Nº1 global em PET, a tailandesa Indorama Ventures vergou os joelhos diante do excedente global do poliéster ao anunciar em sete de agosto fim de linha para sua planta do intermediário ácido tereftálico purificado (PTA) em Montreal, Canadá. Os preparativos para o fechamento começam em setembro, assinalou a petroquímica oriental em release, e a funesta decisão foi atribuída à expansão da capacidade do poliéster que contemplou a China com plena autossuficiência no polímero, autonomia em sua maior parte obtida com o alastramento de projetos integrados de PET com as matérias-primas PTA, monoetileno glicol (MEG) e paraxileno. Apenas em PTA, separa a consultoria Icis, a China dispõe hoje de capacidade nominal acima de 70 milhões de t/a e exporta cerca de três milhões ao ano. Na Ásia, a propósito, a Indorama produz PET na Tailândia e Indonésia, atesta a Icis.
Esse cenário, na percepção da Indorama, tem comprimido gastos e preços da concorrência ocidental em PET e seus insumos, tendo ao fundo um ambiente mundial gangrenado por inflação e demanda declinante, desembocando em baixas taxas de ocupação das capacidades no setor. Para racionalizar custos e atenuar o desnível entre oferta e demanda nas regiões afetadas pelo excedente do poliéster, despontam as alternativas de joint ventures e aquisições de competidores e, ato extremo, a extinção de fábricas como a encetada pela Indorama para seu único ativo canadense.
“Trata-se de um passo para nos adaptarmos às desafiadoras condições do mercado”, admitiu Mutukhumar Paramasivam, presidente e co-líder do segmento de PET da Indorama Ventures. Erguida em 2000, a unidade de 600.000 t/a de PTA partiu em 2003 no distrito industrial de Montreal sob comando do fundo financeiro SGF e do grupo de energia Cepsa. A Indorama adquiriu o controle da fábrica em 2015, tendo em vista sinergia com sua operação de PET nos EUA à sombra do bloco de livre comércio completado pelo México. A Indorama responde por 20% do mercado global de PET, situa a Icis. Inclusa no cômputo a unidade PTA a ser eliminada no Canadá, o conglomerado tailandês opera 147 unidades em 35 países. Sua produção total foi dimensionada pela Icis em março último em 19 milhões de t/a e uma parcela de 67% cabe à cadeia de PET.
Para reagir à perda de competividade, margens e de ocupação de suas capacidades, a Indorama brandiu para o mercado este ano a estratégia IVL 2.0. Conforme foi divulgado por fontes como a Icis, o plano envolve a análise da possibilidade de fechamento de seus ativos produtivos no Ocidente. A fábrica em Montreal, pelo visto, foi a primeira da fila e a voz corrente de analistas também admite que essa trilha pode ser seguida pelo inacabado complexo integrado de PET no Texas, denominado Corpus Christi Polymers, em joint venture da Indorama, Alpek e Far Eastern New Century, de construção suspensa pela embaçada conjuntura mundial para a cadeia do poliéster.