Na ponta do lápis, o resultado conseguido mal passa de um leve respiro, mas sob o prisma do rearranjo da petroquímica mundial, configura um movimento racional no tabuleiro. No consenso dos analistas, é esta a impressão instaurada pelos anúncios verberados na primeira metade de abril e referentes ao fechamento de um cracker de eteno da ExxonMobil na França e dois da Sabic na Holanda, relata artigo no site de Chemical Week. Os três crackers totalizam potencial produtivo de 950.000 t/a e ressaltam o imperativo de a Europa reduzir sua capacidade de olefinas, posta contra as cordas por suas economias anêmicas; falta de competitividade determinada por seus custos de energia, salgados pela guerra na Ucrânia, e de nafta, a rota petroquímica mais cara existente e dominante no continente. Essas lacunas na competitividade levam a pior ao colidirem com o barato gás natural dos EUA e Oriente Médio e com a descomunal expansão, também baseada em nafta, da capacidade chinesa de eteno, ampliada com intensidade incrementada desde 2020, sob a primeira onda da pandemia.
A subtração de 950.000 t/a de eteno europeu, projeta Michael Liesfeldt, analista da consultoria S&P Global Commodity Insights, incide em 4% do petroquímico básico disponível no continente e reduz em 14% a capacidade local do insumo. Noves fora, a Europa rodará assim com índice médio de 80% ocupação do seu potencial de eteno e para operar a 90% precisaria cortar, até 2026, mais um milhão de t/a dos crackers base nafta locais. Seria um esforço meritório, mas não resolve o enrosco do excedente mundial. Pois Liesfeldt calcula que 23 milhões de t/a de eteno serão acrescentadas à capacidade via nafta da China até 2030. Em contraponto, a SEP situa a participação da Europa na demanda mundial de 16,5% em 2010 e caiu para 9,9% em 2023. Hoje em dia, retoma o fio o analista, rodam na Europa 51 crackers de eteno com capacidade média de 500.000 t/a, abaixo do atual padrão global de 2 milhões de t/a para crackers de etano e de 1.2 milhão para eteno pela rota nafta. Liesfeldt nota que alguns crackers europeus mudaram da nafta para eteno importado dos EUA e há aqueles que podem passar a operar com gás natural liquefeito. Para quem dispõe de crackers flexíveis na Europa, ele julga, alimentá-los com etano importado é a melhor opção para melhorar a competitividade em custos.