O adubo da perseverança

ThaThi Polimeros Joao Rodrigues
Rodrigues: 30 anos de resiliência aos altos e baixos da economia.

Exasperado com as idas e vindas de seu vendedor para atender um cliente, um distribuidor de resinas commodities abortou o plano de ciscar em plásticos de engenharia. “Parece até farmácia de manipulação, tantos são os ajustes exigidos para o material rodar direito na injetora. Muito trabalho para vender pouco volume”.

Minúcias sem fim e o grau de especialização cobrado na assistência pré e pós-venda hoje equiparam o varejo de resinas nobres ao que Tom Jobim dizia do Brasil: não é um lugar para principiantes. A música era bem outra no século passado, quando João Rodrigues, turbinado pela testosterona dos 27 anos, resolveu mandar às favas a vida de empregado e fundou a distribuidora ThaThi Polímeros, uma virada de mesa decidida após sua estada num balcão rival dos plásticos. Conforme rememora, teve o estalo ao trabalhar como gerente industrial de uma metalúrgica, onde pontou a oportunidade de acompanhar manufatura de peças técnicas de poliamida. “Nesse mesmo período, comecei a formar uma rede de relacionamento com fornecedores de plásticos e componedores e transformadores”, ele emenda. “As oportunidades de negócios surgiram e acabei constituindo em 1987 a Representações Comerciais ThaThi, nome em homenagem aos meus filhos Thais e Thiago”.

Com três anos de jogo ele assegura, a ThaThi já formara caixa suficiente para subsistir à violência do confisco de bens em conta corrente, ato extremo na estreia de Collor para exorcizar a hiperinflação legada pela era Sarney. Mas, entre suas raras bolas dentro, o presidente depois impichado abriu o mercado em 1990 e Rodrigues vislumbrou nesse soco em décadas de protecionismo o caminho para sua empresa palmilhar. “Eu me distinguia da concorrência por aliar experiência técnica com consultoria de vendas e, do convívio com a equipe brasileira da DuPont, nasceu em 1994 o acerto para a ThaThi tornar-se sua agente exclusiva para plásticos de engenharia em São Paulo, Minas e Rio”, narra o empresário. “O mercado começava então a consumir plásticos de engenharia para atender à demanda de peças para indústrias, em especial automotiva e a eletroeletrônica”. Por sinal, Rodrigues cita entre feitos históricos da ThaThi homologações conquistadas para vários materiais em autopeças.

Naqueles tempos, home office não tinha tradução e Rodrigues montou escritório em casa para dar conta, com ajuda da esposa Vilma Dias, do ramerrão dos processos administrativos e comerciais. “Ao longo do tempo, a operação aumentou a ponto de requerer frota própria e mais espaço de armazenagem”.

Instalada então na Grande São Paulo, a ThaThi fez nome como agente de resinas como PA 6 da DuPont até 2008 combinar a crise financeira global com o fim do contrato de distribuição exclusiva. “A demanda caiu, o dólar subiu, as importações se inviabilizaram e, por três anos, o negócio ficou muito complexo”, sintetiza o dirigente. A saída foi, agora nas vestes de revendedor autônomo, tratar de ampliar o mostruário e a carteira de clientes. Deu certo a ponto de, no ano passado, a ThaThi voltar a subir no octógono dos agentes autorizados, ao topar o convite para distribuir compostos de elastômeros termoplásticos da gaúcha FCC.

Na selfie atual, a ThaThi, sediada em Santana do Parnaíba, Grande São Paulo, gira cerca de 250 t/mês, responsável este ano por um faturamento estimado por Rodrigues na faixa de 5% acima da receita anterior, a tiracolo de 600 clientes ativos no arredondamento da última contagem. Na retaguarda, Rodrigues destaca a frota própria, de quatro veículos, e a tacada estratégica do ano, sonho aliás acalentado em 2011: uma base para cobrir ao vivo o Sul, região responsável por 13% das vendas da ThaThi. “Decidimos abrir a primeira filial em Itajaí”, conta Rodrigues. Logística à parte, o encanto exercido no empresariado pelo município catarinense inclui afagos tributários (redução do ICMS) a importações desembarcadas pelo seu porto. Rodrigues salienta, no entanto, que a decisão da filial foi lastreada em estratégia interna “Não vejo necessidade de incentivos fiscais”. Com a filial em Santa Catarina, ele calcula, a capacidade total de estocagem da ThaThi sobe a 400 toneladas. E vida que segue. •

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