Importações abocanham mercado de PET europeu

Desembarques no continente duplicaram entre 2021 e 2022
Garrafas de bebidas na Europa: invasão de importações de PET reciclado grau alimentício.
Garrafas de bebidas na Europa: invasão de importações de PET reciclado grau alimentício.

Energia cara e produção doméstica rateando são duas pedras no sapato da cadeia plástica europeia. Prova da resultante falta de competividade é a duplicação dos volumes de PET importados pelo continente entre 2021 e 2022, totalizando desembarque de 1.9 milhão de toneladas, divulga na mídia rastreamento da entidade PRE PET Working Group. No seu scanner, a inundação dessas remessas do poliéster aparece puxada pela procura, na União Europeia (EU), pela resina reciclada provida principalmente pela Índia, Turquia, Indonésia, Egito, Vietnã e China. A exasperação da indústria local de PET com a surra nessa disputa chegou ao ápice de reivindicar aos órgãos de direito concorrencial do bloco uma investigação sobre suspeita de práticas de dumping nos preços praticados pelos exportadores chineses. Será uma comprovação árdua se balizada estritamente pelos critérios técnicos. Maior mercado mundial e maior importador de produtos como químicos, a China atingiu, com investimentos seguidos, plena autossuficiência produtiva em toda a cadeia do polímero em foco: desde ácido tereftálico purificado e monoetileno glicol a PET virgem e, por tabela, reciclado. Tal como ocorre desde 2021 com homopolímero de PP, a China passou de importador a super exportador regular dos dois tipos de PET.

No ano passado, resinas importadas abocanharam perto de 30% da demanda europeia de PET. O percentual vistoso é explicado pela determinação da UE, a vigorar a partir de 2025, relativa ao estabelecimento de teor de 25% do poliéster reciclado na composição de garrafa de bebidas, decisão que já levou, ao lado dos gastos com eletricidade, ao encarecimento da matéria-prima local. Daí a proliferação de desembarques de PET reciclado do exterior. Injuriados com os preços tão convidativos da concorrência externa, fornecedores europeus já cogitam até reivindicar perícia técnica para confirmar se o PET reciclado botttle to bottle desembaraçado em suas aduanas cumpre a rigor as exigências da regulamentação europeia sobre seu uso em contato com alimentos.

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