O Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Plástico (Proplástico) do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foi criado em 2010 e, desde então, há um trabalho de Hércules para difundi-lo na transformação. Desde o lançamento, foram contratados 21 projetos, totalizando carteira de investimentos de R$ 1,1 bilhão, dos quais o BNDES financiou R$ 738 milhões, situa Sabrina Schneider Martinez, gerente do departamento de indústria química do banco. Muitas indústrias da cadeia do plástico consideram não ter porte ou pré-requisitos para desfrutar o Proplástico (www.bndes.gov.br/apoio/proplastico), percepção que o BNDES se empenha em mudar, ela deixa claro nesta entrevista.
PR – Quais as justificativas do BNDES para o alto grau de desinformação sobre o Proplástico?
Sabrina – Como a indústria é formada por mais de 11.000 transformadores, há um desafio permanente em difundir o Proplástico. Em 2015, foram propostas algumas iniciativas para ampliar a divulgação, hoje em análise. Uma das propostas aprovadas é a participação do BNDES com estande na Feiplastic.
PR – Grande parte dos transformadores atribui seu distanciamento do programa a problemas com dados cadastrais que o BNDES consideraria inadmissíveis para conceder financiamento. Procede a justificativa?
Sabrina – De forma geral, é feita avaliação de risco de crédito e da viabilidade do projeto, além da verificação referente a recolhimento de tributos, ao cumprimento de obrigações trabalhistas e junto ao sistema financeiro. O Proplástico facilita o acesso direto ao BNDES para pequenas e médias empresas ao flexibilizar diversas condições. Para melhor entendimento, a taxa de juros total cobrada pelo banco em operações diretas é a soma do custo financeiro (Taxa de Juros de Longo Prazo – TJLP – ou custos de mercado, como a taxa SELIC) com as taxas de risco de crédito e a que remunera as atividades operacionais do BNDES. Uma das flexibilizações no âmbito do Proplástico ocorre na taxa de risco de crédito, foi adaptada à realidade do setor. Para empresas cuja Receita Operacional Bruta (ROB) anual é inferior a R$ 90 milhões, a taxa foi fixada em 0,5 % ao ano. Para aquelas com ROB anual entre R$ 90 e R$ 300 milhões, em 1,5% ao ano.
PR – Quais os chamarizes do Proplástico?
Sabrina – Quando da criação do programa, foi identificado que o acesso pelos transformadores às linhas de financiamento direto do banco era dificultado pelo fato de o setor ser composto, em sua maioria, por empresas de porte reduzido. Esses projetos totalizavam um investimento médio que implicava financiamentos inferiores ao limite mínimo de R$ 20 milhões, dado pela regra geral do banco. Além do montante, diagnosticou-se a necessidade de maior prazo de pagamento. Por essas razões, o banco buscou facilitar, no âmbito do Proplástico, algumas regras gerais de acesso a financiamentos diretos. As principais vantagens do Proplástico são, então, o valor mínimo de apoio de R$ 5 milhões, prazos diferenciados de pagamento (prazo total de 10 anos, com carência de até três anos) e taxas fixas de risco de crédito para empresas com ROB anual de até R$ 300 milhões. Ainda é possível ter acesso a financiamento cujo custo financeiro pode ser, em até 50% do projeto, em TJLP, atualmente em 5,5% ao ano. Além disso, vale destacar que o valor mínimo de apoio em R$ 5 milhões possibilitou-nos contratar mais da metade das 21 operações na carteira do Proplástico. Por sinal, ele torna viável financiar, além de equipamentos, gastos como obras civis, estudos, materiais nacionais, móveis e utensílios, treinamento, montagens e instalações, despesas pré-operacionais e capital de giro associado ao projeto. •