Commodity, no sentido de convencional e pouco rentável, virou palavrão em qualquer indústria. A possibilidade de levar alguém a sair da pasmaceira e fazer a diferença no reduto da injeção, o mais concorrido na transformação de plástico, instigou Luiz Antonio Oliveira a dar vazão ao engenho e arte fundando em abril passado a empresa baiana Inovin. Desde então, o economista e inventor já soma 32 processos de requisição de registros de desenvolvimentos no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) e uma clientela de suas mais de 60 patentes puxada por âncoras que vão da Rede Globo, Odebrecht e Coca-Cola até TAM, Ambev e Pão de Açúcar.
O turborreator de ideias de Oliveira funciona em galpão em Lauro de Freitas, na Grande Salvador, no qual se alojam as áreas técnica e de prototipagem, além do depósito de produtos inspiradores coletados mundo afora. O quadro de pessoal da Inovin se resume a dois projetistas, dois designers, um engenheiro, um pesquisador de campo e uma assessora administrativo-financeira. Quando necessário, ele completa, a empresa subloca os serviços de escritórios ou especialistas autônomos e recorre a parceiros como um escritório de marcas e patentes e fornecedores de matérias-primas e moldes. “A Inovin não tem concorrentes nos seus campos de atuação: o mercado de caixas para colheita, transporte e armazenamento de hortifrútis, engradados para bebidas e equipamentos de sinalização e segurança do trabalho”, especifica Oliveira. A expertise em engradados e caixarias, no entanto, não limita as incursões por outras fronteiras na esfera do plástico. “Por exemplo, temos em desenvolvimento uma coleira identificadora de cães, cavaletes promocionais, prateleira doméstica capaz de substituir as de madeira e até uma mini-extrusora para o consumidor transformar em casa os sacos de supermercado numa borra e vendê-la na forma compacta a recicladores, quando o volume acumulado superar 50 quilos”.
Oliveira cinde o conceito dos seus projetos de inovação em três enclaves. A trindade abre com o tipo radical, relativo a produtos 100% inéditos no gênero. À guisa de referências, ele cita o denominado “chama garçom” para mesas de bares e restaurantes; um cinzeiro injetado para botinar o de metal, mais caro, dos topos de cones de sinalização e um engradado capaz de acomodar garrafas de 290, 300 ou 360 ml. Em outra categoria, Oliveira aloja os projetos incrementais que focalizam o deslocamento de metal ou madeira por plástico. “São exemplos desenvolvimentos como um forro decorativo tipo colmeia, de poliestireno; um balaio e placas de identificação de logradouros”. As definições fecham com os projetos de inovação substancial, relativos à repaginação, no visual ou na redução de peso, a artigos como capacetes de segurança do trabalho e cones e cavaletes de sinalização. “Embora os projetos radicais acenem com mais rentabilidade, devido ao conteúdo inovador, os tipos substanciais permanecem os mais frequentes na carteira da Inovin e assim devem prosseguir, por causa do baixo investimento escorado no uso parcial ou total de moldes existentes”, pondera o inventor.
Apesar de prezada como ferramenta da competitividade na oratória do governo, o Brasil velho costuma pisar no calo da prática em sua transposição da teoria. “Com base nos trâmites com documentação formal, o registro de marcas demora em média seis anos, prazo elevado para 10 anos no caso de uma patente e de cerca de três para o registro de desenho industrial”, delimita Oliveira. “Segundo o INPI, se seu efetivo dobrasse para 280 funcionários, os prazos cairiam à metade e reduziriam nossa distância de países como os EUA e China, nos quais a demora média de uma patente é de, respectivamente, cinco e três anos”. Do passo de cágado nacional, interpreta o empresário, transparece mais uma chaga do Custo Brasil. “Inibe a implantação de atividades industriais e facilita a disseminação da pirataria por aqui”, ele conclui. “A Inovin tem ações contra pirataria de um invento tramitando há mais de nove anos e com possibilidades de prolongamento devido a brechas jurídicas”.
Oliveira traça o orçamento de um projeto, da concepção à entrega final, a partir das horas trabalhadas pela equipe e na etapa de prototipagem. “Por exemplo um modelo desenvolvido de um engradado saiu R$ 150.000 para o cliente proporcionando-lhe, em contrapartida, economia de custos da ordem de R$ 350.000 ao ano”, ele expõe, inserindo na negociação do serviço a possibilidade de se reservar para a Inovin uma participação de 3-5% sobre o valor das vendas líquidas, relativas ao desenvolvimento, ao longo de um triênio.
A prototipagem da Inovin também se vale de uma impressora Cubex Duo apta a gravar em duas cores peças de até 27 X 27 cm no prazo máximo de oito horas por unidade, conforme seu peso. “O custo mínimo de um protótipo é de US$ 500”, fixa Oliveira, comparando com a média de US$ 2.000 cobrados na China para protótipos de peças de maior porte, a exemplo de um engradado para cerveja, concluídos em 30 dias. Conforme o pulso da demanda e as projeções de horas de uso, Oliveira considera a possibilidade de fortalecer a atuação da Inovin com a compra de uma impressora 3D em 2015. “Além de reduzir custos, a impressão 3D interna assegura maior sigilo sobre os desenvolvimentos”, percebe o inventor. •
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