Principais cobradores de embalagens sustentáveis para a cadeia plástica, os brand owners (múltis donas de grandes marcas) estão ingressando em negócios fora de sua vocação para fortalecer suas pressões. Indústria nº1 global em alimentos e mentora da economia circular em seu setor, a suíça Nestlé debuta na linha de frente da reciclagem na América Latina. Sua subsidiária mexicana desponta como acionista em recicladora química ativada em 25 de maio em Cuautla, localidade 113 km ao sul da Cidade do México. Completam a joint venture duas sócias inglesas: a Enval, licenciadora da tecnologia e cujo nome consta na razão social da planta, e a Greenback Recycling Technologies, proprietária das instalações e gestora do negócio. Conforme apontado na mídia internacional,o foco do empreendimento é a recuperação de flexíveis multicamada e laminados com folha de alumínio, resíduos tidos como infernais para se conseguir uma bem sucedida reciclagem mecânica. Projeto desvendado para a mídia em 2021 e com montante do investimento em sigilo, a unidade inaugurada possui capacidade inicial de 6.000 t/a e a estratégia é elevá-la de forma gradativa até 26.000 t/a. Para viabilizar comercialmente o empreendimento, a Nestlé informa que pagará para a Greenback uma cota por tonelada da sucata coletada e reciclada pela tecnologia da Enval.
Processo patenteado e com foco em sucata flexível de baixa densidade, a tecnologia adotada nesta recicladora avançada, a primeira no gênero do México, tem seu ponto de partida na pirólise, segundo esclarece a Enval. Em suma, pirólise é o processo pelo qual um material orgânico é aquecido e sua cadeia molecular rompida e partida na ausência de oxigênio. Com a indução da pirólise por micro-ondas, energia térmica é gerada. Durante o processo, o laminado plástico/alumínio é triturado e misturado com carbono. Quando exposto às micro-ondas, o carbono atinge temperaturas até 100ºC em poucos minutos e a energia térmica desse processo é transferida por condução ao resíduo plástico. Quanto ao refugo da folha de alumínio, pode ser recuperado na forma sólida, limpo e pronto para ser reprocessado. Enquanto isso, o substrato de plástico se degrada originando mistura de hidrocarbonetos, a seguir esfriada e fracionada em gás e óleo. O gás pode ser usado para gerar eletricidade e o óleo tem aplicação como combustível ou matéria-prima para especialidades químicas.