Pesquisa de Opinião

De olho na popularidade, o governo procura estimular o consumo enquanto o Banco Central aumenta os juros para frear a inflação, restringindo o poder aquisitivo. Diante desse cenário contrastante, sua empresa permanece à espera de maiores definições ou percebe oportunidades para expandir seu negócio?
De olho na popularidade, o governo procura estimular o consumo enquanto o Banco Central aumenta os juros para frear a inflação, restringindo o poder aquisitivo
Jonatan Faust, Diretor Financeiro do Grupo Krona

Jonatan Faust

Diretor Financeiro do Grupo Krona

“Mesmo diante de um cenário econômico contrastante, o Grupo Krona enxerga oportunidades estratégicas para seguir avançando. Não temos por hábito uma postura de espera, mas sim, de atuar de maneira estratégica e adaptável para manter o ritmo de crescimento, pautando-nos no equilíbrio entre cautela e iniciativa. Estamos atentos aos movimentos do mercado e seguimos com base em uma gestão financeira responsável, que engloba controle de custos e capacidade de investimento. Aportes em inovação, fortalecimento da produtividade, a diversificação dos canais de vendas e o fortalecimento da marca também são norteadores do nosso modo de operar. Acreditamos que momentos de instabilidade também são férteis para a diferenciação competitiva. A título de referência, ampliamos recentemente a atuação em novos segmentos da construção civil e irrigação e reforçamos parcerias com distribuidores em estados do país considerados estratégicos. Essas ações nos permitem manter um crescimento sustentável, mesmo com o poder aquisitivo da população impactado. A postura do Grupo Krona é de confiança, com decisões embasadas em planejamento de longo prazo, agilidade nos ajustes de rota e proximidade do mercado”.
Erick Souza, diretor comercial da Maximu's Embalagens Especiais

Erick Souza

Diretor comercial da Maximu's Embalagens Especiais

“Nesse cenário, é difícil enxergar com antecedência para onde a corda vai pender. De um, lado tenta-se estimular a economia por meio de uma política fiscal perigosa que pode continuar a dar força à inflação. Do outro, o remédio (juros elevados) que busca desestimular a economia – o que, na prática, significa menos consumo, menos produção e menos investimentos. Ganha esse jogo quem estiver bem preparado e estruturado. Quem puder investir nesse momento, preparando-se para o fim desse ciclo, vai sair na frente. É o que a Maximu’s Embalagens Especiais está fazendo. Criando a oportunidade através da alocação da estrutura de capitais para investir quando ninguém pensa em aplicar com receio do que pode acontecer. A economia é cíclica e, mesmo que a subida dos juros se imponha na economia real, diminuindo as demandas para frear a inflação, elas não deixarão de existir. Não se trata de um fenômeno radical como o impacto da pandemia. Sendo assim, o ciclo vai passar. A diminuição de juros chegará e o crescimento da economia vai se impor. As empresas que souberem como tirar vantagem desse ciclo investindo com capital próprio ou dependendo pouco dos recursos de terceiros nesse quadro de juros nas alturas vão sair desse momento melhor do que estavam no início”.
Alexandre Françoso Lopes, gerente comercial da componedora Dakhia

Alexandre Françoso Lopes

Derente comercial da componedora Dakhia

“O Brasil enfrenta um cenário contrastante em que o governo busca estimular o consumo enquanto o Banco Central aumenta os juros para conter a inflação. Embora consideremos este período como desafiador, não só no Brasil, mas no mundo, acreditamos que desafios e oportunidades aparecem na mesma proporção. É preciso muita resiliência e adaptabilidade. Em tempos de incerteza econômica, empresas que conseguem se adaptar rapidamente às mudanças no mercado tendem a se destacar. Diversificar produtos e mercados pode ajudar a mitigar riscos e aproveitar novas oportunidades. Aqui na Dakhia estamos nos movimentando para reduzir custos de produção através da aquisição de matérias-primas mais baratas. Por sinal, os conflitos geopolíticos e o tarifaço do Trump podem, em consequência, tornar a América do Sul um local de escoamento de produtos excedentes, em especial asiáticos que, em regra, oferecem competitividade. Outra estratégia adotada pela Dakhia é investir em produtos inovadores e sustentáveis. Desse modo, podemos atrair consumidores que buscam soluções de longo prazo, mesmo em uma conjuntura de restrição de poder aquisitivo”.
Roberta Fantinati, diretora da Termocolor

Roberta Fantinati

Diretora da Termocolor

“É realmente desafiador o cenário atual, mas independentemente da política econômica, temos de continuar investindo em novos mercado e em tecnologias para melhora no processo produtivo e redução de custo dentro de casa. Buscar fornecedores com parcerias fortes e contratos para tentar diminuir a volatilidade de preços. Prosseguimos investindo conforme o orçamento traçado para 2025, pois o planejamos com viés bem conservador, pensando numa possível recessão no exercício atual, devido ao aumento das taxas de juros e dólar aferido em 2024. Entre os investimentos agendados, destaco o desenvolvimento de nova linha de produtos de aditivos, de características por ora mantidas em sigilo, para aumentar eficiência da peça transformada e/ou do produto final. Além disso, estamos fortalecendo a penetração de nossas cores e aditivos nos setores calçadista e de fios e cabos, dos quais antes não participávamos. Esse movimento reflete a decisão de buscar novos mercados para expandir o alcance da Termocolor através de suas soluções personalizadas. Também persistimos investindo e desenvolvendo a linha de masters à base de plásticos pós-consumo reciclados (PCR), com a mesma qualidade da resina virgem. Além do apelo ecológico, proporciona ao cliente economia na matéria-prima, uma vantagem especialmente conveniente neste momento do mercado”.
Jane Campos, diretoria geral da Radici Plastics

Jane Campos

Diretoria geral da Radici Plastics

“É um momento crítico para a política econômica. As medidas hoje adotadas são restritivas de crédito e a taxa de juros não permitirá o aumento de consumo. Portanto, a tendência é de baixa no mercado local. Aqui na Radici, minha empresa, estamos reagindo à conjuntura trabalhando para melhorar nossas exportações e compensar a queda prevista no mercado interno. Acabamos de realizar um grande investimento na nova planta em São Roque (SP). Partimos de 8.000 m² de área na antiga sede para 17.000 m² na nova fábrica, com capacidade ampliada em 15%, para a faixa de 24.000 t/a de compostos de engenharia. Estamos confiantes de que a retração atual é somente um momento, como muitos que já passamos. Vamos continuar trabalhando para expandir os negócios, fazendo a lição de casa, diminuindo gastos e expandindo nossa área de atuação.”
Fernando Esteves, diretor de desenvolvimento da Injequaly

Fernando Esteves

Diretor de desenvolvimento da Injequaly

“Diante desse cenário contrastante, a postura mais prudente que nossa empresa tem tomado é a de se manter atenta e flexível, monitorando de perto a evolução da economia e mirando nichos resilientes, como o automotivo e os de bens essenciais e os de consumo, em geral. Além disso, temos focado em soluções que resultam em reduções de custos para ajudar clientes e consumidores finais a lidar com as atuais restrições econômicas. Tudo isso somado à solidez econômica e baixo endividamento compõem o segredo do nosso sucesso”.

Gisele Barbin, gerente comercial do Grupo Extrusa

Gisele Barbin

Gerente comercial do Grupo Extrusa

“Estamos cautelosos, pois a alta dos juros tem influenciado nas intenções de expansão de nossos clientes. Muitos deles já anunciaram diminuição no ritmo de inaugurações (nota: de mais linhas de produção). Tivemos, então, de nos ajustar a uma demanda futura menor. Mas isso não significa que estamos estagnados. Entendemos que devemos continuar investindo em novos produtos que se adequem ao momento que o cliente está vivendo e criando embalagens mais econômicas para o consumidor não perder poder de compra. Adaptamos melhor nossos processos logísticos para proporcionar um atendimento mais dinâmico, com entregas menores. Muitas vezes os clientes ficam tão conservadores que podem ocorrer rupturas. Reagimos a isso investindo numa entrega mais eficiente e que possa socorrer os clientes em menos tempo quando necessário. Ou seja, estamos olhando um pouco melhor para aquelas contas que costumamos deixar de lado quando a demanda está alta. Talvez não seja o momento de vender mais e sim de vender melhor; o bom de olhar estes detalhes é que eles ajustam a empresa para receber o aumento de demanda no futuro. A necessidade de preservar o caixa em tempos de dinheiro caro nos leva a atentar mais para os processos A experiência nos ensinou que a adaptação é sempre um bom caminho em momentos turbulentos”.
Alessandra Camisotti, executiva da área administrativa da Atomplast

Alessandra Camisotti

Executiva da área administrativa da Atomplast

“Diante do cenário atual, com o governo tentando estimular o consumo e o Banco Central elevando os juros para conter a inflação, nossa empresa adota uma postura cautelosa, mas ainda vê oportunidades. No setor automotivo, por exemplo, há uma crescente demanda por soluções plásticas mais sustentáveis e de melhor custo-benefício, algo que podemos explorar com o desenvolvimento de novos componentes para os clientes industriais. Na linha branca, focamos em atender fabricantes em busca de produtos com peças injetadas com alto padrão de qualidade e eficiência, oferecendo soluções que os ajudem a reduzir custos e melhorar a competitividade. Embora o quadro econômico ainda esteja incerto, estamos mantendo a operação estável e preparados para nos adaptar conforme as condições do mercado se definam”.
Celso Ferraz, diretor geral da Mitsui Prime Advanced Composites do Brasil

Celso Ferraz

Diretor geral da Mitsui Prime Advanced Composites do Brasil

“O Brasil atravessa um momento de descolamento da inflação em relação ao centro da meta, o que tem gerado apreensão no Banco Central. Como medida paliativa e consensual no âmbito do Copom, tem sido adotada a gradativa elevação da taxa de juros (Selic), que já atinge 14,25% ao ano, com perspectiva de novos aumentos. Não há dúvidas de que a taxa de juros elevada freia os investimentos e inibe o consumo, especialmente de bens duráveis que dependem fortemente de financiamento. O setor automotivo, principal foco de atuação da minha empresa, é particularmente impactado por esse cenário, pois grande parte das vendas de veículos é financiada, tornando o investimento mais oneroso. De outro ângulo, observamos um crescimento nas vendas de automóveis no primeiro trimestre do ano, movimento que contrasta com a política restritiva adotada pelo Banco Central. Esse crescimento, no entanto, não surpreende: o ritmo de vendas ainda é inferior ao registrado no período pré-pandemia, e o Brasil apresenta uma demanda reprimida, reflexo da baixa taxa de automóveis por habitante – hoje em dia, cerca de cinco pessoas por veículo, número que contrasta fortemente com mercados mais maduros, onde essa relação chega a ser de um para um.

Também identificamos uma expectativa de crescimento moderado da produção automotiva no Brasil no exercício atual, com projeções superiores ao desempenho do PIB, o que tem gerado um sentimento positivo no mercado. Vale destacar ainda que o preço médio dos veículos no Brasil já ultrapassa a faixa de R$ 150.000, tornando o setor mais seletivo e direcionado a públicos menos impactados pelos efeitos da inflação, pessoas que continuam consumindo esse tipo de bem.

O contínuo investimento da indústria automotiva em tecnologia, sofisticação e segurança – que já soma mais de R$ 130 bilhões anunciados pelas montadoras – tem impulsionado novas oportunidades. Aqui na Mitsui estamos plenamente preparados para contribuir com o avanço do mercado automotivo brasileiro. Apoiados por nossos times globais, buscamos introduzir tecnologias e inovações já consolidadas em outras regiões do mundo. Acreditamos que o momento é oportuno para apoiar os clientes com mais opções, especialmente em cenários adversos.

De acordo com previsões de bancos e especialistas, espera-se que os juros iniciem um ciclo de redução gradual ainda este ano, o que pode favorecer o desempenho das vendas e, consequentemente, estimular a produção local de veículos.

Seguimos confiantes, portanto, em nossa missão de oferecer soluções que contribuam de forma relevante para o desenvolvimento do setor. Estamos focados em soluções para redução de peso de peças e de custos de pintura, peças estruturais e produtos com menor pegada de carbono, entre diversas outras inovações – tudo para entregar o melhor aos nossos clientes”.

Clóvis Dinis Cortesia, CEO do Grupo Copobras

Clóvis Dinis Cortesia

CEO do Grupo Copobras

“O cenário externo, incluindo políticas governamentais e decisões do Banco Central, exerce influência relevante sobre nossos negócios. No entanto, diferentemente de segmentos mais sensíveis ao curto prazo, esse quadro não é o principal filtro em nossas estratégias – ele atua como um dos últimos elementos de análise. Nossos projetos e diretrizes estratégicas se baseiam prioritariamente no comportamento dos consumidores, nas tendências de mercado e em projetos específicos de clientes. Ao identificarmos uma oportunidade ou ameaça que justifique um movimento mais robusto, conduzimos uma análise criteriosa de viabilidade econômica. Essa avaliação considera, entre outros fatores, o ciclo de vida do projeto, o tempo de retorno do capital investido e suas possíveis formas de financiamento – seja com capital próprio ou de terceiros. É neste último aspecto que o ambiente macroeconômico e a política monetária, especialmente a taxa Selic e suas projeções, ganham maior relevância.

Na prática, dentro da Copobras, projetos que avançam para a etapa de definição de financiamento já passaram por rigoroso processo de análises. E até o momento, a aparente incongruência entre os estímulos governamentais ao consumo e a atuação mais restritiva do Banco Central não tem sido um fator limitante para nossos investimentos. Como exemplo, entre 2024 e 2025, nossos aportes de recursos superarão a marca de R$ 100 milhões, sendo que mais de 70% desse valor já foi executado – um volume significativamente superior ao de biênios anteriores em que a Selic estava mais favorável, mas o cenário de mercado não apontava as mesmas oportunidades.

Como é natural, seguimos pautados pela confiança na atuação competente das instituições, em especial o Banco Central, cuja autonomia tem sido fundamental na busca em frear a inflação, mesmo diante de estímulos de consumo. Eventuais disfunções institucionais relevantes, se ocorrerem, poderiam nos levar a reavaliar nosso modelo atual. O que, até aqui, não se mostrou necessário”.

Cledson Francisconi – CEO da Chromoplast

Cledson Francisconi

CEO da Chromoplast

“É muito difícil, realmente, falar de um ambiente tão dinâmico e instável que é a economia brasileira e seus riscos. O brasileiros encontram-se novamente em um momento de ponto de inflexão, ou seja, ações tomadas hoje terão consequências de curto e médio prazo. Este momento delicado refere-se à necessidade do governo de aumentar a popularidade frente ao desfavorável momento econômico criado por ele mesmo, com a falta de controle de gastos. Ele precisa e vai disponibilizar dinheiro no mercado para melhorar a popularidade, aliviando assim a pressão de curto prazo e estimulando o consumo temporário. O detalhe é que, se a oferta não cresce na mesma proporção, força ainda mais o aumento de preços em um cenário já com inflação acima do teto e juros nas alturas, juros estes que ajudam no crescimento da dívida pública do governo. Com os altos gastos, afinal, o governo é obrigado a captar dinheiro oferecendo belíssimos prêmios para investidores.

Olhando para toda esta matriz, nos encontramos neste dilema de segurar investimentos ou continuar o planejamento, mesmo com mares impróprios para navegação. A resposta é ir em frente. A Chromoplast entende que está inserida em segmentos que precisam girar, principalmente o alimentício e pet care. Estamos apenas enxergando de maneira mais profunda a entrada de lotes diferentes de fabricação, nichos não afetados por ruídos econômicos, além de atentarmos detidamente para os custos de produção e alinhamento do que a empresa oferece com qual tipo de cliente se encaixa a este posicionamento.

Não existe algo muito secreto. Costumo dizer que, às vezes, as coisas estão tão desalinhadas e todo mundo correndo para buscar seu espaço, assumindo compromissos que não se conseguirá manter por muito tempo e querendo manter atividade apenas pelo apelo do preço, adotando a convicção de que fazer o básico bem feito já é um bom caminho para atravessar cenários como este. Cuidar de como anda o seu relacionamento com o cliente, atuar em mercados em que a sua proposta de valor esteja alinhada com a do cliente pode fazer toda diferença para sair das margens negativas e da banalização da palavra ‘parceiro’, para você se tornar um parceiro de verdade, entender as dores do cliente, ver como pode ajudá-lo a ampliar mercado melhorando a apresentação do produto, participando de campanhas, oferecendo um serviço de maior valor.

Haverá consumo em todos os cenários econômicos; apenas precisaremos estar organizados e conhecer a fundo os nossos negócios e os dos clientes.”

Compartilhe esta notícia:

Deixe um comentário