“A única maneira de a petroquímica de PE retornar aos spreads e margens decentes nos próximos anos é através de consideráveis cortes na sua capacidade global”, vaticinou o analista John Richardson em artigo postado em 6/3 no site da consultoria Icis. Ele fundamenta seu veredito com a colisão entre passado e presente. Durante o super ciclo de investimentos (1993-2021), ele rememora, o ambiente era dotado por globalização acelerada, dados demográficos favoráveis e, na China, esteroides anabolizantes da economia, como a explosão imobiliária incendiando a procura por químicos e plásticos. Corte para hoje: o mercado mundial anda ameaçado por tensões comerciais instauradas por Trump, governos endividados e aumento da população idosa e declínio das taxas de natalidade.
Richardson toma como referência a média dos spreads (diferença entre o preço do produto e sua principal matéria-prima) entre preços CFR de PE da China e os custos CFR da nafta do Japão. De 1993 a 2021, ele assinala, os spreads de PEAD para injeção pairaram na média de US$ 487/t; os de PEBD ficaram na faixa de US$ 595/t e os de PEBDL, US$ 514/t. Já entre 5/1/2022 e 28/2/2025, a média dos spreads do grade para injeção de PEAD desabaram para US$ 209/t, enquanto os de PEBD e PEBDL baixaram, respectivamente, para US$ 417/t e US$ 269/t. Richardson amarra as pontas do enrosco salientando que, para voltarem aos patamares dourados dos tempos do super ciclo, os spreads médios atuais de PEAD para injeção, PEBD e PEBDL, teriam de subir, respectivamente, 133%, 43% e 91%.
Também entraram em queda livre, encaixa Richardson, a margem média de PE base nafta do nordeste asiático. No período entre 2014 e 2021, o índice ficou na faixa positiva de US$ 462/7, aferição do banco de dados da Icis. Por seu turno, entre 7/1/2022 e 28/2 2025, a média desceu para US$ 8/t, tendo amargado várias semanas com margens negativas.
A única saída do fundo do poço, reitera Richardson, passa pelo fechamento de plantas e, caso isso não ocorra dentro dos robustos volumes e percentuais de capacidades esperados, o baixo astral nas margens e spreads de materiais como PE persistirá. Para o consultor, os cortes na oferta devem acontecer em países e regiões com petroquímicas sem competividade, como Coreia do Sul, sudeste asiático e Europa.