes, Paulo Engler, diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes de Uso Doméstico e Uso Profissional (Abipla), situa em 5,7% abaixo de 2021 a produção do setor no ano passado. A retração é justificada por ele com a escalada do dólar e custos industriais, tipo energia elétrica e combustíveis; matérias-primas e embalagens (predomínio de recipientes plásticos) e a indestrutível concorrência informal, cada vez mais sacudida e forte. O dirigente rememora que a manufatura de saneantes emplacou recorde em 2019, segurou este estandarte até 2021 e aí trombou com a realidade perversa de 2022.

Paulo Engler da Abipla
Engler: informalidade abocanha 22% do mercado de saneantes domésticos.

Para o período corrente, Engler confia que o recuo na produção não perdura. “Mas ainda não vai dar para repor a perda integral aferida em 2022, com o mercado limitando-se a crescer na faixa de 2% no acumulado até dezembro próximo”. A situação dos saneantes, argumenta Engler, difere do panorama mal humorado que ele vê para bens duráveis sob o crédito caro e reprimido colocado ao público este ano. Saneantes são bens de não duráveis, essenciais e de consumo e rápido, ele distingue, categoria favorecida por fatores em cena como recuperação do emprego formal, suprimento normalizado de insumos importados, inflação insinuando algum arrefecimento e o mirrado poder aquisitivo do grosso da população nutrido com programas de transferência de renda, tipo Bolsa Família, amenizando assim a inadimplência descomunal. “Com esse clima, os investimentos hoje represados no plano geral, devem ganhar o mercado no segundo semestre e contribuir para uma reação positiva no giro dos saneantes”, julga o dirigente.

Engler não distingue uma categoria em particular de saneantes entre as penalizadas sob a queda na produção geral do setor no ano passado. Quanto às que se saíram melhor, ele destaca apenas as vendas de produtos para lavar roupa, em pó ou líquidos.

Em contraste com a descida de impacto na produção de saneantes nos conformes tributários, a informalidade no ramo continuou a se alastrar em 2022, escapando incólume do crivo do Fisco. “O comércio paralelo detém 22% do mercado doméstico, 18% do profissional e zero no hospitalar, acho que por senso de responsabilidade dos compradores desse segmento”. Engler salienta, a propósito, que a informalidade em saneantes não se refere mais a “produtos de fundo de quintal, envasados em garrafas PET pata segundo uso e vendidos na rua numa Kombi velha”. Hoje em dia, ele nota, o mercado marginal é tocado por pequenas indústrias que destinam a este comércio sem nota parte ou toda a sua produção à base de saneantes, dotados de uma qualidade mais próxima do nível profissional  e embalados em recipientes novos e adequados. “São produtos sem registro na Anvisa, desprovidos de identificação fiscal, comercializados nos grandes centros urbanos onde a informalidade prolifera, caso de Rio e São Paulo, e chegam a preços palatáveis para a população de baixa renda, detentora do grosso do consumo nacional, em pontos como comunidades fora do alcance das marcas em linha com a lisura fiscal”.

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