Apesar da precariedade da saúde pública brasileira no plano geral, o país possui o maior sistema para transplantes de órgãos do mundo e o número de procedimentos cresce satisfatoriamente. No ano passado, 7.649 cirurgias do tipo foram realizadas no Brasil, quase 200 a mais do que 7.456 no ano anterior, segundo dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO). De olho nessa expansão, a Biotecno, baseada em Santa Rosa (RS), inovou e criou uma caixa refrigerada para transporte de órgãos com a proposta de minimizar perdas no processo logístico.
A solução é feita de copolímero de acrilonitrila, butadieno e estireno (ABS) e dispensa a utilização de gelo, explica o fundador da empresa Nerci Linck. O plástico, ele prossegue, ainda propicia a diminuição do peso e aumenta a resistência e durabilidade do produto. “O material também contribui para a aparência da caixa”, ele julga. Enquanto o visual é moderno e sofisticado, o custo é da mesma forma mais atrativo.
A empresa investiu R$ 200 mil no projeto, montante aplicado no desenvolvimento de moldes, placas eletrônicas, estudos de mercado e de viabilidade, bem como compra de matéria-prima, componentes eletrônicos e de refrigeração. “O valor também foi usado para pagar honorários dos profissionais envolvidos”, esclarece Linck.
Sem revelar o parceiro responsável pela injeção do artefato, o diretor da Biotecno afirma que a caixa é formada por 13 peças plásticas, cujos moldes foram desenvolvidos por uma empresa terceirizada especializada. O produto, ele acrescenta, trabalha com três possíveis fontes de energia, sendo entrada auxiliar de 12V disponível em qualquer automóvel, bateria interna que garante duas horas de autonomia ou conexão à rede elétrica convencional. “Já depositamos a patente nacional”, ele complementa.
O sistema da Biotecno, que possui 12 anos de experiência no reduto de refrigeração médica e científica, assegura o controle exato da temperatura. Segundo Linck, trata-se de um fator primordial para que o órgão mantenha as características necessárias para atender aos pacientes nas filas de transplante. “Assim, não há contato com material criogênico, que pode ocasionar necrose localizada, diminuindo a qualidade e até impossibilitando o uso do órgão em determinados casos”, assinala.
A caixa térmica custa R$ 7.600 e está registrada na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O produto, insere Linck, foi também concebido para transportar vacinas, medicamentos, bolsas de sangue, amostras laboratoriais e outros itens termolábeis (sensíveis ao calor) que precisam ser armazenados em temperatura de 2°C a 8°C. “Nesse contexto, as expectativas de faturamento são mais que satisfatórias pelo ineditismo da caixa, sua funcionalidade e sua vida útil”, completa o diretor. •
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