EUA: inflação descontrolada castiga transformação de plástico
Em 12 meses, a inflação acumulada em junho último totalizou 11,89% no Brasil mas, dessa vez, a erosão do poder aquisitivo e a piora do custo de vida não são, como nas tablitas, overnights e puxadinhos econômicos do passado, coisas estritamente nossas. Dessa vez e à parte as vulnerabilidades do Brasil, o colapso dos mercados é mundial, resultado dos repiques da pandemia, desorganização das cadeias de suprimento, recuperação desnivelada da oferta de bens e, cereja amarga no bolo, a guerra na Ucrânia catapultando desde fevereiro os preços do petróleo, energia e alimentos. Bancos centrais reagiram ao pandemônio jogando uma dinheirama de helicóptero na economia global para deter a estagflação covidiana, mas aí os preços surtaram e eles mandaram ver nos juros para amainar o temor geral de recessão.
Essa montanha-russa (vale o duplo sentido) explica a inflação acumulada em maio último de 8,6% nos Estados Unidos, gerando um desnorteamento em boa parte inédito para o setor plástico norte-americano. Fala por si uma declaração dada ao site Plastics Today por Daniel Slavin, CEO da sexagenária termoformadora de médio porte e controle familiar Dordan Manufacturing, voltada para aplicações sob encomenda tipo caixas de seringas.
Perguntado sobre o impacto da inflação em seu negócio, Slavin chutou o balde. “É uma onda de frustração que nunca vivi em 45 anos de vida como transformador. Somos informados do preço das matérias-primas pelo fornecedor, mandamos a ordem de compra e recebemos a confirmação do custo. Uma semana depois vem o aviso de aumento de preço e mais outro na semana seguinte e por aí vai. Se temos um novo projeto, a construção do protótipo leva em média duas semanas e mais três para confecção do molde. Quando estamos prontos para despachar os produtos encomendados, esses preços já subiram 500%. Fica duríssimo gerenciar a estrutura de custos com preços dos materiais imprevisíveis e inconsistentes”.
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