Defensores dos benefícios fiscais para fisgar investimentos industriais enchem a boca com um argumento a célere caminho das traças e teias de aranha: a geração de empregos nas áreas incentivadas. Pelo visto em medidas como a recente aprovação da quarta prorrogação por 50 anos (até 2073) das benesses tributárias da Zona Franca de Manaus, parece ainda não ter caído a ficha para lobistas e políticos brasileiros de que, sob a avalanche virtual de hoje em dia, fábrica moderna emprega cada vez menos gente. Um fato que priva os apologistas da política industrial de uma justificativa favorita para pleitear isenções fiscais. A contundência dessa mudança sem escapatória é ilustrada, na cadeia plástica, pela transição em andamento na ferramentaria norte-americana de moldes de injeção HS, reportada no início de abril pelo diário Grand Rapids Business Journal.
Com 54 anos de milhagem, a HS, movida pelo foco na automação, deu início à repaginação do seu perfil decapitando 25% do quadro de pessoal. Dale Hermiller, presidente da matrizaria sediada no oeste do estado de Michigan, informou ter agora 161 funcionários. O efetivo segue sujeito a sofrer mais cortes à medida em que avança o processo de transição fabril, cujo término é estimado para o final do ano e que inclui ainda a transferência de ativos para outra unidade nas proximidades, dotada de mais espaço para a implantação de soluções complexas de automação e de mais recursos de capacitação na confecção de moldes. “Demitir é decisão incrivelmente difícil de tomar, inclusive por nos fazer deixar para trás parte do modelo histórico do negócio em vigor desde a fundação da companhia”, pondera o dirigente. “No entanto, estamos comprometidos a crescer e investir em contribuições da automação à qualidade e produtividade dos clientes”. Hermiller reconhece que, embora estressante e drástica, a estratégia abraçada pela HS está generalizada no seu setor, como peça-chave para a competitividade daqui por diante.
Na transformação de plástico no Brasil, automação e digitalização já acumulam casos de excelência por tornar coadjuvante ou substituir a intervenção manual no processo. Entre as evidências recém-divulgadas, o Grupo Boticário, orgulho nacional em cosméticos e de gume afiado na injeção de artefatos como tampas, reforçou a adesão à cultura 4.0 incorporando o sistema sul coreano de gerenciamento operacional eMoldino, para lapidar a produtividade de cerca de seus 400 moldes exclusivos. O sistema não utiliza fio e envolve IoT e machine learning. Instalado nos moldes, ele permite o monitoramento em tempo real da produção. Seu funcionamento consiste na transmissão de dados cruciais para o servidor, com criptografia, contagem de batidas, tempo de ciclo, temperatura, pressão e localização. Em seguida, os dados armazenados são processados por software original do Grupo Boticário e relatórios personalizados são fornecidos.