Exasperador para a militância verde, o apoio irrestrito à exploração de petróleo e gás figura entre os compromissos assumidos em campanha por Trump para voltar à Casa Branca. Surda à grita ambientalista contra fontes fósseis, a promessa fortalece um momento de enlevo da indústria petrolífera nos EUA, mega doadora da campanha do presidente eleito, com afagos no negócio de etano, insumo extraído do gás natural e usos as exemplo de matéria-prima para eteno e termoplásticos. Rastreio da agência governamental Energy Information Administration (EIA), divulgado por matéria em 13/11 no site da consultoria Icis, projeta a crescente produção americana de etano em 2.74 milhões de barris/dia em 2025.
Como o avanço do consumo petroquímico de etano perde, no país, para a intensidade do constante aumento da produção deste gás, os EUA terão de exportar o excedente. Um cliente permanente será a produtora mexicana de eteno/PEAD/PEBD Braskem Idesa, até hoje penalizada por insuficiente suprimento doméstico de etano. Para tirar essa pedra do caminho, a empresa inaugura em 2025 um etanoduto de 10 km integrado a um terminal marítimo orçado em US$ 450 milhões e de construção iniciada em 2022. Terá capacidade para armazenar 100.000 m do gás liquefeito americano, despachado do Golfo do México, e para bombear 80.000 barris/dia para o complexo da Braskem Idesa, com, potencial para materializar 1.05 milhão de t/a de eteno.
O etano sobrante nos EUA também será canalizado para a produção de eteno exportado para regiões onde as petroquímicas carecem de matéria-prima competitiva para seguir na ativa, caso das plantas dependentes da rota da nafta. Esse imperativo traduz uma oportunidade de negócio: a ampliação da infra logística no Golfo dos EUA para embarque de eteno. Exemplo nesse sentido é o aumento, até o final deste ano, de 1 milhão para 1.5 milhão de t/a, na capacidade para exportar eteno (ou etano) do terminal em Morgan Point, Texas, controlado pelas empresas Navigator Gas e Enterprise Products. Outro projeto em andamento deve elevar o potencial de remessas de eteno para 3 milhões de t/a no mesmo site até o final de 2025. Entre os mercados na mira, sobressai a petroquímica europeia, vergada pela energia cara, uma inviabilidade econômica que deve resultar em mais crackers fechados no continente, além dos já anunciados este ano por ExxonMobil, Sabic e Versalis. Levantamento da Icis constata que a maior parte dos crackers europeus opera pela via nafta e produz abaixo de 700.000 t/a de eteno, escala hoje tida como não competitiva.