No ringue dos países emergentes bem na foto perante as cadeias globais de comércio e produção, a Índia dá tudo de si para laçar investidores hoje relutantes em produzir na China, cuja economia tem desbotado com agruras tipo instabilidade política, crises imobiliária e demográfica (declínio da população jovem) e discutível controle da pandemia. Um exemplo da bem sucedida sedução indiana é a chuva sem parar de recursos na horta do seu setor plástico. Em matérias-primas, falam por si bilionários projetos governamentais em regiões estratégicas focando complexos petroquímicos (em especial eteno/poliolefinas) integrados a refinarias e presididos por estatais com e sem joint ventures com medalhões globais em resinas. No nicho das especialidades, vingaram no ano passado pelo menos duas noticiadas transações de peso: a compra da divisão de plásticos de engenharia do conglomerado local Ester Industries pelo grupo italiano Radici e da componedora local Formulated Polymers pela americana Ascend Performance Materials.
O fascínio dos empreendedores do exterior pela Índia desconsidera entraves como o veto a produtos plásticos de uso único. Conforme divulgado, os dirigentes indianos explicam essa indiferença dos estrangeiros salientando a mirrada participação, abaixo de 5% desses descartáveis na produção total de transformados no país. Outras justificativas para o interesse internacional pela Índia alinham as conveniências da abertura da economia, acordos comerciais bilaterais e um ambiente de negócios construtivo.
A conjuntura indiana para maquinário de plástico combina mar de rosas com céu de brigadeiro. Previsões de entidades como Plastindia Foundation apostam em salto de 34% na demanda local para os próximos quatro anos, ativado por investimentos nas alturas de US$ 14 bilhões. Os números atuais já são portentosos: relatórios oficiais cravam que a produção indiana de plásticos requer 15.000 máquinas básicas (injetoras, sopradoras, extrusoras etc) ao ano. Apenas no circuito das injetoras, a máquina mais procurada, foram instaladas 10.000 linhas no exercício fiscal 2021-2022, saldo 8,5% superior à média anual entre 2017-2018. Esse mercado borbulhante para equipamentos explica o assanhamento de grifes globais como a austríaca Starlinger, na garupa de sua nova planta local, associada à indiana Technology Plastomech, para construir maquinário para ráfia e e PET reciclado.
Tem mais: a maioria das 4.200 máquinas básicas importadas pela Índia no período fiscal 2021-2022 veio da China. Por sinal, fabricantes chineses de injetoras, como Haitian e Yizumi, estão ampliando suas filiais em Gujarat, oeste da Índia, inclusive para driblar a taxação antidumping imposta às suas máquinas despachadas do país de origem. A Haitian, até hoje centrada na montagem local de injetoras de até 1.000 toneladas, investe pesado para o mix passar a conter desde injetoras de 100-150 toneladas até a faixa de 1.000 a 3.000. Apoiada em joint venture, a Yizumi prepara sua planta local para montar regularmente 2.000 injetoras ao ano. Em 2022, a Yizumi anunciou na mídia ter vendido 580 injetoras na Índia e a meta para o período atual oscila entre 700 e 800.