Meio ambiente: o fim incerto dos lixões no Brasil
Por mais que o empresariado do plástico se esfalfe em ações de conscientização ambiental, esse comprometimento permanece etéreo sem que o poder público faça a sua parte. Seja por déficit no caixa, descaso ou despreparo, esse descompasso não sai de cena tão cedo, como indica a pressão generalizada de prefeitos por mais tempo para fechar os cerca de 3.000 lixões nos quais o país, surdo aos pleitos ambientalistas, despejou em 2017 em torno de 13 milhões de toneladas de refugo, gerando gases e o chorume, líquido poluidor de lençóis freáticos. Promulgada em 2010, a lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) estabelecia o fechamento dos lixões até 2014, prazo prorrogado em vão por mais quatro anos e a caminho de novo adiamento defendido agora pelos gestores municipais.
Nos países desenvolvidos, as diretrizes da sustentabilidade e saúde pública substituíram os detritos a céu aberto por estoques de matéria-prima pós consumo a ser despachada para reciclagem. Corte para o Brasil: visíveis em todas as regiões, os lixões afetam um contingente estimado em 76 milhões de pessoas, custando ao ano por volta de R$1,5 bilhão em tratamentos de saúde e R$ 2 bilhões no reparo de danos ambientais, segundo cálculos divulgados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Varredura da entidade assinala que o Brasil descarrega 43,3 milhões de toneladas de lixo em aterros sanitários e mais de 29 milhões em lixões, descarte impróprio praticado por 3.352 municípios, apesar de sujeitos a sanções administrativas e multas de R$ 5.000 a R$ 50 milhões determinadas pela lei federal da PNRS.
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