Após duas décadas de foguetório aceso por taxas de crescimento de dois dígitos, período em que exultava por estar acima do bem e do mal da economia, o setor de artigos de higiene & beleza sentiu a recessão puxar-lhe o tapete em 2015. Na contramão da confiança esbanjada por seus porta-vozes, o movimento caiu 6% no ano passado, segundo medição da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec). O diagnóstico acerta no atacado, mas, no pente-fino por categoria, a conversa pode ser outra, como indica uma praia quase particular das embalagens de polietileno, o campo da proteção solar. “Não posso abrir números, mas nossas vendas de protetores, bronzeadores e loção pós-sol vêm crescendo”, ilustra Marcos Sanches, gerente de marketing e inovação da mineira Farmax, dona da marca Sunless.
Pelo visto, alguma coisa emperra a meio caminho entre a comunicação e a captação da mensagem. Entra ano e sai ano, a mídia martela constância para a opinião pública, em particular no início do verão, a tecla dos alertas para evitar os males da exposição imprópria e abusiva ao sol. No entanto, a incidência de problemas de pele, câncer entre eles, só faz crescer no Brasil. “A melhor prevenção é criar o hábito de aplicar diariamente o protetor solar”, defende Cristina Vendruscolo, cientista da Johnson & Johnson, pedra angular nesse segmento com sua grife Sundown. “Trata-se de um processo que transcorre a longo prazo e implica mudanças culturais”. Conforme avalia, a população brasileira já demonstra tal consciência na esfera da chamada exposição recreacional, tipo praia, piscina e parques. “Mas o hábito ainda é pouco difundido em relação a situações cotidianas, comportamento explicável pelo fato de muitos danos causados pelo sol serem cumulativos, aparecendo a longo prazo, ao contrário de problemas como vermelhidão ou queimaduras após um dia de exposição direta em locais como praias”, completa a cientista, acrescentando constar das ações anuais de Sundown a difusão com intensidade de informações e peças publicitárias de conscientização a respeito dessas precauções. “Em 2015, a marca lançou a campanha ‘Amigo Sol’, composta por três episódios veiculados em diferentes estações do ano para reforçar o uso diário do protetor solar”, ela exemplifica.
Um hit da parada de sucessos dos protetores solares é a conciliação de diversas funções na formulação. “Hoje encontra-se protetores nos formatos mousse, spray e líquido concebidos para atender diversas necessidades epidérmicas”, coloca Cristina. Entre as tendências em fogo alto, a especialista ressalta protetores ofertando benefícios extras como hidratação e uniformização do tom da pele, controle da oleosidade e toque seco. Nesse jogo conjunto de funções e conveniências, Cristina distingue como inovações introduzidas em Sundown neste verão uma fórmula mais resistente à água e suor e que facilita espalhar o produto na pele.
Surdo aos uivos da crise, o mercado de desodorantes cresceu 8% em 2015, situa a Abihpec, impulsionado também pela onda da multifuncionalidade (fórmulas que não mancham a roupa, p.ex.) e, na esfera das embalagens, pela migração para a alternativa mais cara, a tecnologia aerossol. O quadro pode ser transposto sem emendas ao reduto da proteção solar,lastreando o avanço desse tipo de recipiente sobre o terreno das bisnagas, estas dominantes em bronzeadores, e dos frascos soprados, prevalecentes em protetores. “Hoje em dia o consumidor reconhece a qualidade e facilidade proporcionadas pela embalagem aerossol/spray, indicando que ela deve permancecer uma forte tendência no mercado”, atesta Carlos Lopes, diretor de pesquisa e desenvolvimento de embalagens da Johnson & Johnson. Como referência, aliás, ele encaixa o lançamento, por sua empresa, de Neutrogena Sun Fress Mousse Efervescente. “Sua textura mousse proporciona sensação refrescante depois de aplicada e é inédita no mercado de proteção solar”, ele assevera. “O produto foi viabilizado pelo desenvolvimento de uma embalagem com aerossol/ conjunto atuador especial”.
Por causa do custo, frascos soprados e bisnagas compõem o grosso das embalagens de produtos de proteção solar, tornando-os mais acessíveis, pondera Rodrigo Patrocínio,vice-presidente de marketing da Avon Brasil.”Mas a tendência é o mercado explorar outras formas de acondicionamento, que possibilitem uma experiência diferente de uso pelo consumidor e, nesse contexto, o aerossol deve ser cada vez mais explorado pelo público adulto, em função da facilidade de aplicação individual”, ele confia. A propósito, Patrocínio não tem como justificar o predomínio de bisnagas em bronzeadores e dos frascos de polietileno de alta densidade em protetores. “Tecnicamente, não existe razão para esse tipo de segregação”, considera. “No passado, algumas marcas seguiram esta estratégia e, indiretamente, criaram um código de mercado bem recebido – e até hoje seguido – pelos consumidores”. No embalo, o executivo ressalta as bisnagas como elemento diferenciador de dois lançamentos da Avon em protetores infantis para este verão: Kids FPS 50 e Baby FBS 40, ambos envasados em bisnagas ilustradas com temas marinhos. Por ser flexível, atributo não ofertado pelo frasco, ele nota, “a bisnaga facilita o armazenamento dos produtos”.
Seja em soluções de maquiagem, skincare (a exemplo de hidratantes e cremes faciais) ou em suas linhas de protetores solares, pós-sol, bronzeadores e autobronzeadores, a Avon há bom tempo combina outros benefícios com a função original do produto. No âmbito dos protetores, Patrocínio cita a incorporação de vantagens paralelas como hidratação, formas de aplicação e resistência à água e ao suor. “A tendência é de, cada vez mais, as categorias de cosméticos se unirem para fornecer produtos práticos e de múltiplos benefícios”, ele sustenta, exemplificando com batons Avon munidos de fator de proteção solar. Por essas e outras, Patrocínio não desacarta como viagem na maionese a hipótese, inspirada pelo flagelo da zika e dengue, de aliar a função de repelente de insetos ao protetor solar. “Fizemos isso nos anos 90”, revela o vice-presidente. “Com a chegada de novos tipos de mosquitos e doenças, é possível que produtos sejam lançados com funções específicas, mas sua introdução depende de testes exaustivos da fórmula, de acordo com os protocolos internacionais”.
Os lançamentos para o verão 2016 comprovam o embarque da Avon na voga da multifuncionalidade. “Reformulamos a linha Avon Sun+ com 12 itens, protetores solares entre eles, munidos de nova embalagem e a tecnologia Derma 360 graus (símbolo)”, expõe. “A pele do usuário é assim protegida não só pele contra o sol, mas contra cloro e água salgada por uma loção ultraleve, de rápida absorção e, uma vez aplicada, deixa a pele macia, hidratada com sensação suave”, descreve Patrocínio, destacando a proteção epidérmica contra raios UVB, contra queimaduras, e UVA, para evitar o envelhecimento precoce da pele. A série Avon Sun+, ele acrescenta, também contém autobronzeador que dispensa a exposição ao sol, e bronzeador conjugado com filtro de proteção solar (FPS) 15. “Ajuda a aumentar a produção de melanina”, encaixa Patrocínio. No arremate, o executivo brande a introdução de duas formulações “anti-idade” – o protetor solar e uma loção corporal com FPS 30 – e um modelo do protetor social Renew que congrega funções como proteção UVA/UVB e prevenção de envelhecimento.
A Avon forma entre os megafones do setor para alertar o público a respeito dos malefícios da exposição solar, para reverter a escalada anual da incidência de anomalias epidérmicas na população. “A cada 20 dias, sete milhões de folhetos orientadores circulam entre nosso quadro de 1,5 milhão de revendedoras, também preparadas para repassar essas recomendações às suas clientes”.
Não é puro marketing, mas um esforço subjacente para impelir a mudança cultural preconizada por Cristina Vendruscolo, da Johnson & Johnson, apesar dos entraves fora do controle da indústria. “Segundo pesquisas recentes, pouco mais de 30% da população usa com regularidade o protetor solar”, cita Marco Sanches, porta voz da mineira Farmax. “O preço de venda impede o mínimo acesso da população a este produto; os incentivos fiscais para a categoria são escassos e o governo pouco investe na prevenção dos problemas causados pela exposição solar”.
Sanches destaca o aumento das vendas, nos últimos anos, de produtos como autobronzeadores e pós-sol. Ele reconhece a receptividade da demanda ao conceito da multifuncionalidade, mas enxerga nos custos uma pedra no sapato. “Protetores com formulações de maior teor tecnológico exigem mais gastos em seu desenvolvimento e produção, pois dependem de matérias-primas mais caras, interferindo diretamente no preço de venda”. Com base nas vendas que afirma crescentes de sua linha Sunless, o gerente advoga que o índice de recompra feito por seu cliente espelha o reconhecimento da qualidade das fórmulas. No compartimento das embalagens, Sanches endossa o avanço do aerossol/spray com base na busca de mais praticidade pelo público “e ele vem pagando por isso”. Quanto à seleção de frascos soprados ou bisnagas como embalagem, ele comenta que as escolhas são baseadas em custos. “Mas pesa a influência da adequação técnica, pois os bronzeadores, por exemplo, constam, em essência, de formulações com grande concentração de óleo, razão pela qual tendem a migrar e vazar na hipótese de qualquer variação dimensional do conjunto frasco/tampa, o que não é frequente em tubos e bisnagas”, observa o executivo.
Na ativa em Divinópolis, no centro oeste mineiro, o grupo Furnax é um capítulo à parte na tela dos produtos de proteção solar. Afinal, opera verticalizado no sopro por extrusão contínua de seus frascos de PEAD para todos os cosméticos e fármacos de seu portfólio, fornecidos pela sua transforamdora ICOT. Conforme foi divulgado, ela responde por 90% das embalagens demandadas pelo grupo. Sanches solta as justificativas para essa verticalização. “Entre os maiores problemas encontrados em fornecedores de embalagens figuram os atrasos, falta de flexibilidade nos preços, lotes mínimos de produção altíssimos”, ele cita.
Os transformadores de frascos para cosméticos Frascomar e Atualplastic não responderam ao pedido de entrevista. A fabricante de bisnagas C-Pack quebrou a promessa de dar as informações solicitadas.
Os limites da pele
A proteção solar é questão de comportamento e educação, diagnostica uma das maiores dermatologistas do país
À frente de uma das mais prestigiadas clínicas do Brasil, a dermatologista Ligia Kogos é hoje uma celebridade médica do mesmo nível gold de vários pacientes seus. Seu nome encabeça as agendas de fontes da mídia nacional quando os assuntos são os cuidados com a beleza e um ativo fixo do noticiário do verão: os danos causados pela exposição abusiva e desprotegida aos raios solares. Nesta entrevista exclusiva, a doutora Lígia disseca o discutível grau de conhecimento da população a respeito de riscos como câncer de pele ou envelhecimento precoce, martela a tecla da necessidade de se incrementar as campanhas de conscientização a respeito e condena a cultura do chamado benefício temporal, a procura do alcance imediato de melhorias estéticas sem atentar para as decorrentes e sérias ameaças à saúde.
PR – Apesar das contínuas advertências na mídia a respeito dos efeitos da exposição demasiada ao sol, cresce a cada ano no Brasil a incidência de problemas de pele decorrentes desse descuido, incluso câncer de pele. Como interpreta essa situação?
Ligia Kogos – As conjeturas a respeito dessa crescente incidência de câncer, que parece zombar de todas as campanhas de prevenção, passa por aspectos sociais, econômicos, políticos e filosóficos. Inicialmente, temos que admitir que a proteção solar não é fácil; é algo que demanda trabalho, conhecimento, sacrifício e custo. As pessoas concentradas na zona urbana, em sua maioria, expõem-se ao sol com moderação e vestidas ao deslocarem- se no dia a dia e, ocasionalmente, em lazer e exercícios, quando anseiam pelo sol e bronzeado. Isso as leva a tomar sol de forma intempestiva, sem tempo para produzir paulatinamente o pigmento melanina, que desempenha importante função protetora. Esses banhos de sol provocam queimaduras, danos, o bronzeado obtido é fugaz e as alterações celulares vão se fazendo notar ao longo dos anos.
A educação, deixada a cargo de escolas, ações sociais e mídia não tem nem de longe o mesmo poder sobre o indivíduo, que tradicionais hábitos ensinados no seio da família, de geração em geração. Assim, grupos que vivem há décadas no campo, ainda que sejam gente simples e de pouca instrução, sem acesso a filtros solares, aprendem a proteger-se com chapéu e roupas de maneira mais eficiente que jovens urbanos com escolaridade e recursos, mas desejosos de fins de semana na praia aproveitados ao máximo. São resistentes à toda sorte de admoestações e conselhos.
Comportamentos de massa, perseguição de estereótipos e influência de efêmeras celebridades midiáticas, podem se sobrepor ao bom senso, em especial em épocas em que o Estado interfere pesadamente na economia e no estilo de vida, levando à homogeneização, padronização e ao dramático fenômeno do aumento da preferência temporal – preferir o ‘benefício’ imediato sem preocupar-se com o futuro.
Claro que devem ser levados em conta os principais fatores limitantes ao uso do filtro solar: custo, desconforto, desconhecimento e o falso conceito de que o filtro impediria o bronzeamento. Mas as causas comportamentais são igualmente decisivas. Em minha esfera de influência, tenho tentado enfatizar de forma insistente que, no atual estado da arte (avanço tecnológico) dos protetores, filtro é sinônimo de bronzeador! Frases como: ‘Só com um bom filtro solar consegue-se um bronzeado bonito, dourado, homogêneo e duradouro’, deixam entrever a boa intenção de conquistar o consumidor pela preferência temporal, sem tocar no incômodo assunto do câncer de pele. A ameaça real do envelhecimento é outra estratégia para despertar a vontade e a disciplina em proteção solar e tem sido significante estímulo para mulheres com mais de 30 anos.
PR – O consenso entre dermatologistas recomenda evitar a exposição ao sol entre 9-10 hs e 15 hs. Pois esta é justamente faixa horária preferida pelas pessoas para atividades ao ar livre no país. O que sugere para alertar e sensibilizar mais a fundo as pessoas de pele mais sensível à ação solar para a conveniência dessa mudança de hábito?
Lígia Kogos – É ingênuo e até pretensioso acreditar que se pode convencer pessoas a saírem ao sol apenas nos exíguos horários seguros. Não é factível nem no que concerne ao lazer, nem às atividades diárias normais. Como as mães persuadiriam as crianças a brincarem apenas das 8 às 10 hs e depois das 15h00 nas praias, parques e piscinas ? Teríamos até mesmo que transferir os recreios para esse esdrúxulo horário! Como fariam os vendedores, os carteiros, os guardas, os treinadores de esportes, os trabalhadores do campo? Pararíamos o mundo das 10 as 15 hs? A prevenção teria prioridade sobre o ato de viver? Seria ético ou moral?
PR – Qual a alternativa então?
Lígia Kogos – Nosso destino foi, desde o início, sobreviver, vencer a natureza. O conhecimento, a tecnologia dos filtros solares, das roupas protetoras, nos permite hoje grande liberdade sob o sol. Cabe a nós difundir este saber para que, informados, todos possam manejar da forma possível como o ambiente atuará sobre nossa saúde, aproveitando as dádivas e fugindo aos danos. Devidamente protegidas, as pessoas terão razoável liberdade de movimentos, de convivência com amigos e famílias sem arcarem com o sacrifício de se restringir. Se no século 19 havia sombrinhas e chapéus como itens corriqueiros do vestuário, hoje temos filtros solares de inúmeros tipos, em spray, loções, cremes, comprimidos via oral e em tecidos anti-UV. Temos mais chance de atingir a população tentando modular seus hábitos e não propondo reclusão no período mais produtivo do dia. Devemos informá-la sobre as opções de proteção solar, cada vez mais amplas. Vale ressaltar que a medida de baixar (ou, vale sonhar, abolir) os impostos sobre esses produtos, aumentaria as vendas prodigiosamente!
PR – Poderia explicar para leigos os alertas dos dermatologistas sobre os efeitos da exposição exagerada ao sol?
Lígia Kogos – As radiações solares incluem alguns comprimentos de onda diferentes que atingem a Terra de maneira particular. Elas incluem radiações infravermelhas e raios ultravioleta C, A e B. As que mais nos interessam e afetam são UVA e UVB. Esta última representa somente 7% da radiação total e UVA cerca de 93 %. A radiação UVB, apesar de representar a menor parte dos raios solares que nos atingem, (7% apenas), varia muito de acordo com as horas do dia – é mais intensa entre 10hs e 15hs – e bem mais forte no verão do que no inverno.Também é mais acentuada quanto maior for a altitude. É a responsável por aquelas queimaduras vermelhas, quentes, que levam às bolhas, ardor e posterior descamação da pele.
Toda vez que se ‘descasca’ após uma temporada de sol, significa que se exagerou na dose de UVB. Isto predispõe, de forma comprovada, ao câncer de pele e tem envolvimento no envelhecimeno da pele, manchas e pintas.
PR – E quais os efeitos da radiação UVA?
Ligia Kogos – Ela representa o grande contingente de radiação solar, (93%) está presente de maneira quase inalterada o dia todo. É a causa do fotoenvelhecimento da pele e de degenerações das camadas mais profundas, sendo também responsável pelo câncer de pele e alergias solares. Filtros solares são eficientes em especial contra a UVB. Já a radiação UVA, penetra mais profundamente, é extremamente difícil bloqueá-la e, em excesso, também está relacionada a câncer e envelhecimento. É, aliás, a responsável pela cor castanha – dourada dos bronzeados.
PR – Pelo histórico do seu concorrido consultório, qual era há cinco anos, em média, a participação % de problemas decorrentes da excessiva exposição ao sol entre seus pacientes e qual é essa participação hoje em dia?
Ligia Kogos – Cinco anos é só um breve instante na mudança de panorama das doenças da pele causadas pelo sol. Já então, em 2010, sucediam-se os alertas e previsões sombrios de quantos novos casos de câncer teríamos a cada ano. Porém, dentro de uma pequena porcentagem da população, de famílias com grande preocupação em saúde e estética para seus membros, desde crianças a idosos, posso afirmar que, nos últimos cinco anos, recebi mais pedidos de prescrição de filtros, por parte de jovens, adolescentes e homens adultos, do que recebia anteriormente. O que pode prenunciar algo positivo! Pode significar que a saúde esteja entrando em nossas vidas também através dos hábitos de beleza. Parece contraditório, mas o Bem e o Mal parecem estar na essência de tudo. Se estar obcecado com aparência já provou ser prejudicial, um pouco de preocupação pode ser interessante. Afinal, a inteligência talvez possa nos salvar …
PR – O perfil padrão de seus pacientes com problemas de exposição demasiada ao sol é o de pessoas com acesso à informação superior à média da população. Como explica então que tenham, ainda assim, insistido em ignorar os efeitos maléficos da exposição solar prolongada?
Ligia Kogos – Tudo o que considerei anteriormente entra nesta resposta. Herdamos a tendência natural de seguir o caminho mais fácil, menos trabalhoso, menos desconfortável, menos dispendioso e, ademais, temos preguiça, inércia e ainda a preferência temporal. Se a mídia tem se esforçado em difundir conhecimento sobre os danos causados pelo sol e o benefício dos protetores solares, uma boa parte da mesma mídia tem se notabilizado por destruir todo o caminho percorrido. Há poucos dias, fiquei estarrecida ao ver a colunista de um site de enorme popularidade e penetração, chamar chapéus de aba larga pejorativamente de acessório ‘de rica’, naquelas listas abomináveis como ‘10 coisas que você deve deixar em casa neste verão’‘, ao lado de matérias sobre protetor solar e reportagens do tipo ‘Fulana exibe bronzeado após separação’.
O que fazer ? Nada, a censura seria um erro ainda pior. Devemos desisitir da babá-Estado. A única esperança seria o refinamento que a cultura traria, cedo ou tarde, fazendo com que se perdesse interesse por esse tipo de matérias. Mas, ao que parece, isso vai demorar.
Musas das embalagens
As sopradoras e injetoras que mandam ver em frascos e tampas de cosméticos
Nº1 nacional em sopradoras, a Pavan Zanetti bate o ponto em 10 entre 10 estrelas da transformação de frascos para protetores solares, bronzeadores e produtos pós-sol. Pelo crivo do diretor comercial Newton Zanetti, as máquinas automáticas da série Bimatic são sob medida para esse eleitorado, a exemplo do modelo de médio porte BMT5.6D/H.”Elas primam pela velocidade e versatilidade no trabalho, um desempenho incrementado pelo recurso dos perfis especiais para dispersão e plastificação de poliolefinas como polietileno de alta densidade (PEAD)”, ele sumariza.
Na vitrine da Romi, a dica para a produção de embalagens do setor de proteção solar embute duas alternativas: as sopradoras por extrusão contínua C5TS e C8TD, expõe William dos Reis, diretor da unidade de negócios de máquinas para plásticos. “A primeira, de mesa simples, é indicada para corridas menores, enquanto a última, dotada de mesa dupla, focaliza grandes tiragens”. Entre os predicados de ambas as linhas, Reis pinça o espaço suficiente para alojar moldes de maiores dimensões e alta força de fechamento e o controle de perfil de parison com ajuste para até 512 pontos. Além de baixar o consumo, proporciona excelente distribuição do material soprado.
A Romi é o ponto cardeal do Brasil em injetoras. Para tampas de frascos de cosméticos, inclusos artigos de proteção solar, Reis elege a série EN. “As linhas de 220 e 300 toneladas são as mais utilizadas nesta aplicação”, ele salienta. “A tecnologia de acionamento ‘Stop and Go’ confere alta precisão e velocidade à injeção, além de aumentar a capacidade de plastificação, permitindo o emprego de moldes de maior número de cavidades”. Reis acrescenta que a smultaneidade de movimentos e as velocidades elevadas convergem para significativa redução do ciclo e peças como tampas injetadas em modelos EN também sobressaem pelo baixo desvio padrão num processo que acena com redução do peso artefato de até 2,5%.
Frascos de bronzeadores e protetores solares são quintal de tampas flip top, analisa Kai Wender, diretor do escritório comercial no país da Arburg, pedra angular alemã em injetoras. “Em especial no fornecimento de tampa rosqueada, a produtividade é condicionada pela alta velocidade da injeção com o movimento simultâneo de molde, desrosqueamento e desmoldagem”, assinala Wender. O fechamento da tampa flipt top é, de preferência, efetuado no molde e requer espaço na lateral dele, além dos acionamentos necessários, esclarece o executivo. “É realizado antes da desmoldagem para evitar processos posteriores à injeção e reduzir a lógística e interferência de mão de obra na fábrica”. A depender da geometria da tampa, condiciona Wender, as indicações da Arburg recaem sobre as injetoras híbridas HIDRIVE ou modelos hidráulicos turbinados pelo “pacote de produtividade” da empresa.
A produção de tampas de cosméticos, inclusas as de protetores solares, caem feito luva para os préstimos de um sistema integrado da canadense Husky, formado por injetora, molde e periféricos. “Em regra, tratam-se de injetoras na faixa de 200 a 500 toneladas que podem ser linhas elétricas da série HMED ou os equipamentos Hylectric, munidos de acionamento híbrido, completados por moldes para tampas confeccionados na Áustria pela controlada Husky-KTW”, descreve Paulo Carmo, gerente da unidade de negócios de embalagens de bebidas da base de vendas da Husky no Brasil.
Carmo fecha com Kai Wender quanto ao predomínio de tampas flip top em frascos de protetores solares. Em geral, adiciona o executivo da Husky, elas são moldadas com dois materiais e/ou cores diferentes. “Nossas máquinas são projetadas com as unidades de injeção e funções hidráulicas pneumáticas requeridas para a produção de tampas flip top, caso do recurso ‘in-mold closing’”, ilustra Carmo. •