Falta só acertar o prumo

O banqueiro Olavo Setúbal costumava dizer que, se não entendia em cinco minutos o negócio proposto, não o financiava. Desse ponto de vista, apesar da cavernosa conjuntura atual, a pior em 14 anos no consenso do ramo, a construção civil continua com facilidade de crédito junto a investidores, mérito das perspectivas a médio prazo e da sua massa crítica, grande demais para vergar os joelhos sem levar consigo o PIB nacional. Essa visão bifocal ganha nitidez na análise de Paulo Melo, diretor superintendente da Odebrecht Realizações Imobiliárias, um dos pontos altos do IV Seminário Competitividade: O Futuro Perfil da Transformação Brasileira de Plástico, realizado em 30 de setembro em São Paulo (ver à pág 58).
Os fundamentos da construção civil, expõe Melo, começam pelo crescimento real de 3,5% do PIB nacional entre 2005 e 2013. Para este ano, ele trabalha com a estimativa de avanço simbólico de 0,3%.Por seu turno, nota, o PIB do setor passou de R$ 59,5 bi em 2001 para a projeção de R$ 245 bi no período atual. Outra boa nova, ele encaixa, provém dos atuais níveis de desemprego, abaixo da média histórica e uma referência é a taxa de 10,4% aferida em 2006 contra a previsão da ordem de 5,7% para este ano. No mesmo diapasão, o porta-voz da Odebrecht Realizações Imobiliárias constata a evolução do crédito imobiliário frente ao PIB, da ordem de 1,8% em 2007 para estimados 9% passados sete anos. Melo amarra esses pilares ao potencial para seu setor embutido no déficit habitacional. Conforme divulgou, escorado em levantamentos do governo, o saldo negativo era de 5.845.934 moradias há sete anos, quantidade reduzida em 7%  – ou 5.431.437 moradias – em 2012. No bojo desses números, distingue Melo, o contingente de habitações precárias caiu 30% em cinco anos: de 1.243.661 unidades em 2007 para 870.563 em 2012. A queda tem lógica influência do programa governamental “Minha Casa, Minha Vida (MCMV)”. Em sua primeira fase, ele mirava a construção de 1 milhão de moradias e de 2 milhões na segunda. Em julho último, por sinal, foi trombeteada a terceira etapa, com meta inicial de 350.000 residências ao ano. Em média, na aferição arredondada da petroquímica Braskem, cujo acionista majoritário é a Odebrecht, o MCMV tem erguido anualmente 500.000 de unidades. No mais, intercede Melo, o período 2014-2017 tende a ser preenchido com investimentos em construção civil de R$ 575 bi em infraestrutura; R$ 867 bi no campo residencial; R$ 1.154 tri na esfera da indústria e R$ 1.478 tri a cargo do agronegócio e serviços.
A curto prazo, porém, o terreno para a construção civil firmar os pilares clama por dragagem e terraplanagem, deixa claro Melo. “Os índices de confiança do consumidor e da indústria encontram-se ao redor dos menores níveis em cinco anos”, constata. Uma vez entrelaçados esses indicadores ao desempenho da economia, ele associa, toma vulto a percepção de fraqueza no crescimento acalentado. Esse clima de freada nos investimentos transparece das projeções imediatas de expansão do PIB: 0,6% para este ano e 1,5% para 2015, fixam o IBGE e FGV. Outro respingo de gelo glacial: a redução do aquecimento do mercado de trabalho, deduz Melo, implica ganhos mais modestos de renda e massa salarial. Atrelada a esse fato, ele coloca, a expansão do consumo nos próximos anos deve transcorrer mais em linha com o PIB, efeito do alto déficit de transações correntes e crescimento mais contido do crédito e renda das famílias. Tem mais: o dirigente cita o esperado ricochete na inflação – projetada em 6,3% para este ano – com a inevitável correção dos preços administrados (energia elétrica e combustíveis) em 2015, mesmo período para o qual ele antevê política monetária afetada pelo quadro político e taxa básica de juros aumentada para 12,25%. A depender do câmbio, ele sustenta, é factível o risco de estouro da meta de inflação até dezembro próximo. Quanto ao câmbio em si, a sorte de sua trajetória será lançada pelo resultado das eleições e pelos sinais de melhora da economia dos EUA, interpreta o dirigente.
“O cenário para 2014-2016” é desafiador, adjetiva Melo com comedimento. Mas a prazo maior, confia, o presente não desbota o azul das perspectivas para a construção civil, tingido pelas vigas mestras da demografia, baixo nível de desemprego, mais fontes de financiamento atreladas ao mercado de capitais e o crescimento da renda e da procura por novas moradias.

O andaime continua firme
Indústria de materiais de construção confia em virada até o final do ano

especial2Incertezas sobre a economia não assustam a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat). Apesar de a entidade ter revisto para baixo suas metas de 2014, a projeção ainda é de expansão do faturamento em torno de 2%, descontando a inflação, sobre o resultado do ano passado. Nessa equação, o plástico só tem a ganhar. As vendas desses artefatos na cadeia da construção somaram R$ 8,9 bilhões em 2012, alta de 7,5% sobre o exercício anterior.
No início deste ano, a Abramat estimava crescimento de 4,5% sobre a receita total de 2013, que somou quase R$ 141 bilhões internamente mais R$ 9 bilhões em exportações. “Janeiro e fevereiro de 2014 foram muito bons, mas em março as vendas começaram a cair”, constata Walter Cover, presidente da associação. Em junho, mês de Copa do Mundo no Brasil, o mercado estacionou. “Perdemos dias úteis e o clima não era favorável a compras. E mesmo que famílias quisessem fazer reformas não havia mão de obra disponível”, justifica. Os juros altos e bancos um tanto seletivos na concessão de crédito complicaram ainda mais a situação.
De qualquer forma, houve pontos positivos na primeira metade do ano que impediram um tombo maior. “Renda e emprego, fatores que impulsionam o varejo, ainda estão bem”, considera Cover. A indústria de materiais de construção supre três grandes redutos. O primeiro é o varejo, que corresponde a 50% do total das vendas, seguido pelo imobiliário, com 28%, e infraestrutura, com 22%. “Em 2014, em particular, estimo que o varejo movimente 53% ou 54%, pois os outros setores estão com mais problemas”, antevê o dirigente.
No segmento imobiliário, o principal fator por trás do mau desempenho nos primeiros seis meses do ano foi o clima de pessimismo na economia, atribui Cover. O resultado só não foi pior porque empreendimentos vendidos na planta em 2011 e 2012 entraram agora na fase de acabamentos, impulsionando a comercialização desses acessórios, plásticos inclusos. O reduto imobiliário engloba não só condomínios de apartamentos, mas também prédios comerciais, galpões industriais e hospitais, por exemplo. Obras do programa Minha Casa, Minha Vida estão dentro desse contingente e apresentaram resultados mais favoráveis, encaixa o porta-voz. Por seu turno, a infraestrutura, dependente de investimentos públicos, está praticamente parada. Só não travou de vez por conta de obras urbanas antes da Copa, ele acrescenta.
Cover aposta na retomada do setor na segunda metade do ano, com associados à entidade confirmando melhora mês a mês. Em julho, o governo alterou regras para o recolhimento do depósito compulsório dos bancos visando estimular o crédito e injetar liquidez na economia. “Com isso, esperamos uma pequena redução das taxas de juros praticadas no mercado”, avalia o presidente da Abramat. Adicionalmente, segundo ele, o governo estuda incluir o valor de reformas no financiamento da casa própria. “Quando alguém compra um imóvel, novo ou usado, em regra faz reparos e melhorias”, assinala. A medida, ainda não aprovada, beneficiaria muito o consumidor, pois as taxas de juros de empréstimos utilizados para reformas estão entre 20% e 25% ao ano, enquanto o crédito imobiliário está em média entre 10% e 12%, situa o dirigente. Pelas estimativas da associação, a expansão total em 2014 será de 3% no varejo, entre zero e 1% no imobiliário e de 1% a 2% em infraestrutura.
Para a indústria de materiais de construção, o balanço do governo Dilma Rousseff é positivo. “Nesses quatro anos, nosso crescimento ficou entre 2 e 2,5 vezes o PIB brasileiro”, estabelece Cover. A equipe da presidente desonerou a folha de pagamento e do IPI no setor, medidas que se tornaram permanentes. Minha Casa, Minha Vida, responsável por aproximadamente 7% de todas as vendas de materiais de construção no país, andou bem e a perspectiva permanece animadora. “O ritmo de construção de moradias inclusas no programa é de 500.000 unidades por ano e tanto a Dilma quanto a oposição falam em dobrar esse número”, ele ilustra.
Cover, aliás, se baseia nisso e em alguns outros motivos para acreditar que a expansão de 2015 será acima da vista em 2014. “Esperamos que, com qualquer tipo de governo, o clima pessimista no mercado seja reduzido”. Independentemente das políticas econômicas, as mudanças serão graduais, ele confia. Além disso, os programas sociais, segundo anúncio dos postulantes ao cargo de presidente no país, devem ser mantidos e continuarão a alavancar o varejo. “Os dois candidatos falam em incentivar investimentos privados e públicos, o que ajuda muito no imobiliário e na infraestrutura”, complementa. As concessões já aprovadas pelo governo também estarão em ritmo melhor no próximo ano e as obras em preparação para os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro serão aceleradas. “O financiamento imobiliário continuará crescendo e vai cobrir a demanda por imóveis. Em 2014, o aumento desse tipo de crédito irá rondar 15% e em 2015 projetamos outros 15%”.
Em contrapartida, o porta-voz da Abramat vê com cautela a avaliação de analistas sobre o esgotamento do crescimento econômico calcado no consumo. “Primeiramente, consumo é fundamental. Sem ele não há vendas e sem vendas uma empresa não sobrevive”, pondera. Em segundo lugar, os 40 milhões de brasileiros elevados à classe média têm expectativas e desejo de consumir. As famílias estão mais responsáveis na obtenção de crédito e, de acordo com ele, a inadimplência se mantém estável. “O Brasil, claro, sofreu com a falta de investimento. Mas não acredito que estamos ante um dilema que aponte somente para um lado ou para outro”. O governo precisa de caixa para investir e, por isso, deve buscar concessões, privatizações ou parcerias público-privadas para avançar nesse sentido. Investimento e consumo necessitam andar lado a lado, ele complementa.
Apesar da explosão da construção nas regiões centro-oeste e nordeste do Brasil, a indústria de materiais de construção permanece majoritariamente estabelecida no Sul e Sudeste. Pela leitura de Cover, essa distribuição se deve a fatores históricos. Durante décadas, ele esclarece, as regiões que hoje abrigam a maior parte das unidades fabris foram mais desenvolvidas e ali havia mão de obra treinada e especializada. Mas o cenário está mudando. O Centro-Oeste cresce com o agronegócio e o Nordeste, com a ascensão de classes da população. Quanto às empresas do setor de materiais de construção, têm olhado para essas oportunidades, mas o movimento de migração ainda acontecerá em longo prazo, ele arremata.

 

O rugido engrossa
Tigre alarga presença do plástico em moradias e infraestrutura
Tigre-ADS: aposta em  tubos corrugados para infraestrutura.
Tigre-ADS: aposta em
tubos corrugados para infraestrutura.

Ativo fixo da liderança nacional em tubos, conexões e acessórios plásticos, o Grupo Tigre inocula testosterona nas conjeturas sobre os rumos da construção civil. Seu desempenho sem tropeços nos últimos quatro anos foi desnudado por Vinícius Miranda de Castro, gerente nacional de vendas a construtores e indústrias da empresa, em palestra no IV Seminário Competitividade: o Futuro Perfil da Transformação Brasileira de Plástico, realizado em 30 de setembro último (ver à pág. 58). Entre 2010 e projeções para este ano, abre o executivo, o faturamento do pilar catarinense passa de R$ 2,6 bi para R$ 3,5 bi, enquanto a capacidade produtiva sobe de 350.000 t/a, então a cargo de nove fábricas no país e 12 no exterior, para algo acima de 500.000 t/a, por conta de 10 unidades aqui e 14 em outros países. No mesmo período, a cobertura da Tigre se ampliou de 70.000 a mais de 100.000 lojas de materiais de construção e, na vitrine de seus lançamentos, as 300 novidades registradas em 2010 devem fechar dezembro próximo acumuladas em 500 itens saídos do forno, bombeados por investimentos em inovação estimados em R$ 30 milhões para o exercício atual contra R$ 20 milhões quatro anos atrás. Na entrevista exclusiva a seguir, Carlos Eduardo Teruel, gerente de produtos e assistência técnica, capta a postura do grupo diante de campos por explorar e linha de ação para seus desenvolvimentos.

PR – Quais as oportunidades concretas enxergadas pela Tigre para PVC e outros termoplásticos substituírem em breve  materiais como concreto ou ferro fundido no segmento nacional de infraestrutura?
Teruel – Enxergamos essa tendência há muitos anos, quando investimos em tubulações de esgoto e água para o segmento de infraestrutura em nosso portfólio. Ou seja, sistemas instalados fora da residência. São linhas de tubos, conexões, coletores, entre outros itens de PVC rígido para esgoto ou composto vinílico alterado ou polietileno de alta densidade (PEAD) para dutos de água. Mais recentemente, vimos que o mercado nacional de infraestrutura apresentava oportunidades de negócios por meio das grandes obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Minha Casa, Minha Vida (MCMV), eventos esportivos, ampliação de portos, aeroportos e rodovias. O Grupo Tigre fez mais um investimento ao constituir, em 2009, joint-venture com a norte-americana Advanced Drainage Systems Inc. (ADS). Com duas fábricas, em Rio Claro (SP) e Marechal Deodoro (AL), a Tigre-ADS produz tubos corrugados de grande diâmetro e extrusados com PEAD. Visam os mercados de infraestrutura, mineração e irrigação, com soluções para saneamento, aterros sanitários, drenagem, sistemas de detenção e retenção, drenagem esportiva e infiltração, para conduto livre. As vantagens dos tipos corrugados são, em especial, maior durabilidade, resistência e facilidade de instalação. No caso dos tubos de grandes diâmetros, o tempo para instalação de um sistema de drenagem e esgoto é 50% menor em relação a tecnologias rivais da Tigre-ADS.

PR – Apesar do fluxo constante de desenvolvimentos por parte de companhias como a Tigre, o uso do plástico permanece em condição minoritária e inexpressiva no reduto de tubos para infraestrutura no Brasil. Como explica as dificuldades para o material penetrar nesse segmento?
Teruel – Vemos o cenário como uma oportunidade para crescer nesse segmento. O carro-chefe da Tigre continua sendo o mercado predial, mas o de infraestrutura está se galvanizando e conquistando seu espaço. Um exemplo: essa é a razão por termos investido na unidade da Tigre-ADS no Nordeste.

[quote_box_left]Tubos e conexões aos solavancos
Na foz de seus cruzamentos de dados, a Braskem joga no colo da construção civil e infraestrutura o naco de 71% do consumo nacional de PVC. No repique, tubos e conexões são contemplados com participação de 48%, reduzida a 45% na percepção da consultoria CMAI. Esta mesma fonte, aliás, vota em evolução da ordem de 10,5% para o consumo do vinil em tubos e conexões entre 2010 e 2015. De 2009 a 2013, conforme o quadro ao lado, a trajetória a solavancos do mercado brasileiro de tubos e conexões vinílicas evoca uma montanha russa. Além dos líderes Tigre e Mexichem, 18 indústrias de porte mais significativo integram o grupo setorial referente a tubos de PVC da Associação Brasileira dos Fabricantes de Materiais para Saneamento (Asfamas). A foto do setor se completa com um cordão incontável de empresas menores, de alcance estadual ou regional. No total, projeta Aurélio De Paula, dirigente da fabricante Majestic, a capacidade instalada no país para tubos e conexões de vinil hoje deve rondar 650.000 t/a.[/quote_box_left]

PR – Como a Tigre atua em tubos de instalações prediais de água quente?
Teruel – Trabalhamos com copolímero random de polipropileno (PP), com policloreto de vinila clorado (CPVC) e PE Reticulado (PEX). Cada alternativa tem peculiaridades técnicas e de instalação. No caso de PP, as execuções de juntas são realizadas por termofusão, enquanto nos dutos CPVC Aquatherm a soldagem transcorre por meio de adesivo especial. Por fim nos tubos de PEX, as conexões são crimpadas.

PR – Quais os desenvolvimentos  marcantes este ano do Grupo Tigre?
Teruel – Destacamos dois lançamentos. Inicio pelo sistema de tubulações Alpex, destinado à condução de gás (natural ou liquefeito) em obras verticais ou horizontais, de grande ou menor porte, sejam para uso comercial ou residencial. Disponível em quatro opções de bitolas (16, 20, 26 e 32 mm), ele foi concebido para ser instalado em sistemas com máxima pressão de operação (MOP) de 1,5 Kgf/cm² ou 150 KPa. Trata-se de um tubo multicamada: PEX, adesivo, alumínio,adesivo e PEAD. O alumínio cabe pela resistência estrutural e a altas pressões. Já PEX e PEAD comparecem em virtude da elasticidade e vida útil prolongada. A outra novidade é o sistema de fixação de tubos plásticos composto por abraçadeiras de poliamida (PA) ofertadas em três tamanhos: para tubos com bitolas com diâmetros de 15 a 35 mm; de 40 a 75 mm e de 85 a 114 mm. Esse sistema é recomendado para linhas de esgoto, água fria e quente, eletricidade, uso industrial e em infraestrutura, sendo indicado para instalações aparentes nas posições verticais e horizontais. Seus argumentos de venda são a facilidade na instalação, manutenção e grande resistência.

PR – A Tigre também transita com a empresa Plena por acessórios para cozinha,banheiros, lavanderias, áreas externas e complementos hidráulicos. Quais os lançamentos da linha de frente este ano?
Teruel – Chegaram ao mercado os engates rápidos 1/2″ para sistema de irrigação de jardim, hortas e gramados. Injetados com PP com aditivo anti UV, são acoplados às mangueiras para alongar seu comprimento. A diferença do produto está na ligação rápida, por meio de roscas e encaixes com ranhuras sob aperto manual, sem depender de ferramentas. Esses engates proporcionam estanqueidade total, por combinarem anéis de borracha com o sistema de rosca e encaixe sobre pressão.

PR – Como o Grupo Tigre avalia a possibilidade de investir em telhas plásticas?
Teruel – Estamos sempre atentos a novos mercados e soluções para construção civil.

PR – Qual fração da receita da companhia é destinada à inovação e desenvolvimento de produtos?
Teruel – O grupo destina 1% de seu faturamento em pesquisa e desenvolvimento. O faturamento anual da Tigre é superior a R$ 3 bilhões.

 

PVC chega ao teto
Precon aposta nas telhas de vinil e alavanca capacidade produtiva
Campos: crescimento de 30% ao ano abaixo das expectativas.
Campos: crescimento de 30% ao ano abaixo das expectativas.

As telhas de PVC ainda têm um árduo caminho para percorrer no mercado brasileiro. Mas isso também significa que o potencial de crescimento é gigante. De acordo com estimativas da Eternit, o consumo de telhas de vinil corresponde a 1% em um segmento de 606 milhões de m²/ano, dentro do qual predominam os modelos de fibrocimento (46%) e cerâmica (35%). A previsão é que a fatia do artefato de plástico chegue a 10% em 2024, o equivalente a 100.000 toneladas anuais.
Há mais de 40 anos na ativa em telhas de fibrocimento, a Precon, de Pedro Leopoldo (MG), apostou forte nessa tendência e surfa nas perspectivas de expansão. O negócio de telhas de PVC da empresa cresce a uma invejável taxa de 30% ao ano, mas ainda abaixo do esperado. “O mercado de coberturas é grande e acreditamos muito na força do produto”, analisa o diretor executivo Eder Campos. A fabricação de tímidas 300 toneladas mensais de telhas de PVC na Precon começou em 2011. “Fizemos uma série de investimentos nos últimos anos, inclusive em uma unidade em Alagoas inaugurada no período atual”, ele situa. Com isso, a capacidade produtiva saltou para 2.500 t/mês, adicionais às linhas aptas a gerar 4.500 t/mês de compostos.
A Precon, sustenta Campos, foi a primeira empresa a finalizar o processo de validação técnica da telha de PVC e conseguiu, assim, aval para participar de construções que demandam financiamento federal, como Minha Casa, Minha Vida. As normas para produtos inovadores, prossegue o industrial, são estabelecidas por meio de diretriz do Sistema Nacional de Avaliação Técnica (SINAT), constituído pelo Ministério das Cidades para uniformizar e analisar novos sistemas construtivos. “A diretriz para telhas plásticas sobressai pela rigidez, sendo mais exigente do que normas brasileiras para outros tipos de coberturas”, ele explica.
Segundo Campos, as telhas de PVC da Precon compõem um sistema de cobertura leve, prático e ótimo acabamento. No arremate, o produto é durável, resistente, não propaga chama nem sofre ignição e é 100% reciclável, conclui o diretor.

 

A blindagem do líquido
Um sistema inédito para impermeabilizar o acondicionamento de água potável
Luschi e Zanotti: instalação rápida e manutenção simples.
Luschi e Zanotti: instalação rápida e manutenção simples.

Universalizar o acesso à água é dessas metas com cadeira cativa nos planos de qualquer governo brasileiro. Nos últimos anos, a escalada da produção de reservatórios como caixas d’água e cisternas deve muito a esse compromisso. O empenho em fechar o déficit no abastecimento do líquido prevê bom tempo para a decolagem de uma solução assegurada como sem similar nacional: o sistema impermeabilizante de PVC para água potável, produzido na Itália pelo grupo irlandês Soprema e cujo agente e instalador no Brasil é a empresa Luschi. “Por ser tecnologia nova no mercado, ainda é difícil projetar vendas, mas podemos afirmar que muitas caixas d’água em uso apresentam problemas de permeabilização”, observa Ilson Rogerio Luschi, sócio diretor da representação. “A demanda cresce a ponto de me arriscar a calcular que a aplicação desse sistema deve dobrar a cada ano”.
O sistema Flagon AT consta de membrana vinílica coextrusada, homologada no Brasil por testes de atoxicidade para reservatórios de água potável para os segmentos residencial e industrial, delimita Ilson Luschi. A instalação dessa manta atóxica é efetuada sobre as estruturas da própria caixa d’água ou tanques como cisternas, por meio de fixação mecânica não rígida, com parafusos e chapas, sendo soldada termicamente. “Se a estrutura sobre a qual a membrana é aplicada estiver danificada ou com fissuras, ainda assim a impermeabilização é assegurada”, sustenta o agente. “Seja a base da aplicação constituída de alvenaria ou aço, a impermeabilização não se ressente porque a membrana é solta sobre a estrutura e mostra-se imune à movimentação ou dilatação dela ou à incidência de trincas”. Tem mais: como a membrana é flexível, assinala Ilson, prima por maleabilidade e elasticidade, viabilizando sua aplicação em locais de formas irregulares, a exemplo de caixas cônicas.
Entre as alternativas de baixo custo acenadas para impermeabilização de água potável, figuram produtos como mantas asfálticas e de poliuretano (PU), ambas aliás produzidas na Europa pela Soprema, informa Igor Zotti, diretor da empresa no Brasil. “Mantas asfálticas transferem odor e sabor à água enquanto as de PU ficam aquém dos padrões aceitáveis de durabilidade”, ele descarta, fixando em 10 anos a garantia conferida ao sistema Flagon AT, “desde que os projetos estejam em conformidade com a regulamentação europeia para impermeabilização de reservatórios de água potável”. Além de solução mais adequada para esse uso, a membrana multicamada de PVC, salientam Luschi e Zotti, sobressai pela economia de tempo na instalação e pela possibilidade de higienização e limpeza contínua.
“A instalação da membrana vinílica sai mais cara que a de mantas asfálticas ou de PU e demais impermeabilizações líquidas no plano geral”, admite Ilson. Em compensação, coloca, a manutenção e reparo são simples. A título de referência, ele cita a mudança de uma manta asfáltica por um sistema de PVC numa caixa d’água. “A operação pode ser concretizada sem o custo alto da trabalhosa  remoção da impermeabilização anterior”, ele encaixa. “Basta cobrir a manta asfáltica com geotêxtil nãotecido, para proteção mecânica, e aplicar por cima a membrana de PVC”. Com dois anos de ativa no ramo, a Luschi contabiliza 12 cisternas de água potável impermeabilizadas até o fechamento desta edição.

 

Amanco é a chave-mestra
Como a Mexichem Brasil abre mais portas para o plástico na construção
Ultratemp Fire: rapidez na junção com adesivo plástico.
Ultratemp Fire: rapidez na junção com adesivo plástico.

“Muitos sistemas em uso no exterior, em especial no setor predial, já aparecem como inovação no Brasil, onde está mudando  a cultura de fabricá-los com metais e cada vez mais os projetistas apostam nos métodos seguros e eficientes em plástico, material mais leve e prático de se trabalhar, além da maior facilidade e rapidez conferida à instalação”. Essa bem-vinda percepção de Fabiana Castro, gerente de Produtos e Inovação da Mexichem Brasil tem lastro para ampliar o agito dos termoplásticos no canteiro de obras da construção civil brasileira. Verticalizado das cadeias do flúor, cloro-soda e PVC até a transformação de resinas, o grupo mexicano Mexichem é nº1 na América Latina em tubos, conexões e acessórios para condução de fluidos; um vice líder que não dá mole no Brasil e toca um esquadrão superior a 100 fábricas em mais de 31 países.
Fabiana saca do portfólio soluções marcantes por deslocarem metais em prol do plástico. “São exemplos tubulações para incêndio como as linhas de PVC clorado (CPVC) Amanco Ultratemp Fire e os dutos Amanco Gás, de polietileno reticulado (PEX)/ alumínio/PEX destinados à condução de gás residencial”. No plano da infraestrura, ela também flagra itens antes moldados com concreto ou metal agora servidos em roupagem de plásticos, caso de soluções para captar águas pluviais em grandes superfícies e sistemas de reserva e infiltração de água no solo. Fabiana aproveita a deixa para realçar a conveniência do seu sistema em PVC QuickStream, por facilitar a coleta de água sem formar vácuo nas tubulações, e a estrutura de polipropileno (PP) do sistema Aquacell, para estocar temporariamente a água da chuva, permitindo que se infiltre no solo. No âmbito específico do vinil, Fabiana brande como referência os tubos Amanco Biax (PVC biorientado) para transporte de água ou esgoto sob pressão de até 1,6 MPa para temperaturas no limite máximo de 45ºC. “Sua resistência equipara-se aos tubos de ferro fundido e bate a dos tubos vinílicos DEFOFO (caracterização relativa a ferro fundido, para produtos de saneamento)”, ela compara, enfatizando ainda a leveza acima das  opções tradicionais metálicas e de fibra de vidro. “Biax também baixa à metade o tempo usual de instalação ao simplificar seu transporte e manuseio, dispensando máquinas para movimentar material pesado”, arremata a gerente. A Mexichem também aperta seu cerco ao setor de infraestrutura, quintal dos dutos de metal e cimento, com os tubos corrugados vinílicos Amanco Novafort, munidos de dupla parede (interna lisa) e conexões intercambiáveis. “São recomendados para redes coletoras de esgoto em locais de alto tráfego ou sujeitos a cargas sob o solo”, especifica a técnica. De volta ao recanto predial, Fabiana salienta a performance de PVC no sistema de ligação predial Amanco Til, solução para facilitar a inspeção e limpeza do esgoto em ramais de contribuição domiciliar.
Para acentuar a liberdade de escolha pelo cliente e cobrir toda a gama de possibilidades na execução de uma obra, a Mexichem comparece em tubos prediais de água quente com as alternativas de PP random, PEX e CPVC. Fabiana distingue o sistema flexível de PEX pela dependência de menos conexões para ser instalado. Quanto à opção do tubo rígido de CPVC, ela continua, convém por seu baixo custo, dispensa de ferramentas especiais na instalação e, por fim, devido a seu sistema de soldagem a frio com adesivo plástico, ultra consolidado na praça. Também rígido, o tubo de copolímero randômico se impõe em instalações prediais sob pressão “Permite a habilitação mais rápida do uso da tubulação e sua espessura reduz a necessidade de aplicar isolamento térmico para manter a temperatura”, completa a técnica.
Dois anos atrás, a Mexichem mandou bem ao embolsar a concorrente holandesa Wavin. Digerida a incorporação, começam a arribar no Brasil produtos sem similar local. Entre eles, Fabiana se apega à introdução este ano dos maleáveis tubos e conexões de polibutileno Flextemp, para a instalação com engate rápido de sistemas prediais de distribuição de água. “Permitem a intercambialidade com sistemas metálicos e a ligação ponto a ponto, com menos uso de conexões”, encaixa a gerente. “Sua colocação independe de equipamentos, admitindo montagem e remontagem sem perda de materiais, em caso de ajustes do projeto durante a instalação”. Outras sacadas em fase de estreia no exercício atual, acrescenta Fabiana, envolvem os automatizados sistemas Amanco Jardim, para irrigação doméstica; a série Ultratemp Fire, composta de tubos e conexões de CPVC para redes destinadas desde sótãos e moradias a hospitais, hotéis e escritórios e, para fechar, a gerente destaca novos diâmetros (73, 89 e 114 mm) para  a solução Amanco Ultratemp CPVC, para sistemas de água quente ou fria, até então ofertada em cinco tamanhos menores.
Para o período 2013-2015, abre Fabiana, a Mexichem Brasil programa investir US$ 100 milhões em ativos na esfera da produção. No bojo desse montante, pulsam tecnologias de tubos e conexões com assinatura da Wavin. “Devido à sinergia estabelecida com essa líder europeia adquirida pela nossa corporação, estamos trazendo máquinas capazes de possibilitar mudanças conceituais e ampliar a visão do mercado de materiais de construção”, assinala a executiva.

Esse lucro não vaza
O momento de ouro dos reservatórios rotomoldados
Ramos e Gonçalves: vendas aceleradas em exercícios recentes.
Ramos e Gonçalves: vendas aceleradas em exercícios recentes.

Embora o PIB da construção civil, segundo o Instituto Brasileiro de Economia e Estatística (IBGE), caminhe para desaceleração este ano, o incremento visto em exercícios anteriores fez com que a demanda pelas caixas d’água de polietileno de média densidade linear (PEMDL) da Acqualimp crescesse em todo país. Além do desempenho do setor como um todo, contribuiu para a expansão das vendas a maior aceitação do produto rotomoldado, que escanteou rivais metálicos, de termofixo ou PVC. “A rotomoldagem se estabeleceu como padrão na indústria e estimamos que 95% do mercado sejam de caixas d’água com essa composição”, estabelece Vinícius Ramos, diretor de varejo da empresa. Segundo ele, fabricantes que utilizavam outras matérias-primas adotaram PE por questões de custo e eficiência. “A trajetória dessa participação deve ser ainda maior nos próximos anos”, ele antevê.
A percepção do consumidor com relação à saúde e procura por itens de maior valor agregado, como caixas d’água com tampa fechada, foram propulsores adicionais da expansão. “De 2010 a 2014, crescemos 27,2% anualmente em nosso mercado”, situa Ramos. Contribuíram ainda para o resultado a estrutura moderna e eficiente da produção, bem como forte trabalho de merchandising no ponto de venda, ele atribui.
Recente inovação da Acqualimp em caixas d’água foi a adoção da tecnologia multicamada, conferindo maior proteção ao líquido armazenado e protegendo-o de raios UV. Ofertado na cor branca, o  reservatório  facilita ainda a visualização do conteúdo e higienização periódica, explica o diretor. Outra novidade nesse portfólio: o revestimento interno antibacteriano que evita a formação de impurezas e proliferação de microorganismos nas paredes do recipiente.
Para o próximo ano, Ramos antecipa avanço acima do PIB do reduto de reservatórios de água. A expectativa da empresa, aliás, é crescer ainda mais que o setor via ampliação da participação de mercado. Para tanto, a Acqualimp tem engatilhados projetos de expansão da capacidade produtiva em suas unidades fabris de Maracanaú (CE) e Extrema (MG). “As plantas também receberão aportes para aumento de eficiência dos processos”, ele conclui.
Por seu turno, a comercialização de cisternas rotomoldadas da empresa foi impulsionada pelo fornecimento para o programa Água para Todos (ATP) do governo federal. Segundo previsão do Ministério da Integração Nacional, serão instaladas no país 300.000 cisternas entre 2011 e 2014. A Acqualimp, assinala o diretor de infraestrutura Fabiano Gonçalves, entregou até agosto deste ano 220.000 unidades rotomoldadas. Para suprir essa demanda, a transformadora inaugurou, entre janeiro de 2012 e julho de 2013, unidades fabris em Teresina (PI), Petrolina (PE), Penedo (AL), Montes Claros (MG), Maracanaú, Simões Filho (BA) e Palmas (TO). A sede está localizada em Extrema (PE), mas ali a produção é 100% voltada ao varejo, ele esclarece.
Por sua elasticidade, PEMDL impede o surgimento de trincas ou fissuras nos tanques. “O uso da resina previne ainda vazamentos e, assim, a contaminação por outros líquidos e resíduos sólidos”, destaca o executivo, acrescentando que a cisterna rotomoldada tem vida útil de mais de 35 anos. Com a chegada desse artefato ao semiárido, ele encaixa, as famílias reaprenderam a importância de armazenar a água da chuva e, por isso, se preparam melhor para os períodos de seca. “Hoje, elas contam com um reservatório com capacidade de 16.000 litros de água na porta de casa, garantindo abastecimento de nove meses para até cinco pessoas”, situa o executivo. A empresa também criou um número telefônico de atendimento direto e gratuito aos sertanejos inclusos no programa governamental. Com isso, os beneficiários têm assistência rápida e podem solicitar até mesmo a troca da cisterna, cuja garantia para defeitos de fabricação chega a cinco anos, completa Gonçalves.
Além de continuar a atender a essa demanda no semiárido, o diretor projeta para 2015 o avanço de outras soluções para armazenamento e tratamento de água. À parte das caixas d’água e cisternas, a Acqualimp fornece biodigestores e tanques para grandes volumes, fossas sépticas e produtos que melhoram a qualidade do abastecimento, incluindo bombas, filtros e purificadores. A empresa, controlada do grupo mexicano Rotoplas, não abre sua capacidade produtiva nem montantes envolvidos nas expansões projetadas.

 

Engenharia sintética
As resinas que são pau para toda obra
Tubos de PEAD: Braskem introduz grades mais resistentes ao crescimento lento de fissuras.
Tubos de PEAD: Braskem introduz grades mais resistentes ao crescimento lento de fissuras.

PVC é, por excelência, irmão siamês da construção civil, mas as poliolefinas também sentem-se cada vez mais em casa  no setor. O avanço transcorre às custas da substituição de materiais como concreto, ferro fundido, madeira, borrachas e compósitos com lã de vidro e de rocha, enumeram Antônio Rodolfo, Mônica Evangelista e Jorge Alexandre, especialistas em desenvolvimento de mercado de PVC, PP e PE, respectivamente, da Braskem.

PVC
Empoleirado na tendência de construções sustentáveis, o sistema concreto-PVC e telhas de vinil são exemplos à mão de como o plástico se entrosa com o meio ambiente, assinala Rodolfo. “As soluções proporcionam consumo menor de material e geram menos resíduos, diminuindo ainda o desperdício nas construções”, ele observa. Por ser mais leve que as demais concorrentes, sustenta o expert, a telha de PVC requer, em decorrência, estruturas de sustentação de menor peso. Essa característica minimiza o impacto ambiental, ele assinala, considerando o ciclo de vida completo, da produção ao descarte.
Outro predicado do vinil é sua reciclabilidade, avalia Rodolfo. Além disso, em muitos casos o uso de pintura e colas é dispensável, como em janelas e tubos de PVC, diminuindo assim a emissão de compostos orgânicos voláteis. “Artefatos plásticos ainda contribuem para o atendimento da Norma de Desempenho de Edificações (NBR 15575) nos quesitos de conforto acústico, térmico e de resistência ao fogo”, ilustra o expert da Braskem.
Apesar da presença por ora ultra discreta do vinil em telhados no Brasil, Rodolfo enxerga boas perspectivas para a aplicação. “O produto está no mercado desde 2011. Se considerarmos que, na ocasião, tínhamos 0% de participação e agora atingimos 1%, o avanço é expressivo”. Para ele, a telha de vinil substitui de forma eficiente o tipo de cimento e areia (concreto) e, com o tempo necessário para o produto entranhar-se na cultura do mercado, irá ganhar competitividade. Nesse nicho, complementa Rodolfo, enquanto a telha de PVC é utilizada de forma geral em coberturas, a de PP é usada para clareamento de ambientes via luz natural. Portanto, a comparação direta entre elas não procede.
No segmento de instalações prediais para água quente,  PVC clorado (CPVC), apto a resistir a temperaturas elevadas, oferece diversas vantagens, comenta o analista da petroquímica. “Um tubo de CPVC é instalado da mesma forma que o destinado à água fria”, ele acentua. Além do mais, nota Rodolfo, enquanto algumas alternativas exigem materiais adicionais, como conexões e adesivos, CPVC não requer ferramentas diferenciadas, tornando os artefatos competitivos, práticos e econômicos.
Carro-chefe mundial do vinil, a indústria brasileira de  tubos e conexões desse polímero, calcula Rodolfo, absorveu  520.000 toneladas de PVC no ano passado. “Com a desaceleração da construção civil, a estimativa é de redução alinhada à tendência geral no segmento”, Rodolfo completa.

PE
Aplicações de polietileno de alta densidade (PEAD) na construção civil e infraestrutura travam batalhas para se firmarem como opções viáveis e competitivas. É o caso da oferta de tubos corrugados de grandes diâmetros, cuja presença é ainda incipiente no Brasil. Por ser recente, o produto e seus fabricantes estão se adaptando ao mercado local, justifica Jorge Alexandre, especialista da Braskem. Por conservadorismo, ele atribui, construtoras e projetistas não fazem cálculos completos por metro de tubo instalado e analisam apenas o preço do insumo. Por isso, PEAD acaba perdendo a briga, lamenta o executivo. “Quando considerada a montagem total e finalizada, na maioria das situações tubos de PEAD são mais competitivos pela velocidade e facilidade de instalação, bem como pela menor rugosidade”, ele compara. Mesmo assim, devido à atuação intensa dos produtores e maior demanda, o reduto de tubos de PEAD corrugados para grandes diâmetros aumenta mês a mês, ele afiança.
Tubos de PEAD também sobressaem pela vida útil, insere Alexandre, brandindo avais regulatórios nesse sentido. Ele também enaltece a resistência mecânica e química desses tubos, diferenciando-os dos tipos de concreto utilizados em instalações de saneamento e condução de águas pluviais. Os mesmos dutos  firmaram-se como  solução para recuperação de tubulações metálicas antigas. O processo transcorre via inserção do duto plástico pelo método não destrutivo chamado relining. Para garantir bom desempenho na aplicação, é necessário que o material tenha elevada resistência a riscos superficiais, comenta o porta-voz da Braskem. No mix da empresa consta a recente incorporação de grades possuidores de resistência ao crescimento lento de fissuras (slow crack growth) acima de 4.000 horas, mais alto do que o padrão requerido por normas que regem o segmento, da ordem de 500 horas. Tubos extrusados com essas novas resinas, sustenta Alexandre, podem durar por um século.
Outro flanco de avanço do PE na construção civil é o de mantas acústicas, usuárias da resina expandida. Para essa aplicação, propriedades específicas, como espessura, densidade da espuma e tamanho das células demandam extremo controle, coloca Alexandre. Ele também realça como crucial a performance das mantas na  medição  que estabelece  o quanto o material absorve de som quando instalado no piso, enquanto avaliações de rigidez e fluência checam a capacidade da espuma para conservar sua estrutura ao longo do tempo.
Para o florescente segmento de cisternas rotomoldadas de grande volume (ver à pág. 42), a Braskem desenvolveu o grade de PE HD4600U, à base de comonômero hexeno, com aditivação anti UV e módulo de elasticidade, detalha Alexandre. Por seu turno, ele acrescenta, poços de visita de PEAD, também rotomoldados, têm sido empregados de forma mais intensa por conta de características de durabilidade, estanqueidade e rapidez e facilidade na instalação. Exemplos de uso desses poços, indica, estão em obras de saneamento em Uruguaiana (RS), bem como em cidades do Tocantins e Pará e na região metropolitana do Recife (PE).

PP
Geotêxteis já figuram como troféu pendurado no salão de conquistas de PP, mas o polímero tem muito chão pela frente na construção civil, avalia a especialista da Braskem Mônica Evangelista. PP é usado em aplicações vulneráveis ao ataque químico do concreto ou chorume em aterros sanitários, ou mesmo em lagoas para tratamento de efluentes em minerações, ela explica. Contudo, compara Mônica, enquanto no mundo 90% do mercado de geotêxteis são de PP, no Brasil a fatia não passa de 10%. O restante fica a cargo de PET reciclado. “A utilização de material recuperado é questionável em função da exigência do geotêxtil versus a durabilidade que os projetos exigem”. Por isso, o risco de haver um passivo ambiental é real e a resina virgem, logo, torna-se a opção mais segura, ela complementa.
Aos olhos da expert, PP começa a ser usado em lajes para substituição de concreto sem função estrutural. Trata-se de um sistema construtivo inovador, esclarece Mônica, que consiste em inserir esferas sopradas de PP uniformemente espaçadas entre duas telas metálicas soldadas na laje de concreto. A solução permite a criação de layouts flexíveis, que se adaptam a arquiteturas curvas, irregulares, com balanços e rebaixos. Redução de custos e de peso (em 35% versus uma laje maciça), bem como de escoramento (em 60%), estão no rol de benefícios. O sistema foi usado na construção do Centro Administrativo do Distrito Federal e em obras no edifício garagem do Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro.
Outro campo fértil para PP na construção: micro e macrofibras adicionadas à mistura com cimento. Além de marcar por forte crescimento nos últimos cinco anos em telhas de fibrocimento, o uso da microfibra se intensificou em túneis para obras de transporte subterrâneo em São Paulo, aponta Mônica. Nesse último caso, as fibras de PP inibem o lascamento explosivo do concreto em caso de incêndio. A aplicação de cimento com microfibras, além do mais, está se consolidando em pisos, pois evita retração e fissuras no produto, ela insere.
Já na área das macrofibras, o potencial de expansão é ainda maior, pondera a especialista da Braskem. Citando dados da Associação Nacional de Pisos e Revestimentos de Alto Desempenho (Anapre), Mônica informa que a produção de piso industrial bate 42 milhões de m²/ano. Assim, considerando uma participação de 10% da macrofibra de PP nesse reduto, o volume requerido seria de 2.200 t/a, ela calcula. Embora hoje o mercado brasileiro seja principalmente servido por importações de macrofibra, a analista vislumbra ascendente produção local de qualidade para atender a um expressivo aumento de consumo.

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CPVC: o quente da água

Facilidade de instalação é um ás de ouros na manga dos tubos de PVC clorado (CPVC), informa Moacyr Rosa Jr., diretor técnico da  Kaneka South America,  representação no Brasil da indústria química americana Kaneka. Alternativas a exemplo de  polietileno reticulado  e polipropileno random , ele pondera, requerem  ferramentas especiais e equipamentos para solda, nem sempre acessíveis ao usuário individual. “Por isso, CPVC é a principal opção disponível em tubos, seja em  pequenas lojas  a grandes varejistas de materiais de construção”, sublinha o agente, ressaltando que o tubo de CPVC pode ser soldado da mesma forma que o de vinil convencional. No embalo, o especialista empunha a durabilidade e propriedades mecânicas do vinil clorado. “Se o tubo falha, os custos de reparo e transtornos causados na moradia  são muito altos”, ele lembra. No país, fecha Rosa Jr., CPVC é usado em tubos e conexões prediais para água quente e em instalações industriais, além de ter lugar em sistemas de proteção contra incêndio.

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Materiais nobres
Com as exigências da construção civil em uma crescente no país, o uso de materiais nobres ganha evidência no setor. A Arkema, por exemplo, traz ao Brasil a tecnologia Kynar PVDF (polivinilideno fluorado) para coextrusão sobre telha de PVC. “O objetivo é proporcionar resistência superior à radiação UV a um produto de menor custo, mantendo as propriedades mecânicas e estéticas e, assim, estendendo sua vida útil”, estabelece Fábio Paganini, gerente de desenvolvimento e vendas de plásticos de engenharia da base no Brasil do grupo francês. Em suma, a camada de Kynar PVDF protege o vinil da telha evitando microtrincas e a consequente absorção de umidade. “A resina ajuda a conservar a cor e brilho originais, mantendo a telha com característica de baixa sujidade”, ele acrescenta. De acordo com Paganini, a Arkema está em fase final de desenvolvimento junto a transformadores no Brasil e o produto tem grandes chances de estourar por aqui devido a sua boa relação custo-benefício.
A Arkema também está de olho nas tendências da construção sustentável. Com a redução do aquecimento do teto, proporcionada por meio da resina Kynar Aquatec, é possível diminuir a temperatura interna do ambiente. A resina fluorada de base água, elucida Paganini, apresenta refletância solar (TSR) superior a 0,82% e se mantém inalterada por pelo menos dez anos. A tecnologia se enquadra no conceito cool roofing (telhado frio), já em ascensão no Brasil, para diminuir a temperatura de forros diretamente expostos à luz solar. “A refletância máxima é obtida com a cor branca”, ilustra o executivo. A tinta à base de Kynar Aquatec pode ser aplicada diretamente sobre o forro usando spray coating e é compatível com diversos substratos, incluindo alvenaria, cimento, metal, madeira e plásticos. Concorrentes nesse meio, nota Paganini, são outras tintas de base acrílica. “Elas são mais baratas, mas têm vida útil menor”, ele compara.
Por seu turno,  chapas de policarbonato (PC) Lexan fornecidas pela Sabic Innovative Plastics estão cada vez mais presentes em construções no Brasil. O produto, comenta o gerente geral para América do Sul do grupo saudita Ricardo Knecht, é encontrado em revestimentos, interiores arquitetônicos, paredes divisórias, coberturas acetinadas de edifícios comerciais, residenciais e estádios, bem como em estufas, solários e varandas e em estruturas de estações ferroviárias e aeroportos. “A chapa Lexan Thermoclick está se tornando muito conhecida por arquitetos no país. Ela é usada em revestimentos e fachadas em projetos que exijam leveza e, ao mesmo tempo, resistência, atributos estéticos e facilidade de instalação”, detalha.
Destaque no exterior que ainda não estreou por aqui são os painéis fotovoltaicos integrados Lexan BIPV, utilizados na fabricação de artefatos como telhas, claraboias e fachadas. “O produto combina chapa de PC durável, leve e transparente com células fotovoltaicas cristalinas e flexíveis”, acrescenta Knecht. Segundo ele, esses painéis, fornecidos em uma ampla variedade de configurações e cores, são uma solução integrada que oferece isolamento térmico, flexibilidade de design, gerenciamento de luminosidade e produção de energia. No âmbito dos projetos sustentáveis, Knecht põe em foco a chapa Lexan Thermoclear, material de PC multicamada que melhora a eficiência energética e reduz emissões de gases de efeito estufa com menor peso e maior vida útil.
Entre as estrelas do portfólio Sabic que atendem à construção civil aparece ainda o copolímero Lexan SLX, fornecido nas versões transparente, fumê e opaca, com resistência superior a raios UV. A resina opaca, assevera Knecht, mostra retenção de cor e brilho combinada a menor amarelecimento, enquanto a do tipo transparente apresenta diminuição no esbranquiçamento e melhor estabilidade de cor após exposição a raios solares. •

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