“As condições do mercado mudaram para a indústria do plástico em 2023 e o modelo de atuação que funcionou no passado para nós agora não serve mais”. Aloke Lohia, CEO da petroquímica tailandesa Indorama Ventures, nº1 mundial em PET, justificou com esta admissão a entrada em campo da estratégia de reestruturação operacional do grupo denominada “IVL 2.0”, informa matéria postada no site Sustainable Plastics.
A corrosão pegou fundo nos indicadores do último balanço. Os ganhos da Indorama caíram 53% no ano passado, descendo ao patamar de EBITDA (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) de US$ 1.12 bilhão e o faturamento despencou 17% versus 2022, totalizando US$ 15.6 bilhões. A retração foi atribuída a fatores macro que erodiram os resultados de petroquímicas em geral no último período, a exemplo da guerra na Ucrânia, juros altos, pressões inflacionárias e a economia anêmica da Europa e China. No geral, Lohia observou que a fraqueza da China converge para excedentes de capacidades perante a demanda interna e, por tabela, exportações mais acessíveis. Já na América do Norte, o dirigente nota que os preços baixos das matérias-primas aguça a competitividade dos materiais, a exemplo de polímeros como PET, a jusante (downstream) da cadeia petroquímica.
O CEO pondera que o plano “IVL 2.0” foi criado para possibilitar ao grupo de capital aberto tirar proveito dos preços baixos de matérias-primas de PET (eteno, tolueno, benzeno, xilenos mistos, paraxileno etc) por meio da produção ou compra de negócios capazes de influir na redução do capital de giro e custos dos financiamentos. Com essas macro coordenadas, a Indorama persegue agora a redução em US$ 2.5 bilhões em sua dívida líquida, antevendo-a em torno de US$ 3.4 bilhões em 2026. A meta inclui a geração no fluxo de caixa de US$ 800 milhões advindos de melhorias operacionais e de US$ 1.7 bilhões provenientes de ações como desinvestimentos. Nos próximos três anos, a política “IVL 2.0” paira sobre quatro objetivos estratégicos. Entre eles, consta a subida de 74% para 89% na taxa operacional geral dos ativos do grupo, processo que abrange cogitações como a transferência da produção para plantas consideradas mais econômicas e de porte mais apropriado à nova realidade do mercado. Segundo análise da consultoria Icis, uma possibilidade nessa linha de raciocínio seria a Indorama deixar de atender a Europa com produção local de PET em prol de exportações do poliéster da operação asiática, mais competitiva.
Outras metas na mira da Indorama para cumprimento até 2026 incluem a aplicação de US$ 450 milhões em ganhos de eficiência de US$ 350 milhões em inovações sustentáveis, além da venda de ativos não identificados com o negócio principal do grupo a Indorama Ventures. No Brasil, o grupo controla em Pernambuco um complexo de 550.000 t/a de PET integrado ao insumo ácido tereftálico purificado (PTA) e opera uma recicladora de 25.000 t/a de PET grau alimentício em Minas Gerais.