À frente de 39 fábricas nas Américas, Europa e Ásia, nem se quisesse a componedora norte-americana A.Schulman conseguiria passar desapercebida. Desse ponto de vista, seus cinco anos de ativa no Brasil devem ser encarados como uma obra em progresso, um negócio em rumo gradativo ao tamanho compatível com as dimensões de um expoente global em concentrados e compostos de engenharia. “A crise atual não traduz estagnação para nossa atividade, mas um momento a ser aproveitado para crescermos”, interpreta Roberto Castilho, gerente comercial para masters da subsidiária no país. Sua análise para arrenegar a economia atolada no charco conjuga o status gold de formulações diferenciadas com o grau de capitalização do seu grupo para alargar a presença num mercado barato para quem pensa em dólar. “A empresa ainda não acenou essa estratégia para expandir no Brasil, mas seu histórico mundial revela a adequação para crescer tanto mediante investimentos na capacidade disponível como pela compra de concorrentes locais”, deixa no ar o executivo.
Aliás, a A.Schulman debutou como produtora no país ao adquirir, em 2010, os ativos na zona leste paulistana de uma indústria nacional, a extinta Mash Compostos. Bastaram três anos em jogo para aquela unidade não acomodar mais o negócio e a saída foi fazer a mala rumo a uma capacidade maior e zero bala em Sumaré, interior paulista, cujo primeiro exercício de operação regular efetiva transcorreu em 2014. “Em meio aos ajustes operacionais complementares, garantimos o equilíbrio no desempenho com nível de ocupação da ordem de 85%”, situa Robson Tamborelli, consultor técnico comercial. Na foto do momento, a planta subsidiária exibe potencial nominal para 24.000 t/a de especialidades, a cargo de oito extrusoras. “Quatro linhas monorrosca e nove moinhos dedicam-se à micronização de resinas para rotomoldagem e quatro máquinas dupla rosca voltam-se para masters de aditivos, sendo uma delas compartilhada com a geração de compostos”, expõe Castilho. Se o critério de cálculo tomado ao pé da letra for a revenda de especialidades, ele e Tamborelli repartem por igual as participações do produto nacional e importado na receita aferida com compostos em 2014. “Em masters, a relação foi de 80% para concentrados locais e 20% para importados”, ele completa. Já se o critério incluir importações feitas diretamente por clientes, coloca o gerente, 35-40% das vendas no ano passado contemplaram materiais de fora.
O staff da Schulman quer distância dos mercados commodities. Na esfera dos compostos acenados a peças técnicas, Domenico Cutrupi, gerente comercial dessa unidade de negócios, informa produzir em Sumaré compostos poliolefínicos e blends de polímeros como poliamida, policarbonato,PET, polibutileno tereftalato (PBT) e copolímero de acrilonitrila butadieno estireno (ABS). “Os produtos que mais importamos são blends e compostos de PA e PBT”, ele distingue. Em masters, ilustram Castilho e Tamborelli, as atenções são mobilizadas por flexíveis de polietileno e filmes biorientados de polipropileno (BOPP), embora a marcação da demanda se estenda pelos redutos de injeção e sopro.
No esquema hoje em campo, detalha Castilho, a empresa traz do México masters brancos, coloridos e um tipo especial, talhado para filmes respiráveis de PE empregados no interior de fraldas descartáveis para aumentar a troca de gases e, em consequência, o conforto proporcionado. Da base europeia da Schulman, distingue o gerente, vem um master de efeito mate, idealizado para melhorar a aparência de papel para tipos de BOPP com esta finalidade. “Trata-se de um mercado que já movimenta 20 t/mês desse concentrado no Brasil”, intercede Tamborelli.
A propósito, retoma o fio Castilho, a fábrica em Sumaré é a única produtora no Brasil de masters de aditivos para BOPP. Por ora, ele reitera, formular concentrados de cores, mesmo diferenciadas, não está na tela do radar. Mas caso a ideia vingue mais à frente, Castilho não descarta a hipótese de alargar sua competitividade em custos para produzir esses masters trazendo pigmentos pré dispersos da corporação global da Schulman para complementação em Sumaré. Dada sua proeminência, o grupo norte-americano tem fôlego de sobra para comprar em condições mais vantajosas pigmentos não disponíveis aqui para abastecer suas unidades de masters coloridos mundo afora. “No âmbito de PP e PE, temos preferido comprar resina nacional”, arremata o gerente comercial.
Ao investir US$1,5 milhão na escora do laboratório em Sumaré, a Schulman prova seu dever de ofício, deixa claro Tamborelli. “Fornecemos tecnologia e inovação para fidelizar o cliente em lugar de meramente suprí-lo com material de estoque”, salienta o executivo. Como referência concreta desse jogo de conjunto, ele cita a empresa como pioneira no país em ofertar masters de aditivos antinucleantes para o processo de injeção, concebidos no Brasil a quatro mãos com um transformador. “Reduzem em até 10% o ciclo de resfriamento de injetados como peças de mobiliário”, dimensiona Castilho. No arrastão, Tamborelli insere o desenvolvimento de um combinado de agente de fluxo com antioxidante para ampliar a processabilidade e combater a incidência de sujeira na extrusão de filmes técnicos de PE. Castilho aproveita a deixa para destacar concentrados de aditivos à base de agente hidrocarbônico para elevar a rigidez de filmes. “Nossas parcerias em desenvolvimentos não são norteadas pelo volume inicial de fornecimento, mas pelo potencial de mercado”, estabelece o gerente, acrescentando dispor de extrusoras flexíveis o bastante para viabilizarem pedidos mínimos de uma tonelada.
Por sinal, acenam os dois executivos, para a montagem da Feiplastic em maio, a Schulman botará no balcão, como amostras de sua autonomia em desenvolvimentos de qualidade sem oscilações, sacadas como um master antimicrobiano não migratório, de agente ativo desenhado pelo próprio grupo, e um concentrado antiblocking dotado de padrão de superfície de baixo coeficiente de atrito, auxiliar chave para garantir uma estabilidade no deslizamento de filmes de PE ressaltada por Castilho como superior à aferida com aditivos migratórios. Quanto aos mercados em prospecção por aqui, o gerente solta ter começado a trazer dos EUA masters absorvedores de odores para grandes sacos de PE destinados ao envase de alimentos líquidos como sucos. “A depender da aceitação, poderemos replicar essa formulação em Sumaré”, condiciona Castilho.
O poder de fogo da Schulman no Brasil vai recrudescer por ora da compra de um concorrente internacional. Por US$800 milhões, a empresa trombeteou em 16 de março a incorporação de uma rival conterrânea, a componedora norte-americana Citadel, na ativa aqui com planta em Rio Claro,interior paulista. No momento, Roberto Castilho informa não poder comentar os reflexos da aquisição, mas a concorrência sabe que vem mais chumbo grosso por aí. •
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