Pelo andar cambaleante da carruagem flagrado no estudo Contas Nacionais, compilado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a queda do PIB da construção civil flagrada no segundo trimestre constitui uma pedra cantada do quinto ano consecutivo no vermelho para o setor. Desde 2014, o movimento retrocedeu 25% e, com este seu mercado nº1 acamado, a prostração da cadeia de PVC é efeito dominó. Referência em tubos prediais no Centro-Oeste, a goiana Duro PVC repele a pasmaceira de três modos. Afia a economia logística ao deslocar parte da produção para a filial capixaba a ser ativada no próximo ano, lança geoduto para captar água de poços artesianos e se debruça sobre o motor de sua região, o agronegócio, para entrar com polietileno na irrigação localizada. Na entrevista a seguir, Leonardo Brito Ferreira, sócio e diretor industrial da Duro, pincela a rota para contornar o cabo das tormentas da atual conjuntura nos lançamentos imobiliários e reformas residenciais .
Como descreve a dimensão atual do negócio da Duro PVC?
Com o passar dos anos, a situação econômica do país foi agravada devido a crise, e o congelamento do mercado da construção civil refletiu diretamente em nosso negócio, iniciado em 1995. Por isso, optamos por fechar a unidade de Patos de Minas, no Triângulo Mineiro. Hoje em dia, contamos com 2 unidades: a fábrica com capacidade de 2.500 t/mês e 25 linhas de produção em Aparecida de Goiânia, em Goiás, e a planta em fase final de construção em Linhares, ao norte do Espírito Santo, em condições de produzir 500 t/mês e com perspectiva para partir no início de 2019.
A construção civil, seja no setor imobiliário ou de infraestrutura, patina no vermelho há quatro anos. Qual estratégia da Duro para contornar ou ao menos atenuar este desempenho a desejar em seu maior mercado, o setor predial?
Com a queda da construção civil, nossas vendas sofreram também queda bastante significativa nos últimos quatro anos, um declínio em linha com o recuo do mercado e o movimento segue estável. A Duro passou então a investir mais recursos no agronegócio e no segmento de irrigação. Iniciamos a fabricação do tubo de revestimento, o geoduto, hoje em fase de experimentação, mas acreditamos ter um futuro bastante promissor, apesar das margens de lucro apertadas, por se tratar de um produto commodity.
A retração no mercado de reformas e lançamentos imobiliários tem descapitalizado, desde 2015, boa parte da concorrência da Duro em tubos prediais. Por que a empresa tem optado por crescer mediante a montagem de fábricas novas em lugar de adquirir concorrentes enfraquecidos, de modo a limpar a área e ampliar sua carteira e capacidade produtiva mais rapidamente?
A Duro recuou nos últimos anos com o fechamento da filial mineira, mas a fábrica em Linhares é projeto antigo, desenvolvido há mais de quatro anos com recursos próprios. Por conta de sua localização estratégica, optamos por transferir parte da nossa capacidade produtiva para o Sudeste. A intenção é, com a unidade capixaba, diminuir os custos com transporte para o Norte, Nordeste e Sudeste.
Alguns fabricantes de tubos prediais na faixa intermediária do setor, onde a Duro está, têm investido de forma mais agressiva em marketing, seguindo os passos dos líderes com publicidade na TV e redes sociais e patrocinando até times de futebol da Série A. Para a Duro, esse tipo de ação vale do que o investimento na distribuição e no contato direto com o consumidor formiga?
O marketing da Duro PVC tem tido atuação estratégica em PDV’s, feiras do segmento, eventos e com a ferramenta digital (app da empresa, por exemplo). Para cada frente de trabalho é necessário uma análise mais profunda. No momento, preferimos não investir em grandes campanhas publicitárias na mídia tradicional. A Duro não possui atuação nacional, portanto o investimento em patrocínios para grandes clubes são inviáveis. Por isso, optamos por realizar uma boa divulgação regional utilizando, por exemplo, mídias em painéis de Led espalhados nos Estados onde atuamos e suas proximidades.
Qual a motivação para a Duro entrar agora em geodutos?
Em função da capacidade ociosa que tínhamos e do desaquecimento da linha predial, optamos por desenvolver o geoduto. Comparado aos concorrentes de ferro fundido e galvanizados para este tipo de aplicação (exploração de água em poços profundos), o geoduto de PVC mantém as propriedades originais da água, enquanto os tubos ferrosos influem na qualidade do líquido, por oxidarem. Além disso, o geoduto de vinil não só tem custo menor como é mais leve que o de ferro fundido, o que facilita sua armazenagem e carregamento.
As extrusoras de dupla rosca paralela twinEx, da battenfeld cincinatti, adquiridas em 2015 e 2016, são dirigidas com exclusividade aos geodutos?
Essas duas máquinas rodam na planta sede e, além da produção de geodutos, atendem as linhas de tubos predial, irrigação e de infraestrutura. Nesta última, aliás, a Duro investiu pesadamente para fornecer tubos de até 400mm de diâmeto na linha Defofo, fabricados de acordo com a norma ABNT NBR 7665, e na linha Ocre, em conformidade com a norma ABNT NBR 7362.
Por que a Duro até hoje não reforçou o mostruário ingressando em tubos de água quente e pisos de PVC e, como fazem alguns concorrentes, em torneiras injetadas? Quais os planos para alargar o catálogo em 2019?
A intenção é manter o foco no trabalho com PVC. Em paralelo, estamos estudando um projeto para entrar em 2019 em tubos de polietileno para irrigação por gotejamento e microaspersão. O objetivo é nos especializarmos ainda mais no agronegócio. •