Em meio à fervura da tensão nas relações entre Washington e Pequim, o Ministério do Comércio da China atirou mais gasolina no fogo ao anunciar, em 19 de abril, a decretação de sobretaxa antidumping de 43,5% para importações de ácido propiônico dos EUA, informa a agência Reuters. Insumo para alimentos, fármacos e pesticidas, o ácido propiônico teve sua versão norte-americana alvo de investigação empreendida em julho último pelo governo de Xi Jinping e do escrutínio veio a constatação de não esmiuçados prejuízos materiais à fabricação doméstica das matéria-prima. Em notícia recente, o governo Biden rosnou ameaça de subir a tarifa de importação de aço chinês pelos EUA e tem pressionado o parceiro México, repleto de plantas erguidas por chineses para atender o mercado comum, a vetar a venda indireta ao mercado norte-americano de componentes metálicos oriundos da manufatura da China. Do seu lado, o Ministro do Comércio da China declarou contestar, em 17 de abril, a subida na tarifa de importação cogitada por Washingon e ventilou o intento de adotar as medidas necessárias para proteger os interesses e direitos chineses.
Maior importador mundial de matérias-primas, termoplásticos inclusos, a China demonstra, com a barreira à internação do ácido propiônico, o poderio de suas cartas na manga para revidar os clamores por sobretaxas antidumpings emitidos por países que competem com ela e, em paralelo, dela dependem visceralmente para a saúde do seu comércio exterior. Em resinas (poliolefinas, em particular) é o caso das alegações de prática de dumping levantadas por países como Índia, Vietnã, EUA, o bloco da União Europeia e o Brasil. Fontes como a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) confirmam as solicitações setoriais ao governo Lula de imposto antidumping para termoplásticos chineses, embora os volumes desembarcados dessa origem sejam pouco expressivos. Do outro lado, porém, a sabedoria popular desaconselha cutucar onça com vara curta. Em 2023, o Brasil comercializou em exportações para a China US$ 104 bilhões, montante recorde nas nossas vendas a um único país, divulga o Conselho Empresarial Brasil-China. Mais de 70% dessas remessas couberam a três commodities de procedência perfeitamente substituível se o cliente assim o desejar: petróleo, minério de ferro e soja.