Em tempos de economia em água morna, as indústrias de bens de consumo lançam mão de lançamentos para revigorar as vendas com o apelo da inovação. O esforço deflagra um efeito dominó na cadeia produtiva e, no vagão dos fornecedores de peças plásticas, animam as encomendas de moldes de injeção. Além de significar novos pedidos, matrizes mais produtivas e duradouras são benvindas pelos transformadores como trunfos para enjaular os custos de processo. Para corresponder a todas essas expectativas, a evolução dos aços de alta liga tem sido crucial e sua procura tende a intensificar sob a crença, unânime na iniciativa privada, de uma retomada já em andamento, avivando por tabela a disposição das indústrias finais de despejar novidades na praça. “O investimento em moldes está ligado à confiança do empresário para desenvolver e lançar produtos e, diante do mercado muito otimista com o novo governo, julgo que este ano nossas vendas serão bastante superiores às de 2018”, confia Francis Borelli dos Santos, diretor da Metalli Aços Especiais.
Fincada em Caxias do Sul, na serra gaúcha, a Metalli assedia moldes de injeção de plástico com aços especiais de sua parceira, a usina alemã Schmiedewerke Groditz. “A principal vantagem oferecida por nossos aços são ligas direcionadas a cada aplicação do cliente”, explica Borelli. Hoje em dia, encaixa, seus aços mais procurados para moldes pesados e complexos são os tipos 32 e 42 da série XPM. “Superam os aços tradicionais em termos de dureza, usinagem, troca térmica, soldabilidade e segurança para texturização”. Tal como os aços XPM 32 e 42, o tipo 738 HH, distingue o diretor, é indicado para moldes de maior desempenho e vida útil. “As três ligas marcam pela excelência na textura e polimento, diferindo nas durezas conforme o produto em vista para ser injetado”. O aço XPM 32 apresenta índices de dureza de 30 a 40 HRC; o tipo XPM 42, de 38 a 42 HRC e o 738 HH, de 34 a 38 HRC.
Borelli vê com bons olhos as perspectivas para sua operação embutidas na abertura comercial defendida pelo governo Bolsonaro. “Tanto para a Metalli como para a cadeia de moldes de injeção, a redução tarifária geraria muita competitividade”, ele pondera. “A importação de aços para essas matrizes é gravada com alíquota de 14% e, somada a outros custos e taxas, o custo do metal fica até 30% mais caro aqui que, por exemplo, na Europa”. Na mesma trilha, Borelli comenta que o consequente encarecimento dos moldes brasileiros muitas vezes força as empresas a importar essas ferramentas. “Desse modo, toda a cadeia perde”, completa. “Com a diminuição da alíquota, essa diferença no custo tenderia a baixar e, por tensão, muito mais moldes poderiam ser fabricados no país, facilitando para as empresas o desenvolvimento local de novos produtos”.
Controlada da siderúrgica austríaca Voestalpine, a Villares Metals produz aços especiais em Sumaré, no interior paulista e ressalta dispor em seu portfólio de uma família de tipos talhados para a confecção de moldes para injeção de plástico. Na esfera dos componentes automotivos, a empresa elege como seu totem para moldes texturizados a liga VP20TS. Ela proporciona melhor repetitibilidade de resultados de textura, reduzindo ou mesmo eliminando as preocupações com a harmonização entre peças de um mesmo conjunto e produzidas em moldes construídos com aços de lotes distintos. Para embalagens, a pedida da Villares Metals são aços de maiores índices de dureza e resistentes à corrosão, segmento liderado pelo tipo VP420IM. Por sua vez, quando as condições ambientais não requerem resistência à corrosão, a facilidade de trabalho e grande tenacidade do aço TENAX300IM, mesmo quando tratado para a faixa de dureza entre 48 e 52 HRC, o tornam uma alternativa da empresa muito procurada.
De acordo com avaliações da Villares Metals, os aços para moldes de injeção, apesar de suas composições químicas relativamente simples, precisam corresponder a demandas que, muitas vezes, exigem um balanceamento de propriedades, ou então, que sacrifique alguma característica técnica para se atingir o máximo desempenho em outra. É o caso de moldes nos quais a excelência na usinabilidade não tem paralelo na polibilidade. Para prover o melhor equilíbrio entre os atributos necessários à peça a ser injetada, a Villares Metals desenvolve processos e ligas a exemplo de VIMCOR. Trata-se de um aço inxodável, de usibailidade aprimorada e adequado para uso em câmaras quentes, mas de aplicação limitada em cavidades. Outra referência da empresa no mesmo sentido acena para moldes de grandes tiragens e para o uso de carga. Consta do aço VPATLAS, com janela de dureza superior aos do tipo P20, razão da sua superioridade em termos de resistência ao desgaste e polibilidade, conclui a Villares Metals. •