William Marcelo Nicolau, presidente da Cipatex, nº1 do Brasil em laminados sintéticos, é figura carimbada onde quer que o setor plástico gere e repasse conhecimento. “Sempre digo à minha equipe que o acesso a uma nova informação que seja nos ajuda a fazer a diferença”. Para ele, acabou o tempo em que o empresariado da transformação achava que sabia o suficiente se apenas tivesse na ponta da língua o preço atualizado da resina. Como referência da nova realidade, ele alinha os temas que mais lhe calaram fundo no sexto Seminário de Competitividade, montado em 22 e 23 de setembro último pela Associação Brasileira do Plástico (Abiplast) e Plásticos em Revista. “Anotei a questão da imagem do plástico aos olhos do consumidor, os novos desafios da produtividade e gestão de pessoal, a revolução a caminho com o conceito Indústria 4.0, o impacto do novo acordo global do clima e a busca de embalagens mais leves e fáceis de abrir”. Nesta entrevista, ele comenta o saldo do evento.
PR – O seminário proporcionou algum tipo de informação capaz de surpreendê-lo ou auxiliá-lo na gestão de sua empresa?
Nicolau – O seminário abordou muitos temas e, entre as informações do meu interesse direto, um exemplo são os dados sobre a indústria transformadora de plástico nos EUA, cuja competitividade econômica hoje está apenas 5% acima da China, país aliás mais caro de se produzir que no México, segundo os gráficos apresentados. Ainda no âmbito do plástico internacional, foi acenada no seminário a possibilidade de uma onda de investimentos voltar à América do Norte e, com base em sua proximidade, há oportunidades para o Brasil nessa tendência.
Quanto ao mercado interno, soube pelo evento da pesquisa da Fundação Dom Cabral sobre a competitividade da transformação plástica no Brasil. O levantamento evidenciou um desafio enorme para o setor, mas temos que nos mirar em benchmarks da alta produtividade nacional – o agronegócio e o setor financeiro. Também deu o que pensar a pesquisa IBOPE sobre a imagem pública do plástico. Os expositores mostraram-nos as oportunidades para melhorar a reputação do material.
PR – Boa parte dos transformadores opta por não comparecer a eventos sobre o setor. Alegam, por exemplo, não ser da cultura de sua empresa ou ter compromisso marcado no mesmo dia. Também não costumam mandar ninguém representá-los. Porque esse desinteresse por informação ao alcance da mão?
Nicolau – A informação é fundamental para nossa tomada de decisões e planejamento. Muitas vezes somos engolidos pela rotina diária e não encontramos tempo para novos conhecimentos e informações. Precisamos de um equilíbrio: cuidar do cotidiano, mas pensar no futuro. E não se pensa nele sem informações. Pensar no futuro não é prática forte na cultura empresarial brasileira pela dificuldade de planejamento provocada pela instabilidades econômicas. Conforme o país for melhorando e tornando-se mais estável, creio no aumento da preocupação do empresariado com o futuro e menos com a obsessão em sobreviver no presente. Reitero, no entanto, a busca de informações como fundamental para qualquer negócio.
PR – O seminário abordou questões vitais para o futuro do plástico mundial, como a Revolução 4.0. Ela passa longe do momento do setor no Brasil ou, pelo visto no evento, já passou da hora de o nosso transformador entrar nessa corrida da automatização e digitalização no processo?
Nicolau – O seminário atestou a velocidade do avanço da Revolução 4.0 no Primeiro Mundo, em particular na Alemanha e Estados Unidos. Quanto ao Brasil, precisamos primeiro cuidar de um problema crônico: a produtividade. Automatizar um processo de baixa produtividade é jogar dinheiro fora. Nossos transformadores precisam incrementar a produtividade com rapidez e, passo a passo, evoluir rumo ao universo da Indústria 4.0 mediante o preparo da mão de obra e assimilando tecnologias como a de sensores, realidade aumentada, impressão 3D e embarcando em ações de integração de cadeias, internet das coisas, entre outras ferramentas. •