PP: Brasil é o 3º importador da China no 1º semestre

Foi o 4º destino mundial no mesmo período em 2023
Polo de Triunfo: enchente do Rio Grande do Sul sustou maior parcela da produção nacional de PP.
Polo de Triunfo: enchente do Rio Grande do Sul sustou maior parcela da produção nacional de PP.

O rolo compressor do excedente mundial e a mutilada produção nacional da resina, fruto da enchente de maio no Rio Grande do Sul, contemplaram o Brasil com medalha de bronze entre os destinos das exportações de PP da China no primeiro semestre. Rastreio da consultoria Icis totaliza em 1.260 milhão de toneladas as vendas externas da poliolefina chinesa de janeiro a junho, quando o Brasil respondeu por fatia de 6%, aliás percentual idêntico atingido pelo país no mesmo período de 2022, quando configurou o quarto destino desses embarques, então acumulados em 669.566 toneladas.

O abrupto salto entre os semestres comparados tem a ver, à parte a demanda mundial mais anêmica, com a plena independência conquistada pela China na produção de PP, a ponto de sua capacidade instalada hoje superar o consumo integral interno, sublinha John Richardson, blogueiro do portal da consultoria. A propósito, varredura da Abiquim situa a China como vice-líder entre as origens do polímero internado no Brasil de janeiro a junho deste ano (68.762 toneladas) e no mesmo intervalo em 2022 (16.202 toneladas). Nos rankings dos principais importadores de PP chinês nas metades iniciais de 2024 e 2023, a Europa não dá as caras, a Ásia dita o grosso dos destinos e o cliente medalha de ouro é o Vietnã. Pelo andar da carruagem, a Icis prevê exportação de 2.5 milhão de toneladas de PP pela China no exercício corrente versus 1.3 milhão no ano passado.

“Em política, uma semana é tempo demais”, já dizia pré-internet o premier britânico Harold Wilson. Pois na petroquímica de hoje em dia, uma semana é quase uma eternidade sob o jogo de forças dos critérios orientadores do mercado mundial: a geopolítica, impactos climáticos, demografia e o fim do “milagre” econômico da China, passado o superciclo de investimentos (1992-2021) e, desde 2022, o endividamento do governo, derrocada imobiliária e perda de renda de uma população com predominio de idosos e baixa natalidade.

Também por causa deste pano geral de fundo, têm ido a pique os spreads médios (diferença entre custos de matéria-prima e preço da resina) percebidos em PP/t da China pelo radar da Icis. Entre 2003 e 2021 o quadro era este: US$ 597 para copolímero de bloco; US$ 554 para a resina para ráfia e US$ 546 para homopolímero de injeção. Corte para o mesmo quadro entre janeiro de 2022 a julho de 2024: US$ 254 para copolímero de bloco e US$ 231 para os tipos destinados à ráfia e injeção. John Richardson assinala que o spread médio resultante dos três grades de PP resulta em US$ 239/t, de modo que ele precisaria subir 136% para voltar ao patamar usufruído antes da China tombar.

Richardson não arrisca previsão para essa virada acontecer e larga uma incógnita no ar: a China precisa incrementar seu esforço exportador de PP, ampliando o leque de destinos, para desova do seu excedente em nível satisfatório. Mas como ativar essa arrancada diante da possibilidade de um número crescente de medidas protecionistas baixadas por países que importam a resina em complemento à produção interna insuficiente e não competitiva do polímero?

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