Um ás na manga da reciclagem química é a adequação dos polímeros resultantes a aplicações em contato com alimentos, condição usufruída apenas por PET bottle to bottle no compartimento da reciclagem mecânica de plásticos. Sem entrar nos meandros do processo, a petroquímica canadense Nova Chemicals mostra na mídia mundial que a coisa não é bem assim, através do lançamento, por ora exclusivo para a América do Norte, sob o codinome Syndigo rPE-0860 FC. Trata-se de um grade de PEAD obtido da reciclagem mecânica de frascos e containers soprados de leite fresco e avalizado pela Food and Drugs Administration, agência regulatória dos EUA, para uso sem restrições em embalagens alimentícias.
À parte investimentos atrelados ao licenciamento e produção desse tipo de resina de circularidade cintilante, a hipótese da transposição de sua aplicação no Brasil se complicaria em razão do uso discreto de PEAD virgem no envase de leite, mercado sob domínio quase absoluto da caixa cartonada. Como ensina o legendário transformador Jacques Siekiersky, que abriu caminho para tantas embalagens plásticas no país, o xis da questão é uma crônica lacuna logística.
A América do Norte conta com super estruturada rede viária que permite a remessa sem demora do leite fresco desde a ordenha ao envase pelo laticínio e sua oferta ao consumidor final no autosserviço sem deterioração do alimento. Já no Brasil a malha de transporte a desejar refreia a velocidade necessária a esta tramitação do leite conservado fresco e, diante disso, a caixa cartonada acondicionando leite esterilizado em temperatura ultra alta (UHT ou longa vida) reina até hoje como a solução de embalagem predominante no cenário doméstico.
