Dez 2018 – Jan 2019Nº 65456ANOSPEÇAS TÉCNICASO maior polo nacional de ventiladores entra no clima da retomada/ Plásticos em Revistawww.plasticosemrevista.com.brUMA BOCA LIVRE PARA PETO ENXAGUANTE TEM TUDO PARA DEIXAR DE SER UM PRODUTO SUPÉRFLUO DE HIGIENE ORAL. MOTIVO DE SOBRA PARA SUA EMBALAGEM SORRIRA HORA DO ESPANTO COM AS NOVIDADESMOLDESOs aços que são a alma da excelência na injeçãoDezembro/2018 – Janeiro/2019plásticos em revista3Bendita zona do desconfortoA reinvenção dos negócios abrirá para o plástico as portas da nova economiaInternet e a questão ambiental penetraram, feito cavalos de troia, até em mercados no passado vistos como avessos a elas. São causa e consequência da nova economia, um termo tão abran-gente e vago, pondera o professor de Oxford Eric Beinhocker, que é mais fácil de definir pelo que não significa. Nessa linha, a nova economia renega a teoria tradicional de que os homens são racionais, os mercados eficientes e as instituições sólidas e perfeitas. A raiz dessa mudança radical de visão é a criação, hoje em andamento, de uma economia mais fiel à vida real, um processo dependente não só do reexame da ciência econômica, mas da contribuição de outros campos a ela relacionados, a exemplo do estudo avançado do cérebro, a epidemiologia, ecossistemas e – olha aí elas de novo – a tecnologia da informação e as mudanças climáticas.Esta dupla virou serviços, comércio e indústrias de pernas para o ar e o setor plástico, devido à sua infinidade de mercados e apli-cações, foi levado de roldão. Na indústria automotiva, por exemplo, reduto revolucionado pelo plástico no século XX, a digitalização hoje relega os componentes do material à condição de um hardware, uma solução coadjuvante para acomodar a menina dos olhos, a eletrônica embarcada nos carros. Não é mais o painel injetado de instrumentos que faz cair o queixo do mercado, mas o infotainment armazenado nele. Ou seja, os sistemas de informação e entretenimento que incluem recursos como os de áudio, navegação e telemática (canal de comunicação entre base e auto). Além dessa saída da vitrine futurista, o plástico já ouve a contagem regressiva, aberta pela era digital e a eletrificação do motor, para marcos históricos seus, desde o tanque de combustível aos componentes sob o capô, evidenciando aos transformadores dessas autopeças pela bola sete a necessidade urgente de reinventar seus negócios. É a mesmíssima crise existencial instaurada em indústrias de descartáveis e embalagens plásticas de uso único pela devoção crescente de países e fabricantes de produtos de consumo rápido (alimentos, cosméticos, artigos de limpeza etc) ao desenvolvimento sustentável e economia circular. Para complicar o enrosco, marcas formadoras de opinião mundial em produtos finais e que juram ser parceiras da cadeia plástica que as supre de embalagens, volta e meia trombeteiam na mídia estarem desenvolvendo ou buscando alternativas que as livrarão daquele seu fiel aliado, o material de fonte fóssil. São razões de sobra para transformadores de utensílios domésticos, sacolas, laminados, copos e por aí vai repensarem sua vocação, pois a ameaça de extinção está escrita a tinta na parede para quem tem olhos para ver. Para o escritor Michael Lewis, a regeneração de uma empresa não depende, obrigatoriamente, de uma sacada zero bala. Afinal, ele pondera, quase tudo já foi considerado por alguém em algum mo-mento. O pulo do gato é o que ele chama de a nova novidade – uma idéia à beira da viabilidade comercial, dependente apenas de um leve empurrão para emplacar e, mais adiante, mudar o mercado. “A busca da nova novidade é acompanhada daquela doce e dolorida sensação que experimentamos quando não conseguimos nos lembrar de uma palavra que parece estar na ponta da língua”, assinala Lewis. Para a maioria das pessoas, nota, lembrar a palavra dá aquele alívio. “Elas se recostam na cadeira e tentam fugir de outras palavras difíceis”. Acontece que quem busca novas novidades não quer sentar, quer continuar a tatear no escuro, Lewis amarra as pontas: “Uma das pequenas ironias do progresso econômico é que, mesmo frequen-temente resultando em níveis mais altos de conforto, ele dependa de gente que prefere não ficar confortável demais”. A indústria do plástico cabe na nova economia, desde que tope levantar da cadeira. •EDITORIAL 36 ENERGIA Polietileno integra primeira usina flutuante de energia solar do Brasil 38 3 Questões UNIPAC Presidente Gabriel Pires Gonçalves detalha investimento no sopro in house de embalagens de agroquímicos da Nufarm 40 Feira Um roteiro dos estandes de passagem obrigatória na exposiçãoDezembro/2018 - Janeiro/2019Nº 654 - Ano 56DiretoresBeatriz de Mello HelmanHélio HelmanREDAÇÃODiretorHélio Helmaneditor@plasticosemrevista.com.brDireção de ArteSamuel Felixproducao@plasticosemrevista.com.brADMINISTRAÇÃODiretoraBeatriz de Mello Helman beatriz.helman@definicao.com.brPublicidadeMônica Dieguesmonica@plasticosemrevista.com.brSergio Antonio da Silva sergio@plasticosemrevista.com.brInternational SalesMultimedia, Inc. (USA)Tel.: +1-407-903-5000Fax: +1-407-363-9809U.S. Toll Free: 1-800-985-8588e-mail: info@multimediausa.comAssinaturasKeli OyanAssinatura anual R$ 110,00Plásticos em Revista é uma publicação mensal para a indústria do plástico e da borracha, editada pela Editora Definição Ltda.CNPJ 60.893.617/0001-05Redação, administração e publicidadeRua Sergipe 305 - casa 05São Paulo - SP - CEP 01243-001Telefax: 3666-8301e-mail: definicao@definicao.com.brwww.plasticosemrevista.com.brAs opiniões contidas em artigos assinados não são necessariamente endossadas por Plásticos em Revista.Reprodução permitida desde que citada a fonteCTP e impressãoMAISTYPECapa Samuel Felix Foto da CapaShutterstockDispensada da emissão de documentação fiscal, conforme Regime Especial - Processo DRT/1, número 11554/90, de 10/09/90Circulação: Fevereiro/2019SUMÁRIO06 Visor VENTILADORESO mercado de peças injetadas no polo de Catanduva14 Oportunidades VIZURI O desafio de crescer e acontecer no mercado de periféricos 16 Moldes AÇOSAs ligas que turbinam as matrizes de injeção mais complexas18 Conjuntura BALANÇOConsumo de resinas em 2018 sinaliza início da retomada 22 Sensor ALVARO AZANHA Designer da Howtopack vê embalagens secundárias em contagem regressiva no e-commerce 34 Sustentabilidade RECICLAGEMRicardo Mason, da Plastimil, detalha experimento inovador de reaproveitamento de resíduos do McDonald’s28 Especial/ Plásticos em Revistawww.plasticosemrevista.com.brDezembro/2018 – Janeiro/2019plásticos em revista6VISOREstripulia divina ou praga rogada pelas mudanças climáticas, o ca-lor recorde dos últimos anos tem atropelado a frieza da economia brasileira e impulsionado a compra de equipamentos para refrescar os ambientes. Por essas e outras, o ar refrigerado hoje degusta uma penetração que lhe tirou a conotação de requinte para poucos e, na banda dos bolsos menos forrados, os ventiladores passaram a ser vistos até como elementos chave da decoração por consumidores mais dispostos a pagar pela qualidade e recursos que aumentam o valor agregado desses eletroportáteis. No tórrido interior paulista, essas boas novas inspiram o polo de ventiladores de Catanduva, o maior no gênero do país, e um transformador de peso em peças técnicas injetadas de plástico que, aliás, deram um passa fora nas metálicas. “Estima-se que Catanduva represente mais de 50% da produção nacional de ventiladores”, atesta Fábio Rinaldo Manzano, secretário de de-senvolvimento do município a cerca de 400 km da capital paulista. “Ainda é grande o espaço para nossas indústrias crescerem, tendo em vista as temperaturas bastante elevadas e o alto preço dos aparelhos de ar condicionado, assim como a limitação de seu uso em locais fechados e o alto consumo de energia elétrica”.Ao lado da chegada de empresas do setor metalúrgico, o polo de ventiladores começou a tomar corpo em Catanduva na década de 1960, assinala Manzano. “Hoje temos quatro grandes indústrias desses aparelhos na cidade, fabricantes também de produtos como espremedores de frutas, liquidificadores, fogões, fornos, exaustores e chapas”. Para o secretário de desenvol-vimento, o clima quente da região, a oferta de distritos industriais pelo poder público, a vocação para a metalurgia e a disponibi-lidade de centros de capacitação de mão de obra ajudaram a materializar o polo. “A partir de 2017, a prefeitura também passou a oferecer benefícios fiscais a empresários que implantem negócios em Catanduva ou que invistam na sua expansão”, ele acen-tua. “E no ano passado foi revogada a lei municipal que restringia o funcionamento de empresas a horários específicos, incen-tivando a livre concorrência”. Quanto mais quente, melhorO clima ideal para o polo de ventiladores em Catanduva, o maior do país, abre sol para os componentes injetadosVENTILADORESManzano: polo de ventiladores em Catanduva tem espaço para crescer.Loren Sid: aprimoramento do design e motores.Dezembro/2018 – Janeiro/2019plásticos em revista7A recessão iniciada em 2015 não poupou o polo de ventiladores, mas não lhe infligiu queimaduras de terceiro grau. “Apesar de contribuir para dificuldades do setor, não houve a interrupção por completo das atividades das empresas”, analisa Manzano. Em paralelo, nota, a crise ensejou ajustes, em especial quanto ao número de funcionários, e levou à terceirização de várias etapas da produção no polo, voltado com primazia para o mercado interno. AUMENTO DE MARCAS“Apesar do calor, a economia andou de lado nos últimos três anos e ainda caminha a passos curtos”, pondera Luis Fernando de Jesus, gestor comercial da Loren Sid, indústria na ativa desde 1969 e mais antiga do polo catanduvense. “De 10 anos para cá, houve um aumento significativo de novas marcas no segmento de ventilação, elevando assim a oferta de aparelhos”. Para este ano, o executivo espera que a realização de reformas pelo governo Bolsonaro provoque reflexos positivos a curto e médio prazo no mercado.A Loren Sid opera um parque de 39 injetoras e, no passado, elas processaram na faixa de 2.000 toneladas, situa Jesus, incluindo no rol poliamidas, poliolefinas, po-liestireno e copolímero de acrilonitrila butadieno estireno (ABS). Entre os avanços recentes nos ven-tiladores da empresa, para acertar o passo com consumidores agora mais exigentes, o executivo ressalta o aprimoramento dos motores e do design e, em alguns modelos, a adoção de hélices de seis pás. O ventila-dor mais vendido em 2018, ele distingue, foi o modelo Tufão 60 cm 150W. “O prin-cipal motivo é a durabilidade do aparelho”, atribui o gestor comercial. “Além do mais, esses ventiladores possuem alta vazão, rotação e força e seus motores, fabrica-dos internamente, contam com protetor térmico que lhes permite trabalhar sob temperaturas de verão nas regiões mais quentes do país”. Na vitrine da Venti--Delta, a mais nova das grandes indústrias do polo de Catanduva, em cena desde 1992, o campeão de vendas é o ventilador Lunik. “É um modelo to-talmente de plástico, com design premiado, um ano de garantia e certificado com selo Procel A, garan-tia de máxima eficiência com mínimo dispêndio de energia”, descreve o diretor comercial Thiago Trefliglio. “Hoje em dia, consumo de eletricidade e design são os primeiros requisitos para os ventiladores que lança-mos, pois o consumidor está ligado em novas tendências e quer decorar a casa com um produto diferente; não está mais atrás apenas de vento”.Mas embora queira baixar a conta de luz, nota Trefiglio, o público desconhece o assunto a fundo. “Isso atrapalha o desem-penho de quem fabrica ventilador com eficiência energética, pois, infelizmente, o comprador atenta mais para o preço do aparelho do que para o gasto com energia”. Para o diretor, apenas 10% dos consumidores adquirem o ventilador por ser econômico ou portar o selo Procel A. A mídia deveria preencher essa lacuna de informação, ele considera.Na selfie atual de sua infra fabril, a Venti-Delta conta com 25 injetoras e consumiu na faixa de 10 t/mês de re-sinas no ano passado, estima Trefiglio. “As perspectivas são boas para este ano, mas o governo precisa desburocratizar o ambiente de negócios, diminuir impostos para gerar emprego e o principal: investir na construção civil”. Jesus: ventiladores projetados para trabalhar nas regiões mais quentes.Venti-Delta: desafio de sensibilizar o público desinformado sobre gastos com energia.Lunik: componentes de plástico, design premiado e certificação Procel A.Next >