Jonatan Faust
Diretor Financeiro do Grupo Krona
Erick Souza
Diretor comercial da Maximu's Embalagens Especiais
Alexandre Françoso Lopes
Derente comercial da componedora Dakhia
Roberta Fantinati
Diretora da Termocolor
Jane Campos
Diretoria geral da Radici Plastics
Fernando Esteves
Diretor de desenvolvimento da Injequaly
“Diante desse cenário contrastante, a postura mais prudente que nossa empresa tem tomado é a de se manter atenta e flexível, monitorando de perto a evolução da economia e mirando nichos resilientes, como o automotivo e os de bens essenciais e os de consumo, em geral. Além disso, temos focado em soluções que resultam em reduções de custos para ajudar clientes e consumidores finais a lidar com as atuais restrições econômicas. Tudo isso somado à solidez econômica e baixo endividamento compõem o segredo do nosso sucesso”.
Gisele Barbin
Gerente comercial do Grupo Extrusa
Alessandra Camisotti
Executiva da área administrativa da Atomplast
Celso Ferraz
Diretor geral da Mitsui Prime Advanced Composites do Brasil
“O Brasil atravessa um momento de descolamento da inflação em relação ao centro da meta, o que tem gerado apreensão no Banco Central. Como medida paliativa e consensual no âmbito do Copom, tem sido adotada a gradativa elevação da taxa de juros (Selic), que já atinge 14,25% ao ano, com perspectiva de novos aumentos. Não há dúvidas de que a taxa de juros elevada freia os investimentos e inibe o consumo, especialmente de bens duráveis que dependem fortemente de financiamento. O setor automotivo, principal foco de atuação da minha empresa, é particularmente impactado por esse cenário, pois grande parte das vendas de veículos é financiada, tornando o investimento mais oneroso. De outro ângulo, observamos um crescimento nas vendas de automóveis no primeiro trimestre do ano, movimento que contrasta com a política restritiva adotada pelo Banco Central. Esse crescimento, no entanto, não surpreende: o ritmo de vendas ainda é inferior ao registrado no período pré-pandemia, e o Brasil apresenta uma demanda reprimida, reflexo da baixa taxa de automóveis por habitante – hoje em dia, cerca de cinco pessoas por veículo, número que contrasta fortemente com mercados mais maduros, onde essa relação chega a ser de um para um.
Também identificamos uma expectativa de crescimento moderado da produção automotiva no Brasil no exercício atual, com projeções superiores ao desempenho do PIB, o que tem gerado um sentimento positivo no mercado. Vale destacar ainda que o preço médio dos veículos no Brasil já ultrapassa a faixa de R$ 150.000, tornando o setor mais seletivo e direcionado a públicos menos impactados pelos efeitos da inflação, pessoas que continuam consumindo esse tipo de bem.
O contínuo investimento da indústria automotiva em tecnologia, sofisticação e segurança – que já soma mais de R$ 130 bilhões anunciados pelas montadoras – tem impulsionado novas oportunidades. Aqui na Mitsui estamos plenamente preparados para contribuir com o avanço do mercado automotivo brasileiro. Apoiados por nossos times globais, buscamos introduzir tecnologias e inovações já consolidadas em outras regiões do mundo. Acreditamos que o momento é oportuno para apoiar os clientes com mais opções, especialmente em cenários adversos.
De acordo com previsões de bancos e especialistas, espera-se que os juros iniciem um ciclo de redução gradual ainda este ano, o que pode favorecer o desempenho das vendas e, consequentemente, estimular a produção local de veículos.
Seguimos confiantes, portanto, em nossa missão de oferecer soluções que contribuam de forma relevante para o desenvolvimento do setor. Estamos focados em soluções para redução de peso de peças e de custos de pintura, peças estruturais e produtos com menor pegada de carbono, entre diversas outras inovações – tudo para entregar o melhor aos nossos clientes”.
Clóvis Dinis Cortesia
CEO do Grupo Copobras
“O cenário externo, incluindo políticas governamentais e decisões do Banco Central, exerce influência relevante sobre nossos negócios. No entanto, diferentemente de segmentos mais sensíveis ao curto prazo, esse quadro não é o principal filtro em nossas estratégias – ele atua como um dos últimos elementos de análise. Nossos projetos e diretrizes estratégicas se baseiam prioritariamente no comportamento dos consumidores, nas tendências de mercado e em projetos específicos de clientes. Ao identificarmos uma oportunidade ou ameaça que justifique um movimento mais robusto, conduzimos uma análise criteriosa de viabilidade econômica. Essa avaliação considera, entre outros fatores, o ciclo de vida do projeto, o tempo de retorno do capital investido e suas possíveis formas de financiamento – seja com capital próprio ou de terceiros. É neste último aspecto que o ambiente macroeconômico e a política monetária, especialmente a taxa Selic e suas projeções, ganham maior relevância.
Na prática, dentro da Copobras, projetos que avançam para a etapa de definição de financiamento já passaram por rigoroso processo de análises. E até o momento, a aparente incongruência entre os estímulos governamentais ao consumo e a atuação mais restritiva do Banco Central não tem sido um fator limitante para nossos investimentos. Como exemplo, entre 2024 e 2025, nossos aportes de recursos superarão a marca de R$ 100 milhões, sendo que mais de 70% desse valor já foi executado – um volume significativamente superior ao de biênios anteriores em que a Selic estava mais favorável, mas o cenário de mercado não apontava as mesmas oportunidades.
Como é natural, seguimos pautados pela confiança na atuação competente das instituições, em especial o Banco Central, cuja autonomia tem sido fundamental na busca em frear a inflação, mesmo diante de estímulos de consumo. Eventuais disfunções institucionais relevantes, se ocorrerem, poderiam nos levar a reavaliar nosso modelo atual. O que, até aqui, não se mostrou necessário”.
Cledson Francisconi
CEO da Chromoplast
“É muito difícil, realmente, falar de um ambiente tão dinâmico e instável que é a economia brasileira e seus riscos. O brasileiros encontram-se novamente em um momento de ponto de inflexão, ou seja, ações tomadas hoje terão consequências de curto e médio prazo. Este momento delicado refere-se à necessidade do governo de aumentar a popularidade frente ao desfavorável momento econômico criado por ele mesmo, com a falta de controle de gastos. Ele precisa e vai disponibilizar dinheiro no mercado para melhorar a popularidade, aliviando assim a pressão de curto prazo e estimulando o consumo temporário. O detalhe é que, se a oferta não cresce na mesma proporção, força ainda mais o aumento de preços em um cenário já com inflação acima do teto e juros nas alturas, juros estes que ajudam no crescimento da dívida pública do governo. Com os altos gastos, afinal, o governo é obrigado a captar dinheiro oferecendo belíssimos prêmios para investidores.
Olhando para toda esta matriz, nos encontramos neste dilema de segurar investimentos ou continuar o planejamento, mesmo com mares impróprios para navegação. A resposta é ir em frente. A Chromoplast entende que está inserida em segmentos que precisam girar, principalmente o alimentício e pet care. Estamos apenas enxergando de maneira mais profunda a entrada de lotes diferentes de fabricação, nichos não afetados por ruídos econômicos, além de atentarmos detidamente para os custos de produção e alinhamento do que a empresa oferece com qual tipo de cliente se encaixa a este posicionamento.
Não existe algo muito secreto. Costumo dizer que, às vezes, as coisas estão tão desalinhadas e todo mundo correndo para buscar seu espaço, assumindo compromissos que não se conseguirá manter por muito tempo e querendo manter atividade apenas pelo apelo do preço, adotando a convicção de que fazer o básico bem feito já é um bom caminho para atravessar cenários como este. Cuidar de como anda o seu relacionamento com o cliente, atuar em mercados em que a sua proposta de valor esteja alinhada com a do cliente pode fazer toda diferença para sair das margens negativas e da banalização da palavra ‘parceiro’, para você se tornar um parceiro de verdade, entender as dores do cliente, ver como pode ajudá-lo a ampliar mercado melhorando a apresentação do produto, participando de campanhas, oferecendo um serviço de maior valor.
Haverá consumo em todos os cenários econômicos; apenas precisaremos estar organizados e conhecer a fundo os nossos negócios e os dos clientes.”