O pulo do gato

Foi um reposicionamento visionário e, vale o trocadilho, de alta costura ...

Foi um reposicionamento visionário e, vale o trocadilho, de alta costura. Nos idos de 1968, ano de trepidação na política mundial, a Indústria de Linhas Leopoldo Adolfo Schmalz, estreava produzindo carretéis, tubetes e conicais para a manufatura têxtil. Nesse ínterim, o consumo nacional de plástico começava a sair do berçário e a chamar tanto a atenção a ponto de aquela pequena empresa catarinense mudar o foco e, renomeada Indústria de Plásticos do Vale do Itajaí Limitada, razão social abreviada para Plasvale, dar o pulo do gato: entrou em 1977 com os dois pés na injeção de utilidades domésticas (UDs). Deu no que dá até hoje. Com 500 funcionários e capacidade produtiva fincada no município de Gaspar e estimada em 500 t/mês, a cargo de 30 injetoras e uma infra comercial e de desenvolvimentos tida como bússola no ramo, a Plasvale vira a página dos 40 anos alinhada entre as três maiores marcas de seu segmento no país. “A empresa nasceu a partir de uma oportunidade de mercado, alinhada à demanda por produtos de alta qualidade, unindo praticidade e beleza”, sumariza o diretor presidente Jonas Antonio Miranda.

Jonas Antonio Miranda Plasvale
Miranda: Plasvale emplaca 40 anos com crescimento de 15%.

Ao longo dos 40 anos da Plasvale, o mercado de UDs injetadas deixou para trás o perfil inicial, vigente nos anos 1960 e 1970, de um reduto centrado estritamente em produtos de matrizaria simples, de cunho básico e movidos a preço. De lá para cá, o mercado cindiu-se em dois balcões.Um deles, dedicado ao consumo dito popular, dependentes de economia de escala, a exemplo dos estoques de lojas tipo R$1,99. O outro é formado por fabricantes antenados nas tendências internacionais em artigos para o lar, em busca de maior valor agregado através de diferenciação pela criatividade, funcionalidade e requinte no design. É a praia da Plasvale. “Nossa receita é inovação e adaptação ao mercado”, delimita Miranda. “Criar a cada dia um formato diferente de atuação, amoldando-nos às peculiaridades de cada segmento que atendemos”. E haja segmento. Na selfie atual, o mostruário da empresa abarca 24 linhas de UDs, com pontos altos como UDs para freezer/micro-ondas, lixeiras ecológicas, potes com válvula e organizadores com capacidade para 50 litros. Entre os desenvolvimentos marcantes na ascensão da Plasvale, Miranda se aferra às lixeiras com pedal e a diversidade de tamanhos e modelos de potes e a linha cristal de UDs. “Imita vidro e é a única no gênero no Brasil”, sustenta o presidente. Entre os lançamentos, ele distingue o pote marmita 1420, munido de travas laterais e ofertado com garfo e faca de plástico em bandeja.

Linha cristal
Linha Cristal: simulação diferenciada do vidro.

Esse comportamento inquieto ajuda a explicar a resiliência da Plasvale aos voos de galinha e curvas de eletrocardiograma da economia brasileira. Por exemplo, em 1976, o PIB crescia com garbo 9,7%. No ano seguinte, na estreia da Plasvale, o avanço moderou para 5,4%, pulou para 7,9% em 1980 e recuou -1,9% em 1981. De 1977 para cá, o Brasil passou por trocas de moeda, milagres, tablitas, congelamentos de preços, confisco de bens em conta corrente, gastos acima da arrecadação e demais pajelanças de alta combustão inflacionária, quando não recessiva. “Momentos de crise sempre existirão”, vaticina Miranda. “Estamos há 40 anos no mercado e passamos por muitos momentos de instabilidade. Cabe apenas à empresa traçar estratégias para seguir em frente”. Não se trata de mera retórica. Neste ano nada memorável, por exemplo, Miranda prevê crescimento de 15% em suas vendas sobre os indicadores de 2016, saldo cujo mérito é extensivo às exportações a mais de 20 destinos. “Somos referência em qualidade”, ele justifica. “Nosso produto não é o mais barato, mas é dos mais resistentes. Temos história, somos lembrados como ‘o plástico forte’. Isso não é para qualquer um”. •

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