A petroquímica mundial acende com fervor velas no altar das poliolefinas, as resinas mais consumidas, pela ansiada diluição dos mega excedentes mundiais, em expansão ininterrupta na Ásia e América do Norte em meio à economia mundial hoje em instabilidade sem previsão de alívio no horizonte. Maior mercado mundial e importador nº1 de polímeros, a China é apontada por conglomerados do naipe da LyondellBasell como o único país com musculatura para virar o jogo. Ocorre, no entanto, que sua economia está padecendo de energizantes para puxar a sonhada retomada mundial, por culpa de uma desastrosa política de construção e financiamento imobiliário e da pior crise demográfica de sua história, sustentam analistas como os do portal Icis. A pressão do governo por aumentar a taxa de natalidade tem sido um fiasco, constatam mídias de economia como The Economist, ilustrando com população hoje superior da Índia e com a média chinesa de 1,2 filho em 2022 contra 2,1 em 2001, sem falar na aversão dominante entre os jovens por casar e constituir família, desinteresse que prejudica mais ainda o martírio da alta ociosidade e endividamento do setor imobiliário. Por sua vez, o predomínio demográfico da população idosa sangra na jugular os gastos do governo com previdência social e planos de saúde.
No campo dos polímeros, um flagrante desse pesadelo vem á tona no tocante a uma commodity plástica por excelência, o grade de injeção de PEAD. A envergadura da China é exemplificada pelo consumo per capita de 11,9 kg do material contra a média de 3,4 kg nos demais mercados emergentes (África, Rússia e ex-integrantes da União Soviética, países subdesenvolvidos asiáticos, Oriente Médio e América Latina). Tem mais: o spread (diferença entre os preços da resina e suas matérias-primas, nafta e/ou gás) de PEAD para injetados aferido entre 1 de janeiro a 12 de maio último fechou na China em US$ 257/t, o pior índice retratado pelo portal Icis no histórico desde 1993, quando atingiu US$ 359/t. Em sua média anual, o spread chegou a US$ 487/t entre 1993 e 2021. Cruzados os números e as tíbias circunstâncias internas da China e a maré vazante da economia internacional, os mega excedentes globais de poliolefinas não atenuam tão cedo, encurralando em especial a rentabilidade das petroquímicas não integradas upstream, nas matérias-primas nafta e gás natural, caso do setor no Brasil.