Policrise não breca expansão global de eteno

Clima turvo não abala motivações para investir no petroquímico básico
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Cracker de eteno: pelo menos 7 projetos ampliarão capacidade global em 12 milhões de t/a

De tempos em tempos, pinta um neologismo para captar no vocabulário o espírito da época. Um dos mais populares hoje é policrise, para sintetizar o atual enguiço mundial aprontado por um balaio de gatos: sequelas remanescentes da pandemia, desgraças climáticas, a guerra na Ucrânia mutilando a Europa, inflação mundial ainda imune aos juros básicos na lua, tremedeiras no mercado financeiro e, no plano mais específico, a economia mutante da China.

Apesar do envelhecimento da população, retração imobiliária e pobreza da zona rural, a China embolsou 42% da demanda global de plásticos commodities em 2021 e, mesmo que cresça com regularidade 2,5% ao ano doravante (governo chinês prevê aumento de 5% no PIB de 2023), suas importações de polímeros devem murchar, na garupa da crescente autonomia de sua petroquímica. Apesar dessas turbulências todas (e em boa parte por causa delas), tem aumentado o mercado mundial de poliolefinas virgens, alheio ao repúdio ambientalista a elas por derivarem de fontes fósseis. Isso ocorre porque a qualidade de vida da humanidade depende de PP e PE e a engorda do seu consumo traduz melhora na renda de populações, como revelam as compras de bens de consumo imediato em países emergentes agraciados com retomadas econômicas.

Face a estes pesos nem tão opostos assim na balança, a consultoria Icis arrola os seguintes projetos internacionais de crackers de eteno escalados para vir à tona em quatro anos: nos EUA, Chevron Phillips e QatarEnergy, montam cracker de 2,08 milhões de t/a e, no Qatar, implantam outro de 1,8 milhão de t/a. No Canadá, Dow levanta cracker de 1,8 milhões de t/a. Na luneta da Icis, o único cracker na Europa hoje imersa em atoleiro energético será o de 1,45 milhão de t/a de eteno programado para a Bélgica pela Ineos.

A Arábia Saudita sediará o cracker de 1,65 milhão de t/a da Saudi Aramco e TotalEnergies. A lista da Icis fecha por enquanto com projetos em curso no Leste Asiático: Sinopec e Saudi Aramco ativarão na China um cracker de 1,5 milhão de t/a eteno, a S-Oil (subsidiária da Saudi Aramco) planeja partir outro de 1,8 milhão de t/a na Coreia do Sul.

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