Após meses de queda de braço com um batalhão de entidades ambientalistas, a transformadora indiana SRI CV Plastics conseguiu da Agência de Desenvolvimento Industrial de Lockport, no estado norte-americano de Nova York, sinal ironicamente verde para seu projeto de construir uma fábrica no município. Investimento orçado em US$ 3.34 milhões, a unidade deverá ocupar dois acres (cerca de 8 km²) numa zona industrial e a construção começa em 2024, informa o o jornal Plastics News.
A notícia do empreendimento perde a trivialidade embutida em seu porte discreto se considerada a odisseia cumprida pela SRI para conseguir o passe livre da Agência de Desenvolvimento Industrial. O plano inicial da transformadora sediada em Perundurai, sul da Índia, era erguer em Lockport uma fábrica de tubos de PVC, A intenção esbraseou a ira de ativistas ambientalistas, materializada num toró de reclamações à agência, contra a proposta de uma planta usuária de um insumo cancerígeno, o monômero de vinila, argumento há décadas notório como tecnicamente infundado. O som e a fúria dos opositores ao projeto galgaram os píncaros quando eles ficaram cientes de que, para colocar a unidade em campo, a SRI solicitava US$ 600.000 em subsídios de cunho estadual e municipal.
O clamor dos protestos convenceu a SRI a dar para trás. encostando a ideia de extrusar tubos vinílicos e cortando pela metade seu pedido à Agência de Desenvolvimento Industrial de financiar um naco da obra com dinheiro do contribuinte. A emenda do recuo resultou pior que o soneto. Ainda esperançosa de ter sua planta trasnformadora em Lockport, a empresa indiana voltou à carga propondo à agência a construção de uma fábrica de descartáveis, potes de alimentos e utilidades domésticas moldados com poliolefinas virgens e recicladas e PS. Aí foi a gota d’água. Segundo Plastics News, 43 grupos ambientalistas tornaram a lotar a caixa de entrada de e-mails da autarquia de Lockport com berreiro contra a possibilidade de o município respaldar uma fábrica dos repudiados produtos plásticos de uso único e, ainda por cima, pretendendo empregar PS, resina proibida em 2022 pelo estado de Nova York para uso em recipientes tipo potes e demais embalagens rígidas de alimentos. Onde já se viu, bramiam os missivistas, uma autorização dada pelo município passar por cima da lei estadual no sentido oposto?
Em 12 de outubro último e sem esclarecimentos à mídia e aos ativistas, a SRI teve seu tão rejeitado pleito aprovado por 4 a 2 na votação pelos diretores da Agência de Desenvolvimento Industrial. Com direito a benefícios fiscais, incentivos gerais, brindes e charutos.