EUA: oposição pública a novas plantas na petroquímica e reciclagem

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No século passado, quando as associações à cor verde não iam além daquele time que até hoje não é campeão mundial, anúncio de investimento na petroquímica despertava júbilo nacional como prova de que o país andava para frente. Corte para hoje: falta pouco para, daqui por diante, os empreendedores no setor arregimentarem diplomatas de carreira para amaciar os nervos e conter a aversão popular a seus projetos, vistos como atentados ao meio ambiente.

Sinais dessa rejeição crescente foram vislumbrados em 15 de setembro, quando a Justiça do estado norte-americano da Louisiana voltou atrás na permissão para o conglomerado Formosa Plastics Group erguer, no município de St. James, o complexo via gás denominado Sunshine. Orçado em 9,4 bilhões, ele compreenderia duas fases. Na primeira, formariam um cracker de etano de 1.2 milhão de t/a; duas plantas de 400.000 t/a para, respectivamente, PEAD e PEBDL; uma unidade de 800.000 t/a de etileno glicol; uma fábrica de 600.000 t/a para hidrogenação de propano e outra, da mesma capacidade, para PP. Na segunda fase, entrariam em cena outro cracker de etano, outra unidade de etileno glicol e outras duas plantas de PEAD e PEBDL todos do mesmo porte das idealizadas para a primeira fase.

A propósito, esse movimento da Formosa em PE colide com uma facção de analistas que sustenta inexistir, até segunda ordem, condições para viabilizar economicamente mais expansões na inchada capacidade norte-americana da resina, efeito da União Europeia aos pés do gás russo; China baixando crescimento a meio pau e as taxas de juros recordes nos EUA para domar a inflação pelo mata leão no consumo. Retomando o fio, o sol se pôs para o projeto Sunshine quando a luz verde legal para o investimento foi contestada, com forte apoio da população local, pelas entidades The Louisiana Bucket Brigade, The Sierra Club, The Center of Biological Diversity, Healthy Gulf, Easthworks, No Waste Louisiana e Rise St. James. O grupo teve acatada pela corte estadual, sua argumentação de que o empreendimento ameaçava o meio ambiente e a saúde da população economicamente vulnerável alojada na área do bilionário projeto.

Até a postagem desta matéria, a Formosa não comentou a decisão que determina a busca de outro local cuja população não associe seus planos de investimento a uma heresia ambientalista.

Outras recentes demonstrações nos EUA de que a cadeia plástica terá de suar sangue para convencer o público da sua afinidade com a sustentabilidade espocaram antes da bola preta para o projeto Sunshine da Formosa.

A oposição de contribuintes aliados da proteção ambiental forçou a empresa Brightmark Energy cancelar a construção de usina de reciclagem por pirólise em Macon, no estado da Georgia. Por sua vez, a companhia PureCycle Technologies enfrenta repúdio da população de Orlando, na Flórida, à sua intenção de investir ali numa recicladora de PP, aliás um impasse que periga descambar, como ocorreu com o complexo da Formosa, em desgastante confronto nos tribunais.

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