Indorama cresce em rPET grau alimentício no Brasil

Petroquímica sai da discrição na reciclagem BTB no país
Indorama em Juiz de Fora: sétima planta no gênero em capacidade entre as 15 do grupo no mundo.
Indorama em Juiz de Fora: sétima planta no gênero em capacidade entre as 15 do grupo no mundo.

Mesmo na conjuntura hoje adversa ao negócio de plásticos reciclados, decorrência da resina virgem mais barata em virtude da superoferta mundial, há uma ilha no ramo que continua a hipnotizar investidores no Brasil: PET reciclado (rPET) grau alimentício ou bottle to bottle (BTB), suprassumo das embalagens sustentáveis por ser o único polímero recuperado permitido pela saúde pública para contato com alimentos. Poucas semanas após o fundo privado eB Capital, controlador desde 2022 da recicladora Green PCR, anunciar a compra da Global PET, a Indorama Ventures, nº1 em PET virgem no país, apregoou em 8 de agosto investimento de US$ 20 milhões para passar de 9.000 para 25.000 t/a a capacidade da sua recicladora de PET BTB em Juiz de Fora, Minas, cujo controle ela adquiriu em 2020.

Max Yoshioka: Indorama não cogita vender blends de PET virgem e reciclado.
Max Yoshioka: Indorama não cogita vender blends de PET virgem e reciclado.

A tailandesa Indorama Ventures opera 15 plantas dedicadas à reciclagem de PET no mundo, totalizando capacidade atual de 500.000 t/a de flakes e de 245.000 t/a para o poliéster recuperado BTB. “Com a expansão, a fábrica em Juiz de Fora passa a ocupar a sétima posição na lista”, situa Flavio Assis, gerente da unidade mineira. O aporte de recursos em Juiz de Fora impressiona, não apenas pelo montante em si, mas por indicar o reconhecimento pelo grupo da devoção do mercado brasileiro à economia circular e por içar, pela primeira vez, um produtor de PET virgem para o time titular dos recicladores BTB por aqui. Até então, ele era formado apenas por indústrias centradas na reciclagem, exceto a Valgroup, também transformadora de PET virgem. Por seu turno, a petroquímica mexicana Alpek Polyester, produtora de PET virgem no Brasil e Argentina, recicla há bons anos o polímero grau alimentício apenas no país vizinho.

Flavio Assis: capacidade de reciclagem em Juiz de Fora deve ser preenchida em até um ano.
Flavio Assis: capacidade de reciclagem em Juiz de Fora deve ser preenchida em até um ano.

Por três anos, a Indorama operou sua planta mineira com um equipamento para reciclagem BTB da austríaca Starlinger, modelo recoSTAR PET 125 HC iV+, com capacidade máxima de 1.000kg/h, e sistema de lavagem da brasileira Seibt. Para expandir a capacidade, além de uma instalação maior de lavagem, a empresa adquiriu outra linha da Starlinger. “Consta de um equipamento recoSTAR PET165 HC, com rosca de 165 mm de diâmetro e capacidade na faixa de até 2.000 kg/h”,esclarece Tobias Jungblut, diretor da Starlinger do Brasil. “A Indorama Ventures atualizou a linha de flakes, substituindo os equipamentos da Seibt por moinhos fornecidos pela Kraft, classificadores ópticos da Tomra e linha de lavagem fornecida pela JRK”, informa o gerente Flavio Assis. “Entre os processos que receberam melhorias estão a remoção de poeira e rótulos;  a moagem de garrafas em estado úmido, para reduzir a geração de partículas finas, e a etapa da secagem térmica, para diminuir a umidade residual e melhorar a qualidade dos flocos. A expansão também incluiu a instalação de uma estação de tratamento de efluentes, com equipamentos fornecidos pela Linsul”.

Starlinger recoSTAR PET 165: capacidade para gerar 2.000 kg/h de PET reciclado grau alimentício
Starlinger recoSTAR PET 165: capacidade para gerar 2.000 kg/h de PET reciclado grau alimentício

Pelos rumores na praça, a capacidade somada dos seis principais recicladores de PET grau alimentício no país somava 175.000t /a. Ainda este ano, por sinal, a capacidade da Global PET subiu de 2.500 para 3.500 t/mês e, em 2024, estreia a unidade de 2.500 t/mês da sua filial cearense. Em relação à recicladora da Indorama Ventures, Assis considera que deve atingir a capacidade total de produção em até 12 meses, em função de processos de homologação. A propósito, Max Yoshioka, diretor de Negócios PET da Indorama Ventures no Brasil, comenta que a empresa não comercializa nem planeja produzir blends (PET virgem com reciclado). “A resina virgem é produzida na fábrica de Suape, em Pernambuco”, ele assinala. “Para a operação de blend, seria necessário movimentar esse material, o que acarretaria o aumento dos custos, tornando-o menos competitivo”. De todo modo, completa o diretor, “a Indorama Ventures segue atenta às demandas e tendências e está aberta a possíveis revisões de estratégia de acordo com seus negócios”.

Pelo consenso no ramo com base na mais recente leva de equipamentos encomendados, o potencial brasileiro para reciclagem BTB deve saltar para 305.000 t/a até 2025, volume a ser materializado pelo suprimento de 435.000 t/a de garrafas pós-consumo.

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