O caminho certo

Por que os avanços na reciclagem do plástico continuam à toda, como mostram as entrevistas desta edição
Por que os avanços na reciclagem do plástico continuam à toda, como mostram as entrevistas desta edição

Com seu errático bombardeio tarifário, Donald Trump atolou a economia mundial numa areia movediça de incertezas. Bem menos coberto pelo noticiário, mas de igual a relevância para o futuro do planeta é outra atitude do presidente dos EUA. Trata-se do questionamento das mudanças climáticas e dos meios de refreá-las e do apoio total à exploração das fontes fósseis de energia.
Ao confrontar e rejeitar a premência da defesa do meio ambiente, Trump põe em xeque todo o esforço mundialmente empreendido em prol do desenvolvimento sustentável. O xis da questão é que o combate ao aquecimento do planeta é um problema mundial, dependente de ações que integrem toda a comunidade global, uma estratégia que não vinga sem consenso absoluto ou com a adoção de iniciativas práticas de alcance apenas local. À parte a questionável lógica de seus atos, o posicionamento ambiental do líder da maior economia da Terra coloca a cultura da sustentabilidade num impasse existencial. Em suma, de que adianta estimular e investir na transição para a energia limpa sem a adesão dos EUA?

A guerra comercial deflagrada por Trump acelerou um dilema vivenciado pela reciclagem de plástico desde o fim do superciclo de investimentos na petroquímica mundial (1992-2021). Trata-se do surgimento de um mega excedente (crescente) de resinas virgens, a ponto de seus preços reduzidos as colocarem em disputa com os polímeros reciclados. Em decorrência, os resultados alcançados pela reciclagem no mundo, no plano geral, ainda não correspondem às expectativas, um clima tumultuado pela rejeição de Trump aos valores da sustentabilidade.

Acontece, porém, que não se muda de mentalidade como se troca de roupa. Décadas de alertas sobre as crises climáticas e as medidas adequadas para controlá-las acabaram entranhadas na opinião pública. A indústria plástica, por sua vez, não tem medido esforços para acertar o passo com esta realidade. Falam por si, em especial, a evolução tecnológica da reciclagem e o gradativo reconhecimento, pela sociedade, do plástico como um aliado essencial da economia circular e da melhoria do padrão de vida. Daí porque, mesmo numa fase de rentabilidade a desejar dos reciclados, em razão da super-oferta barateadora da resina virgem, os fabricantes de materiais e equipamentos atrelados à recuperação de polímeros mantêm intenso o desenvolvimento de soluções. As entrevistas apresentadas a seguir ilustram este espírito pra cima, baseado na convicção de que o setor plástico trilha o caminho certo e não é no berro nem no imediatismo míope nem com cortinas de fumaça que desvios e recuos serão impostos.

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