Inovações dirigem o roteiro do filme da Chromoplast

A estratégia que bombeia a expansão intensa da convertedora catarinense
Embalagens da Chromoplast: avanços em estruturas técnicas de alta performance.
Embalagens da Chromoplast: avanços em estruturas técnicas de alta performance.
Um investimento de R$ 45 milhões entre 2019 e 2024 ampliou em cerca de 230% o faturamento e em 130% a produtividade da convertedora Chromoplast, cujo único acionista é o fundador e presidente Edemar de Oliveira. A injeção de recursos em tecnologia, produção, logística e marketing tornou essa indústria, cujo único acionista é o fundador e presidente Edemar de Oliveira, uma ourivesaria de embalagens flexíveis em mercados como pet care, lácteos, café, suplementos alimentares e pães de forma. Na ativa desde 2001 na catarinense Içaras, a Chromoplast acena agora com projeto de investimentos da ordem de R$ 20-25 milhões nos próximos três anos em equipamentos, automação e certificações. Na entrevista a seguir, o CEO Cledson Francisconi analisa o crescimento exponencial da empresa, os dividendos colhidos com a semeadura contínua de capital e distingue exemplos de embalagens emblemáticas da obsessão da Chromoplast por colecionar inovações.
Cledson Francisconi

Cledson Francisconi: demanda crescente por embalagens menores reflete mudanças nos hábitos de compra.

Em 2024, pet food foi o segmento de embalagens plásticas flexíveis cuja demanda mais cresceu: 48.000 toneladas, salto de 24,1% sobre 2023 (dados da Abief). Do ponto de vista do transformador de embalagens para o mercado pet, como justifica este desempenho fora de série?

Acreditamos na continuidade desse crescimento, tendo em vista uma análise um pouco mais profunda no comportamento ou mudança de comportamento da sociedade. Hoje, as pessoas estão elevando o que sempre foi ‘pet de estimação’ à condição de membro da família. As pessoas estão se permitindo experimentar mais, ter animais em suas casas ou apartamentos, e a experiência tem sido muito positiva, pois isso faz com que o mercado tracione sem pausa na expansão. A Chromoplast atua em vários segmentos, mas vem se consolidando de maneira muito rápida no mercado de pet care, graças à sua qualidade de produto e segurança, atributos contidos num serviço completo que gera muito valor ao cliente.

Uma corrente de analistas sustenta que uma explicação forte para o salto do mercado brasileiro de pet care é o fato de casais jovens hoje preferirem criar animais domésticos do que ter filhos. Concorda com este argumento?

Sim, concordo plenamente. Este comportamento vem ganhando força entre a geração que vem vindo e isso muda de fato o comportamento da sociedade, de maneira geral. Os novos casais buscam por mais liberdade ou flexibilidade de horários e geográfica, um objetivo que, com um filho, seria mais restritivo. Além disso, temos que inserir na balança a questão custo para ter e criar uma criança. Colocado tudo isso na mesa, os casais acabam optando por ter um pet para tentar preencher o ‘vazio’ da ausência de um filho. Neste cenário, temos visto também uma transferência de cuidado igual ou até superior ao dispensado a um membro da família tradicional. Na mesma linha, percebemos o crescimento da demanda por embalagens premium, com preocupação em relação à sustentabilidade, e por embalagens menores para manutenção do alimento mais fresco, com exigências de barreiras e muita qualidade visual. Todos esses pontos tornam o mercado de pet care muito fascinante e pulsante.

O cenário atual de encarecimento de bens de consumo, como alimentos, e o poder aquisitivo da população reduzido pela inflação levam muitas indústrias de produtos finais a recorrerem a embalagens menores para não perder vendas. A Chromoplast percebe este movimento este ano em mercados que atende?

Temos observado uma crescente demanda por embalagens menores em vários segmentos que atendemos. Essa procura reflete uma mudança no comportamento do consumidor e nas estratégias de formação de preços dos nossos clientes e do mercado. Marcas de alimentos têm optado por porções menores para produtos como snacks, café e bebidas. Isso se aplica tanto a itens premium, como barras de chocolates gourmet, nos quais o tamanho reduzido pode facilitar a experimentação por novos clientes, quanto a produtos de massa, como biscoitos, e refrigerantes, em que a acessibilidade de preço é crucial.

Também observamos essa tendência no setor de cuidados pessoais. Com frequência, produtos como máscaras faciais e xampus estão sendo oferecidos em tamanhos menores, como forma de tornar o preço percebido mais atraente, especialmente em regiões onde a sensibilidade ao preço é mais acentuada. Além disso, embalagens menores facilitam a portabilidade, um fator importante para consumidores que viajam com regularidade.

Em relação ao impacto desse fator do tamanho menor da embalagem sobre o volume de vendas da Chromoplast, não notamos uma redução de consumo. Constatamos, sim, uma variedade maior de tipologia e volume mínimo de produção – tópicos que, no total formam o volume histórico do cliente.

Capacidade instalada: nova rodada de investimentos deve elevar o potencial de 800 para 1.000 t/mês

Capacidade instalada: nova rodada de investimentos deve elevar o potencial de 800 para 1.000 t/mês

Qual a capacidade instalada total da Chromoplast, com qual nível médio de ocupação ela operou em 2024 e qual a expectativa para 2025?

A Chromopalst tem capacidade de 800 t/mês e, por estratégia, atuamos durante 2024 com pouco mais de 90% de ocupação, para trazer segurança nas datas de entregas e na presença em novos mercados. Isso vale até chegarem os novos investimentos previstos para se concretizarem ainda este ano e em 2026. A empresa possui quatro extrusoras – duas linha monocamada e duas coextrusoras. Uma nova coextrusora tem previsão de entrega para agosto próximo. O parque industrial envolve também três impressoras flexográficas (dois modelos gearless). Contamos ainda com duas laminadoras, uma solventless e outra duo (base de solvente e solventless). No momento a Chromoplast está incrementando mais 2.000 m² de área construída para receber novos equipamentos. Entre eles, está no plano uma laminadora solventless, uma nova impressora gearless, além de máquinas de acabamento como corte e solda. Tudo isso nos dará um aumento de, pelo menos, 25% na capacidade produtiva, além de mais qualidade de produção e melhora de serviço.

Quais os desenvolvimentos de embalagens e tecnologias que se destacaram na trajetória da Chromoplast desde sua partida? Quais as novidades previstas para estrear este ano?

A Chromoplast foi uma das primeiras empresas a iniciar, no Brasil, um projeto com polietileno de fonte renovável com selo I’m Green (PE da Braskem obtido da rota alcoolquímica), embalagem para mistura de bolo concebida em parceria com empresa do Rio Grande do Sul. Nos últimos anos, alguns marcos se destacam nessa trajetória de evolução:

  • Introdução dos filmes sustentáveis da linha GreenShield, com destaque para estruturas contendo resina reciclada pós-consumo (PCR), filmes biodegradáveis, monomateriais e opções para economia circular.
  • Avanços em estruturas técnicas de alta performance: sacos com quatro soldas, box pouch, stand up pouch com composição técnica específica para produtos com alto peso e shelf-life prolongado.
  • Melhorias no processo de impressão com alta definição, implementação de controle e revisão de padrões de cor com controle digital, que garantiram padronização e maior estabilidade de cor em grandes lotes.
  • Otimização das estruturas para selagem de alta velocidade, com foco em máquinas flow pack horizontais e verticais, onde a performance térmica e o coeficiente de atrito controlado foram diferenciais técnicos.

Quais as novidades previstas para ganhar mercado este ano?

Temos o lançamento de estruturas multimateriais biodegradáveis e o programa de testes com celulose compostável, inovações alinhadas às demandas crescentes por embalagens com menor impacto ambiental.

Muitos concorrentes da Chromoplast produzem também filmes commodities (não convertidos), como shrink e stretch, inclusive com plantas na Zona Franca. Por que a empresa optou por não abraçar essa estratégia?

A Chromoplast é e vem se posicionando cada vez mais como uma fornecedora muito técnica de embalagens. Atuamos bastante em laminados e bilaminados. Entendemos o movimento das empresas para a Zona Franca e sabemos dos benefícios, mas estudamos muito qualquer movimento desse tipo para que, em nenhum momento, venham a impactar no que mais temos orgulho de ser: uma empresa que entrega muita qualidade e segurança ao cliente. Mas afirmo que estamos olhando atentamente para este movimento e, sim, o tema frequenta nossas pautas executivas e estratégicas.

Qual a projeção para o volume de vendas e faturamento da Chromoplast este ano versus 2024?

A Chromoplast teve um crescimento muito exponencial nos últimos anos, sempre acima dos dois dígitos. Porém, em 2025, vamos crescer um pouco mais de 5% em volume (toneladas) e esperamos crescer em torno de 15% em faturamento, devido ao reposicionamento estratégico de mercado que está em curso.
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